Cinefilia 11: Oscar 2011: Sobre a Cerimônia!

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
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Ontem a noite (e hoje durante a madrugada), dias 27 e 28/02/11, aconteceu a 83ª cerimônia do Oscar. E venho neste post, novamente como ano passado, comentar os ganhadores e a festa em si.

Devo admitir que este ano a produção da cerimônia me surpreendeu. A festa própriamente dita foi maravilhosa, bem produzida, magistralmente conduzida pela excepcional dupla James Franco e Anne Hathaway, que muitos achavam que não iria dar certo. Tudo foi muito emocionante, e bem realizado, números musicais fantásticos, vale ressaltar a impecável apresentação de uma orquestra tocando a música tema de "Star Wars", composta por John Williams. As homenagens póstumas também foram lindas. Além de tudo, os produtores provaram que possuem uma criatividade estupenda ao inserir, logo no início da festa, um vídeo bem humorado, para apresentar os principais filmes da noite, onde o casal de apresentadores entra e sai de um filme a outro.

Mas não posso dizer que a cerimônia foi irretocável devido aos ganhadores de algumas categorias. Muitos, muitos filmes foram injustiçados. Basta dizer que "A Origem" perdeu o prêmio de roteiro original para "O Discurso do Rei" (WTF?!). David Fincher perdeu o Oscar de melhor diretor para Tom Hooper! E, a decepção esperada da noite, "Cisne Negro" ou "A Rede Social" perderam o Oscar de melhor filme para, adivinhem.... "O Discurso do Rei". Não que esta produção britânica seja ruim, pelo contrário é um filme muito bom, mas comparado ao filme de Darren Aronofsky e o de David Fincher, o rei gago fica longe de merecer o prêmio!

Aliás, ao fazer a contabilidade do meu número de acertos nas apostas ao Oscar, constatei que, das 24 categorias, acertei 12! Ou seja, 50% de acertos, 50% de erros. Pura coincidência!

Cinefilia 10: Oscar 2011: As Apostas!

domingo, 27 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários


Como ano passado, venho neste post fazer as minhas apostas para o Oscar 2011, que ocorrerá esta noite (27/02/11) às 22:00, horário de Brasília.

Todos os filmes indicados que assisti possuem uma crítica aqui no C de Cinema, e possuem também um link no nome do seu respectivo filme. Este ano, de todos os indicados a curta-metragem de animação, só consegui assistir a dois: "Dia e Noite" e "The Gruffalo", e estes curtas são exceções e não possuem críticas neste blog.

Notem que abaixo da lista de indicados de cada categoria, irão aparecer duas frases: Minha Aposta e Meu Voto Iria Para. Como os próprios títulos sugerem, Minha Aposta significa que, analisando pela lógica, os históricos dos artistas envolvidos e das premiações anteriores, darei meu palpite levando em conta quem eu acho que irá ganhar. Já em Meu Voto Iria Para, significa o filme que eu gostaria que ganhasse, mesmo que ele não tenha a menor chance de levar o prêmio em determinada categoria.

Vamos as apostas:


Minha Aposta: "O Discurso do Rei"

Meu Voto Iria Para: "Cisne Negro"

MELHOR DIRETOR:

Darren Aronofsky ("Cisne Negro")
David Fincher ("A Rede Social")
Tom Hooper ("O Discurso do Rei")
Irmãos Coen ("Bravura Indômita")
David O'Russell ("O Vencedor")

Minha Aposta: David Fincher

Meu Voto Iria Para: David Fincher

MELHOR ATOR:

Javier Bardem (
"Biutiful")
Jeff Bridges ("Bravura Indômita")
Jesse Eisenberg ("A Rede Social")
Colin Firth ("O Discurso do Rei")
James Franco ("127 Horas")

Minha Aposta: Colin Firth

Meu Voto Iria Para: Colin Firth

MELHOR ATRIZ:

Nicole Kidman ("Reencontrando a Felicidade")
Natalie Portman ("Cisne Negro")
Jennifer Lawrence ("Inverno da Alma")
Annete Bennig ("Minhas Mães e Meu Pai")
Michelle Williams ("Blue Valentine")

Minha Aposta: Natalie Portman

Meu Voto Iria Para: Natalie Portman

MELHOR ATOR COADJUVANTE:

Christian Bale ("O Vencedor")

Geoffrey Rush ("O Discurso do Rei")
Mark Ruffalo ("Minhas Mães e Meu Pai")
Jeremy Renner ("Atração Perigosa")
John Hawkes ("Inverno da Alma")

Minha Aposta: Christian Bale

Meu Voto Iria Para: Christian Bale

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:

Melissa Leo ("O Vencedor")
Helena Boham Carter ("O Discurso do Rei")
Hailee Steinfeld ("Bravura Indômita")
Amy Adams ("O Vencedor")
Jacki Waver ("Reino Animal")

Minha Aposta: Melissa Leo (Helena Boham Carter e Hailee Steinfield também possuem boas chances de levar o prêmio).

Meu Voto Iria Para: Melissa Leo


Minha Aposta: "A Origem"

Meu Voto Iria Para: "A Origem"


Minha Aposta: "A Rede Social"

Meu Voto Iria Para: "A Rede Social"

MELHOR ANIMAÇÃO:

"Toy Story 3"
"Como Treinar Seu Dragão"
"O Mágico"

Minha Aposta: "Toy Story 3"

Meu Voto Iria Para: "Toy Story 3"


Minha Aposta: "O Discurso do Rei"

Meu Voto Iria Para: "Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1"


Minha Aposta: "Bravura Indômita"

Meu Voto Iria Para: "Cisne Negro"

MELHOR DOCUMENTÁRIO:

"Exit Throght the Gift Shop"
"Gasland"
"Trabalho Interno"
"Restrepo"
"Lixo Extraordinário"

Minha Aposta: "Exit Throght the Gift Shop"

Meu Voto Iria Para: "Lixo Extraordinário" (embora ainda não o tenha assistido, estou torcendo para que ganhe).

MELHOR FILME ESTRANGEIRO:

"Biutiful" (México)
"Dente Canino" (Grécia)
"Em um Mundo Melhor" (Dinamarca)
"Incendies" (Canadá)
"Outside the Law (Hors-la-loi)" (Argélia)

Minha Aposta: "Biutiful"

Meu Voto Iria Para: "Dente Canino"

MELHOR TRILHA SONORA:

"Como Treinar seu Dragão" - John Powell
"A Origem" - Hans Zimmer
"O Discurso do Rei" - Alexandre Desplat
"127 Horas" - A.R. Rahman
"A Rede Social" - Trent Reznor e Atticus Ross

Minha Aposta: "A Origem" - Hans Zimmer (outro forte concorrente é Alexandre Desplat, por "O Discurso do Rei")

Meu Voto Iria Para: "A Origem" - Hans Zimmer

MELHOR MAQUIAGEM:

"Minha Versão do Amor"
"The Way Black"

"O Lobisomem"

Minha Aposta: "O Lobisomem"

Meu Voto Iria Para: "O Lobisomem"


Minha Aposta: "127 Horas"

Meu Voto Iria Para: "127 Horas"

MELHOR FIGURINO:

"Alice no País das Maravilhas"
"Io Sono L'amore"
"O Discurso do Rei"
"The Tempest"
"Bravura Indômita"

Minha Aposta: "Bravura Indômita"

Meu Voto Iria Para: "O Discurso do Rei"

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL:

Coming Home (
"Country Song")
I See the Light (
"Enrolados")
If I Rise ("127 Horas")
We Belong Together ("Toy Story 3")

Minha Aposta: We Belong Together

Meu Voto Iria Para: Coming Home


Minha Aposta: "A Origem"

Meu Voto Iria Para: "A Origem"

MELHOR EDIÇÃO DE SOM:

"A Origem"
"Toy Story 3"
"Tron - O Legado"
"Bravura Indômita"
"Incontrolável"

Minha Aposta: "A Origem"

Meu Voto Iria Para: "A Origem"


Minha Aposta: "Bravura Indômita"

Meu Voto Iria Para: "O Discurso do Rei"

MELHOR CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO:

"Killing in The Name"
"Poster Girl"
"Strangers no More"
"Sun Come Up"
"The Warriors of Qiugang"

Minha Aposta: "Strangers no More" (chute)

Meu Voto Iria Para: "Strangers no More" (chute)

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO:

"Day & Night"
"The Gruffalo"
"Let's Pollute"
"The Lost Thing"
"Madagascar Carnet the Voyage"

Minha Aposta: "Day & Night"

Meu Voto Iria Para: "Day & Night" (embora "The Gruffalo" seja um curta divertidíssimo e muito recomendado).

MELHOR CURTA-METRAGEM:

"The Confession"
"The Crush"
"God of Love"
"Na Wewe"
"Wish 143"

Minha Aposta: "Wish 143" (chute)

Meu Voto Iria Para: "Wish 143" (chute)

Até o próximo post!

305. Fora da Lei

sábado, 26 de fevereiro de 2011
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A Argélia foi, durante muitos anos, subordinada a França. Durante estes anos, incessantes revoltas e lutas armadas contra a França se estabeleceram, e é este período que é retratado por "Fora da Lei", filme argélio, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Dos cinco indicados a esta categoria, assisti somente dois: "Dente Canino" e "Fora da Lei". Confesso que não possuía interesse nenhum nesta produção, e por isso acabei até me surpreendendo (embora o filme seja mediano). Elementos da trilogia "O Poderoso Chefão" são constantes no decorrer da trama, principalmente nas cenas de morte, por explosões, tiros e estrangulamentos. Mas, em detrimento deste ponto positivo, temos um filme que, de modo geral, é muito longo. São 132 minutos para narrar uma história de revolução, o que não teria problema, mas com um roteiro que muitas vezes se revela repetitivo, "Fora da Lei" deveria ter, no máximo 105 minutos, mais ou menos meia hora a menos que sua duração. E os problemas continuam ainda no elenco, constituído em maior parte por atores em interpretações artificiais e em certos momentos amadoras, isto é comprovado logo de início, na primeira cena do longa, onde a família é despejada de sua terra de origem. Certo que, para contrapor cenas ruins como esta, o filme possui várias cenas muito boas, como a sequência, também no início da projeção, onde militares franceses atacam e promovem uma chacina contra os revolucionários argelinos. Em uma visão panorâmica, "Fora da Lei" é um filme mediano, repleto de altos e baixos, bons e maus momentos, que poderia se tornar um filme bom, se fossem retirados 30 minutos de sua duração. A história: em plena revolução argelina, três irmãos, um revolucionário, um soldado e um dono de cabaret se unem para liderar um grupo revolucionário e lutarem para obter independência da França, que há muito tempo os vinha oprimindo.

(Mediano)

Gênero: Drama
Duração: 132 min.
Ano: 2010

304. Reencontrando a Felicidade

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
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Não tomarei o meu tempo escrevendo, nem o seu tempo lendo, sobre a imbecilidade e o carater radicalmente errôneo do título brasileiro, uma vez que o título original, "Rabbit Hole", significa Toca do Coelho ou Buraco do Coelho numa tradução ao pé da letra. Deixando de lado o vergonhoso título brasileiro, vamos ao filme. "Reencontrando a Felicidade" é mais do mesmo. A mesma história, a mesma narrativa, as mesmas reviravoltas, mas com atores diferentes. Acontece que esta produção, que tinha capacidade ao menos de ser mais um filme desta linha, pelo menos aceitável, acaba se tornando, por conta de um roteiro fraquíssimo, mal conduzido e mal explorado, um drama vazio, sem essência alguma. Um exemplo do grande fracasso do roteiro: Becca (Nicole Kidman) em certos momentos desconta a raiva em sua família. Nas cenas em que isto ocorre, ao invés de compreendermos o que se passa em sua cabeça e o emaranhado de emoções pela qual está passando, acabamos sentindo raiva e repulsa por ela, e isso neste caso representa uma falha gigantesca. Uma das únicas coisas boas do filme é o elenco, composto por atores antes menosprezados, que aqui liberam todo o talento de que são capazes. Nicole Kidman, indicada ao Oscar 2011 de melhor atriz, encarna com muita veracidade Becca, e Aaron Eckhart, que para mim se eternizou como o Duas-faces em "Batman - O Cavaleiro das Trevas", aqui interpreta um personagem inúmeras vezes mais próximo da realidade, e desempenha um ótimo trabalho. "Reencontrando a Felicidade" foi para mim, uma decepção. Até tinha capacidade, mas um roteiro mal escrito jogou tudo fora. Becca e Howie (Eckhart) são um casal que perderam seu único filho e lutam para superar a dor da perda, mas isto acaba causando sérias crises matrimoniais.


(Ruim)

Gênero: Drama
Duração: 91 min.
Ano: 2011

303. Inverno da Alma

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
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Interior, campo, neve, inverno, pobreza e desespero. Estes são temas recorrentes em filmes independentes. Como todos os anos, um filme independente ganha um espaço na categoria de melhor filme do Oscar. Este ano, foi a vez de "Inverno da Alma". Se não fosse o Oscar provavelmente este filme não seria lembrado por ninguém, até porque não merece tanto crédito! Não chega a ser ruim, mas é fraco! Não tão fraco quanto "O Vencedor", mas quase se iguala. "Inverno da Alma" carece de um roteiro mais intrigante e interessante, porque em vários momentos o filme acaba se tornando monótono e cansativo. Jennifer Lawrence, uma das poucas coisas impressionantes do filme, desempenha um trabalho incrível como Ree Dolly, uma jovem destinada a encontrar seu pai, ex-presidiário, que nomeou sua casa como garantia de que compareceria a uma audiência. Se ela não o encontrar, irá perder tudo e, como é pobre, possui uma mãe doente e dois irmãos pequenos para cuidar, a perda da casa significaria a perda total de uma perspectiva de vida, de mudança, que mesmo muito distante, ainda está presente. A construção da personagem feita por Lawrence é digna de aplausos. Notem que, em raros momentos, Ree se deixa levar pelas emoções, ela é sempre racional, concentrada e focada. E essa atitude é muito transparecida por Jennifer. Na verdade, o maior pecado de "Inverno da Alma" é ser muito trivial. Não deixa nada marcado na memória do espectador, e como consequência, é facilmente esquecido. Nenhum diálogo é memorável, nenhuma reviravolta é interessante, nenhum personagem (com exceção de Ree Dolly) é marcante. Se fosse fazer um gráfico para demonstrar minhas sensações durante o filme, com certeza este iria ser somente uma linha reta.

(Mediano)

Gênero: Drama
Duração: 100 min.
Ano: 2010

302. O Discurso do Rei

domingo, 20 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 1 comentários

Por escolha própria resolvi colocar um dos pôsters americanos de "O Discurso do Rei" para ilustrar este post, uma vez que o pôster brasileiro chega a ser um insulto ao próprio filme. Campeão de indicações ao Oscar deste ano (o que não significa que tem vantagens e mais chances de ganhar do que os outros, vide "Avatar" ano passado), uma coisa é certa: esta produção merece cada indicação! A mixagem de som é fabulosa, o figurino, bem como a fotografia, são extremamente eficazes ao retratar um mundo triste e sem vida, através da perspectiva do personagem principal, uma vez que a crise pela qual está passando é tão grande que ele é incapaz de conseguir encontrar alegria em algo, exceto sua casa e família, o que explica as atitudes arrogantes, nervosas e estressadas dele. Uma das categorias mais disputadas da noite será, ao meu ver, a de melhor edição. Exceto por "O Vencedor" todos os outros filmes merecem ganhar e possuem uma edição sublime. Mas eu acho que "O Discurso do Rei" perde, por pouco, de "127 Horas". Edição esta que aplica de forma inteligentíssima cortes de cena quase que imperceptíveis, que aliados a maravilhosa trilha sonora de Alexandre Desplat, que a pouco tempo já havia composto a trilha de "Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 1", criam cenas irretocáveis. Os diretores de arte fazem um trabalho espetacular ao retratar uma Inglaterra na década de 30, que, no terceiro ato, declara guerra contra a Alemanha. Como se não bastasse, "O Discurso do Rei" nos presenteia com um elenco formidável, que inclui Colin Firth, fabuloso como no filme anterior em que atuou, "Direito de Amar", que lhe rendeu uma indicação ano passado. Contracenando com ele, Helena Boham Carter prova que consegue fazer mais do que a louca Bellatrix, da franquia "Harry Potter" ou até de um papel nos filmes de Tim Burton (seu marido). Aqui ela deixa sua interpretação esdrúxula de lado e encarna uma mulher normal, decidida a ajudar e apoiar o marido a qualquer custo. Vemos uma Helena muito diferente. Quase irreconhecível, que se não fosse por Melissa Leo, ela ganharia na categoria de atriz coadjuvante. Geoffrey Rush, também incrível fecha o elenco central. Mas quem brilha mesmo é Tom Hooper (o diretor), que consegue organizar todos estes talentos e elementos do filme de forma invejável. E para finalizar, "O Discurso do Rei" possui um roteiro brilhante que conta a história de um descendente do troco inglês que é gago. Seu problema começa quando tem que falar em público. Para ajudá-lo, sua esposa o leva a um terapeuta especializado nesta área para tratá-lo. Por algum motivo que, para falar a verdade, nem eu sei porque, não dou cinco estrelas para este filme, nem o considero excelente, mas com certeza, é um filme muito bom, que merece ser visto por todos. Esta produção pode ser até um meio de auto-ajuda para os que sofrem da mesma doença.


(Muito Bom)

Gênero: Drama
Duração: 118 min.
Ano: 2010

301. Dente Canino

sábado, 19 de fevereiro de 2011
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Um casal cria seus três filhos trancados dentro de sua casa. Eles os educam e os criam em um mundo alternativo, sem interferência alguma do exterior. Esta é, basicamente, a plot de "Dente Canino". Basicamente porque o filme vai muito mais além disto. Esta produção grega, indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro, provoca muitas indagações e questionamentos no público que o assiste. Para muitos "Dente Canino" (também conhecido pelo título "Dogtooth") pode se revelar um filme vazio, com carência de um roteiro envolvente. Só que estes que possuem esta opinião não conseguiram ter uma visão geral do filme. "Dente Canino" provoca uma discussão sobre a natureza humana. O que levou os pais a criarem seus filhos desta maneira? O que levou os filhos a promoverem constantes atos de violências e sexualismo, uns com os outros? As respostas destas incógnitas ficam a cargo do espectador. Em momento algum o roteiro desta produção se preocupa em explicar os fatos que vemos, pelo contrário, ao invés de explicar, o roteiro se limita a mostrar o cotidiano desta família esdrúxula e as ações e reações de cada indivíduo em particular. Por isto, muitas vezes "Dente Canino" é considerado um filme vazio, mas volto a dizer, discordo completamente desta afirmação. Além disto, este é um filme violentíssimo, muito polêmico e explícito, mas cada elemento polêmico não está solto a esmo na narrativa, tudo contribui para provocar certas reações desejadas no público. Sim, de certa forma este filme manipula o público. Conforme os minutos de projeção passavam, fui me lembrando de outras produções muito parecidas com esta, tanto em estilo narrativo, quanto em edição e fotografia. Lembrei de "O Homem Que Incomoda", filme norueguês, lembrei da comédia escrachada "Napoleon Dynamite" e, principalmente, dos filmes de Michael Haneke. E o que estes filmes têm em comum? Além do, como citei acima, todos estes filmes passam a impressão de que os personagens vivem em um mundo mórbido, triste, egoísta e deprimente, bem ao estilo noir. Ainda não assisti "Biutiful", mas este é um forte candidato ao prêmio de filme estrangeiro. É forte, denso, polêmico, e revela uma assustadora verdade sobre o ser humano e suas relações sociais.


(Bom)

Gênero: Drama
Duração: 92 min.
Ano: 2009

300. 127 Horas

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 1 comentários

É muito bom comentar na minha crítica de número 300 um filme tão especial! Confesso que fui assisti-lo sem a menor expectativa e me surpreendi muito, muito mesmo! Até hoje, assisti somente quatro filmes de Danny Boyle. São eles: "Quem Quer Ser Um Milionário?", "A Praia", "Sunshine - Alerta Solar" e "127 Horas". São poucos, não assisti mais por falta de oportunidade, não de interesse, porque Boyle concebe trabalhos ao menos interessantes. Todavia, esses poucos exemplares de sua filmografia já são suficientes para eu constatar que Danny Boyle é um diretor muito bom! Dos quatro, o único filme ruim é "A Praia", que foi uma decepção muito grande. E o melhor do diretor é "127 Horas", sem dúvidas! O grande desafio para Boyle e sua equipe era fazer um filme de pouco mais de 90 minutos, que se passa 90% em um buraco, sem se tornar cansativo, maçante, ou até apelar para longas introduções, de 40 minutos, sem importância alguma à narrativa, uma vez que 15 minutos já são suficientes para apresentar os personagens em um filme deste tipo. Esta produção é objetiva, não perde tempo com coisas desnecessárias, e consegue entreter de forma magistral! O grande trunfo do filme foi possuir uma edição genial, que é a minha aposta a esta categoria do Oscar 2011. Constantes telas divididas, músicas perfeitamente encaixadas nas imagens, cortes rápidos, entre outras coisas criam um filme que em momento algum deixa a peteca cair, pelo contrário, entusiasma mais e mais com o passar dos minutos. Outra grande sacada de "127 Horas" foi inserir flashbacks e Aron (o personagem de James Franco) interagir com os mesmos. Assim, o filme volta no tempo para mostrar sua família, quando volta ao presente, vemos Aron comentando ou murmurando sobre esta recordação. Agora o momento que, para mim, é o mais genial do filme, se dá quando Aron, numa tentativa de se manter ocupado cria um reality show na própria mente, com direito a comentário de amigos dele (em um quadrado no canto esquerdo inferior da tela) e até risadas falsas de sitcom! James Franco, dando vida ao personagem (real) Aron Ralston, está soberbo, na melhor interpretação de sua carreira, atuando no melhor filme em que participou! "127 Horas" é baseado em uma história real de um alpinista, que fazia escaladas nas montanhas de Utah (E.U.A), quando acaba caindo em um buraco e seu braço fica preso entre uma rocha e a parede do buraco. Ele luta para sobreviver e manter sua sanidade.


(Excelente)

Gênero: Drama
Duração: 94 min.
Ano: 2010

299. Minhas Mães e Meu Pai

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 1 comentários

Algo que percebi a pouco tempo é que este ano a maioria dos filmes indicados ao Oscar de melhor filme possuem um elenco fabuloso! É o caso de "O Vencedor", "O Discurso do Rei", "Cisne Negro", "A Rede Social", "Bravura Indômita", "127 Horas", e "Minhas Mães e Meu Pai". Annette Bening está fabulosa, e é um forte candidata ao Oscar de melhor atriz, bem como Julianne Moore que, ao meu ver, foi injustiçada por passar despercebida, sem nenhuma indicação a mesma categoria. Mark Ruffalo também fantástico, adquiri um tom de voz único e inenarrável, que se não fosse Christian Bale, ele ganharia o prêmio de ator coadjuvante. E Josh Hutcherson, embora não esteja sensacional, evoluiu muito após "Viagem ao Centro da Terra". Lembro-me dele ainda pequeno, em "ABC do Amor" e "Zathura - Uma Aventura Espacial", que aqui, neste mais novo filme em que atua, interpreta um garoto de 15 anos, que mais parece ter 18 (que é a idade real de Hutcherson). Este filme também foi indicado a mais duas categorias: melhor filme e melhor roteiro original. Este, bem como "O Vencedor", na minha opinião, não merecem estar concorrendo nesta última. Filmes roteiristicamente geniais como "Cisne Negro" foram esquecidos. Contando com uma edição simples, e uma direção eficiente, "Minhas Mães e Meu Pai" talvez não mereça nem estar concorrendo a melhor filme, mas com certeza, diverte e aborda de maneira muito eficaz o tema homossexualismo, ao contar a história de duas mulheres casadas, que possuem dois filhos. Inicialmente a relação dos quatro é satisfatoriamente estável, até que, por curiosidade, os filhos do casal de mulheres vão atrás do doador de esperma, com o qual as mães puderam realizar a inseminação. A estabilidade familiar muda com a entrada do doador na vida da família.


(Bom)

Gênero: Drama
Duração: 106 min.
Ano: 2010

298. O Lobisomem

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários

Não se admirem se esta minha crítica possuir pouco mais de 20 linhas de extensão, porque "O Lobisomem" é um filme que não merece ser comentado, e para falar a verdade, nem sei o que comentar dele. Este é um daqueles filmes que quando acaba não deixa nada guardado na memória do espectador. Absolutamente nada! A projeção se finaliza, e já esquecemos de tudo sobre o filme e até, porque não, de sua existência! Para começar, qual o sentido de se fazer um filme onde o rosto do lobisomem é preservado escondido até metade da produção (numa tentativa de criar suspense acerca de como seria o rosto do monstro), se logo no pôster do filme, o rosto do referido já é mostrado?! E aliás, tentar criar suspense acerca do rosto de um lobisomem é ridículo, levando em conta que este é um dos monstros mais conhecidos e comentados do mundo! Todos já sabem como ele é, e com que ele se parece! A todo momento "O Lobisomem" opta por inserir sustos gratuitos na narrativa, sem nenhum motivo, e que, aliados as cenas de sonho ou delírio do personagem principal, formam cenas vergonhosas. Logo aos 10 minutos de projeção, este filme acaba se revelando um desperdício de atores competentes, mas com atuações bem fracas neste filme, como Benício Del Toro e Anthony Hopkins, este último, que algumas vezes incorporou magistralmente o psicopata Hannibal Lecter, na trilogia iniciada em "O Silêncio dos Inocentes", aqui volta a interpretar um personagem cínico, transtornado e psicótico, mas desta vez não chega nem aos pés de sua própria atuação como Lecter. Esta mais nova refilmagem do clássico de 1941, com o mesmo título, só possui um ponto positivo: a maquiagem. Esta foi a responsável pela única indicação deste filme ao Oscar 2011. Merece ganhar? Sim. Ora...vejam só! Consegui passar de 20 linhas! Vou encerrar esta crítica por aqui, mas antes a história: Um homem é mordido por um lobisomem e, toda lua cheia, se transforma no monstro e sai matando tudo e todos em seu caminho.


(Horrível)

Gênero: Aventura
Duração: 102 min.
Ano: 2010

297. O Vencedor

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários

O pôster de "O Vencedor" não faz juz ao filme. Excluir Melissa Leo da capa é um erro imensurável! Ela toma todas as cenas em que aparece e, com certeza, é uma forte candidata ao Oscar de melhor atriz coadjuvante, e é também a minha aposta para a categoria. Categoria esta na qual Amy Adams foi indicada também por "O Vencedor", algo raro de se acontecer. O que prova que o filme possui força no elenco. Na verdade, as interpretações dos atores são as únicas coisas que salvam o filme. Porque sem eles, o filme não seria nada! "O Vencedor" só se vale pelos atores, pena que isso seja suficiente somente para transformar um filme ruim, em mediano, não para salvar completamente a obra. Amy Adams deixa de lado a pose e a compostura, para dar vida a uma personagem forte e decidida, e muitas vezes ciumenta. Aliás, é ela, na única cena em que supera a atuação de Melissa Leo, que proporciona uma das melhores sequências do filme, onde a mesma briga com a irmã do personagem de Mark Wahlberg, após alguns minutos de provocação. Mas, como disse anteriormente, é Melissa Leo que se destaca. Como em "Rio Congelado", seu desempenho é soberbo! Desde o tom de voz, até as representações faciais. Compondo o elenco masculino, Christian Bale, também fabuloso, como o irmão drogado, possui fortes chances de ganhar melhor ator coadjuvante, e mais uma vez, esta é minha aposta. E, para fechar o elenco, Mark Wahlberg, na melhor interpretação de sua carreira, foi injustiçado por não concorrer a melhor ator este ano. Em detrimento aos ótimos atores/atrizes temos um roteiro, na minha opinião, fraco, que se torna muito arrastado com o passar dos minutos. Mas o que mais me incomodou foi que frequentemente "O Vencedor" nos força sensações. A todo momento, somos influenciados e forçados a sentir determinado sentimento. O filme nos força a sentir pena, angústia, alegria, e até a nos chocarmos. Mas o feitiço vira contra o feitiçeiro, porque ao invés de sentirmos a sensação imposta pelo filme, sentimos uma sensação de desconforto por estarmos vendo uma coisa tão forçada. Para exemplificar, citarei a cena em que vemos pela primeira vez o irmão de Mickey se drogando. Quando ele começa a se drogar, a cena é convertida para slow motion, e uma trilha sonora absurdamente deprimente toca ao fundo, forçando a nos chocarmos com a situação, mas fracassadamente. Com certeza, se o filme deixasse as emoções surgirem naturalmente, ele seria muito melhor. David O'Russel nunca dirigiu trabalhos dignos de muitos elogios, e "O Vencedor" não é diferente. Não merece nem metade das categorias as quais foi indicado, exceto as duas indicações a atriz coadjuvante, e a de ator coadjuvante. O filme acompanha a trajetória de Mickey (Wahlberg), um boxeador, em busca do título mundial de pesos-leves.


(Mediano)

Gênero: Drama
Duração: 115 min.
Ano: 2011

296. Bravura Indômita

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 1 comentários

Não gosto de faroeste. Este é o único gênero fílmico que raramente assisto. E com "Bravura Indômita" não foi diferente. Apesar de eu gostar dos irmãos Coen e de Jeff Bridges, confesso que não pretendia assistir a este mais novo trabalho deles. Mas foi quando o mesmo foi indicado a 10 categorias do Oscar, que decidi dar uma chance e assisti-lo. E que surpresa! Não esperava que me divertiria tanto com um faroeste! Não é uma obra-prima, e está longe de ser o melhor filme dos Coen, que para mim é "Arizona Nunca Mais", mas consegue divertir e entreter como raramente um faroeste conseguiu. Pelo menos para mim. Com um roteiro muito bom, que possui fortes chances de ganhar o Oscar de roteiro adaptado, rivalizando o outro favorito ao prêmio, "A Rede Social", "Bravura Indômita" consegue, com diálogos inspirados, sendo proferidos por atores em interpretações fabulosas, criar cenas emocionantes, e até algumas de alívio cômico. Vale também assistir este filme para presenciar o primeiro trabalho da atriz mirim, Hailee Steinfeld. Esta menina tem talento! E, com certeza, uma carreira promissora pela frente. Ela faz valer sua indicação a melhor atriz coadjuvante, principalmente por construir uma personagem muito profunda. Na maioria do filme, ela é determinada, avançada e "durona", muitas vezes mais "durona" que o próprio cowboy principal. Anotem este nome: Hailee Steinfeld. Ela é uma excelente atriz, e está só em seu trabalho de estreia. Contracenando com Steinfeld, Jeff Bridges praticamente repete sua própria interpretação em "Coração Louco", que lhe rendeu o Oscar de melhor ator, ano passado. Esta repetição é quase que inevitável, uma vez que os personagens são muito parecidos. Se em "Coração Louco", Bridges era um cowboy moderno, que cantava música country, e tinha problemas com bebida, aqui em "Bravura Indômita" ele é um cowboy do velho oeste bêbado. De certa forma, Mattie Ross (a personagem de Steinfeld) adota Marshal (Bridges) como um pai. E, para completar, Matt Damon, sob uma maquiagem carregada, interpreta o ajudante e amigo de Bridges. A direção dos irmãos Coen também é excelente, mas não possui chances de ganhar o Oscar. A edição do filme deixa a desejar, em contrapartida, o som é muito bom. "Bravura Indômita" conta a história de uma menina que sai para vingar a morte de seu pai. Ela se une a um cowboy grosseiro e bêbado, e juntos vão em busca do assassino.


(Bom)

Gênero: Drama/Western
Duração: 110 min.
Ano: 2010

295. Exit Through the Gift Shop

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários

Banksy. Gosto de dizer que Banksy é o Da Vinci da street art, ou arte de rua. Confesso que só tomei conhecimento deste documentário quando vários críticos e cinéfilos o comentavam e elogiavam, quando ele foi exibido no Festival do Rio 2010. Nem preciso dizer que este é um longa independente, alternativo e de baixo orçamento. Está longe do convencional. Mas, se pararmos para analisar, Banksy não é nada convencional, então, tudo se encaixa! Aliás, Banksy assume a direção deste filme. E, em seu filme de estreia (e provavelmente último, pois antes dos créditos finais surge a frase: "Banksy nunca mais irá ajudar ninguém a fazer um documentário sobre arte de rua"), ele adota uma técnica narrativa um tanto diferente. Quando tomou conhecimento de que um imigrante francês, que mora em Los Angeles, é obcecado por filmar artistas de rua, e que as filmagens dele eram arquivadas e nunca mais usadas, Banksy decidiu se unir ao imigrante, resgatar as imagens e juntos fazerem um documentário sobre o assunto. Mas, com as imagens resgatadas, e algumas outras filmadas posteriormente, Banksy conseguiu englobar muito mais do que alguns artistas de rua pintando paredes e montando esculturas. "Exit Through the Gift Shop" é um documentário sobre a arte de rua, sobre o imigrante francês, que mais tarde será conhecido por Sr. Brainwash, e finalmente, sobre Banksy. Uma proposta original, uma vez que vemos uma espécie de documentário, dentro de outro documentário maior. O filme se inicia bem, mas começa a decair aos 40 minutos de projeção. Não que o filme fique ruim, mas, deixa de ser um filme excelente, pra ser um filme simplesmente bom. Ganhou uma indicação ao Oscar, em melhor documentário. Ainda não assisti "Lixo Extraordinário", mas tenho intuições de que este último irá levar o prêmio, e pra falar a verdade, estou torcendo por ele, mesmo sendo somente uma co-produção brasileira, sinto que o devo apoiar. Contudo, eu não sou mulher, sendo assim, minhas intuições são pouquíssimamente confiáveis. Se você é fã de Banksy, este documentário é um prato cheio para você! Se você não o conhece, vale a pena para você conferir e conhecer este gênio da arte de rua. Seus trabalhos são incríveis e muitas vezes nos recusamos a acreditar que foram feitos a mão, e com spray!


(Bom)

Gênero: Documentário
Duração: 86 min.
Ano: 2010

294. Como Treinar Seu Dragão

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários

Não li o livro "Como Treinar Seu Dragão", que foi um grande sucesso de vendas, e o responsável pelo sucesso do filme, que recebeu o mesmo título. "Como Treinar Seu Dragão" também foi indicado ao Oscar de melhor animação. Mereceu a indicação? Sim. Merece ganhar? Não! "Toy Story 3" é sem dúvida muito superior a esta animação da DreamWorks que, aos poucos, vai conquistando maior espaço no mundo das animações. O problema deste filme reside em seu roteiro ser muito óbvio, que, aos 10 minutos de projeção, já sabemos como o filme acabará. Clichês e elementos óbvios não são deméritos de um filme animado, mas se você cria um roteiro inteiro e completamente óbvio, daí você tem um problema! Em termos técnicos, "Como Treinar Seu Dragão" se sai muito bem. Possui uma animação rica em detalhes (principalmente na concepção dos cenários), que aliados a uma boa fotografia, que aposta muito em planos altos, o que cria um ambiente muito bom para a animação. Assisti a versão dublada, por tanto, não pude escutar Gerard Butler emprestar sua voz a Stoico, o pai de Soluço (reparem que os nomes são meio "diferentes"). No geral, este é um bom filme, que até diverte em alguns momentos , mas peca no roteiro, que conta a história de um garoto viking chamado Soluço, que se torna amigo de um dragão, chamado Banguela. Os dragões são os maiores inimigos dos vikings. Mas Banguela é diferente.


(Bom)

Gênero: Animação
Duração: 94 min.
Ano: 2010