Cinefilia 23: Pós-Oscar 2013

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Postado por Selton Dutra Zen 2 comentários


Pois bem, com um leve atraso dos demais blogs e sites de cinema, venho aqui comentar a cerimônia de ontem, do Oscar 2013. Ou devo dizer, do Oscar de erros, do Oscar de absurdos e do Oscar da vergonha?

Lembro de ter escrito em meu comentário sobre os indicados a 85ª cerimônia do Academy Awards que os selecionados tinham sido entusiasmantes, inovadores e promissores. Registrei também que, depois de muito tempo, minha ansiedade e vibração pelo Oscar havia voltado. Infelizmente, o que a Academia acertou nas indicações, errou nos premiados. Com exceção de alguns óbvios e merecidos vencedores ("Amor" por filme estrangeiro e "A Hora Mais Escura" por edição de som - mesmo que sob inusitado empate), esta edição da celebração entregou estatuetas a filmes que nem em mil anos e uma galáxia muito, muito distante mereciam ser honrados. Foi o caso de absurdos como "Os Miseráveis" angariar mixagem de som e maquiagem e "Valente" ganhar melhor animação. Aliás, se o prêmio concedido à "Valente" não servir como prova cabal de que os premiados desta noite foram covardes, não sei o que mais pode ser.

A catástrofe não para por ai. Apesar de previsível, a vitória de Jennifer Lawrence sobre Emmanuelle Riva soou como uma afronta a nós, cinéfilos. Não só pelo fato de Lawrence estar insossa no filme pelo qual foi indicada, mas principalmente pelo histórico que Riva possui. A começar pela sua idade. Jennifer é nova, ganhou um Oscar e terá muitas outras chances de ser indicada ao prêmio, ainda mais sendo querida pela Academia. Riva não. Há possibilidades de que - dada sua idade - não consiga ser indicada mais uma vez e morrerá sem nenhuma estatueta, mesmo sendo uma atriz fabulosa e inexorável. Que belo presente de aniversário à atriz, seria sua vitória.

Porém, este absurdo parece minúsculo perto da imagem de Ang Lee recebendo o troféu de melhor diretor. Melhor diretor?! Melhor diretor do pior filme dentre os 9 indicados principais?! Além de ser surpreendente, foi indignante. 

Fora isso, a cerimônia em si também foi um desastre. Logo nos primeiros minutos de apresentação, o comediante e apresentador Seth MacFarlane se reuniu a uma conferencia em vídeo com um dos atores da série "Star Trek", o qual brincava dizendo que Seth seria considerado o pior apresentador da história do Oscar. Pena que a brincadeira tenha se concretizado. Não o considero o pior, mas um dos. Suas piadas foram falhas, aborrecidas e poucas tiveram um nível de criatividade aceitável. Em diversos momentos, provocou um descontentamento visível na platéia. Outro equívoco foi na escalação dos astros que entregariam prêmios. Claro que disto, excluo estrelas como Jack Nicholson ou Meryl Streep que sempre estão bem, mas Jennifer Lawrence entregando prêmios parecendo estar com diarreia crônica no palco foi uma das maiores vergonhas da noite. Beirava o bizarro. Essa gafe só perdeu para uma maior ainda que - pasmem! - também foi protagonizada por ela: seu tombo ao subir as escadas para o prêmio de melhor atriz. Confesso que não contive as risadas. 

De qualquer forma, seria ignorância minha rejeitar os acertos da noite. A produção do show foi excepcional. E quando em refiro a produção, digo criatividade e qualidade de palco (que estava lindo e encantador). O In Momoriam também foi emocionante. Michelle Obama anunciando o vencedor principal da noite foi surpreendente. E o discurso de Daniel Day-Lewis foi um dos momentos mais divertidos de toda a noite.

Assim, a 85ª entrega do Oscar foi uma das edições com os concorrentes mais inspirados dos últimos anos (nos parâmetros de Oscar, claro) e com os piores vencedores de tempos.

A lista dos ganhadores, pelo site Cinema em Cena: 

Cinefilia 22: Apostas ao Oscar 2013

sábado, 23 de fevereiro de 2013
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários


Como de costume, e seguindo a onda do resto dos cinéfilos e críticos, minhas apostas ao Oscar 2013 (que acontece neste domingo, 28/02) anexas a breves comentários sobre as categorias:

MELHOR FILME:

"Argo"
"Amour"
"Indomável Sonhadora"
"Django livre"
"A Hora Mais Escura"
"Lincoln"
"As Aventuras de Pi"
"Os Miseráveis"
"O Lado Bom da Vida"

APOSTA: "Argo". Logo após a divulgação dos indicados à edição deste ano, apostava tudo que o vencedor mor da noite seria "Lincoln", por ser dirigido pelo querido da Academia, Spielberg, e por tratar de uma história gloriosa estadunidense de um modo que muito agrada aos norte americanos. Acontece que, com o avanço da temporada de premiações, "Argo" foi conquistando muito espaço e notabilidade. Além do mais, o filme não se afasta muito do estereótipo que satisfaz demais os votantes. Portanto, mesmo não tendo seu diretor indicado a direção, o prêmio da noite provavelmente ficará nas mãos do mais novo trabalho de Ben Affleck.

MEU VOTO IRIA PARA: "Amour". Sem dúvidas, "Amour". E quem acompanha meus textos sabe de meu apreço pelo filme e o porquê. Uma das obras mais humanas, tocantes, desesperadoras e geniais feita nos últimos anos - por um realizador igualmente genial. E, aproveitando que estamos falando de filme bom, "Django Livre" é outro longa digno de muita nota, assim como (agora, um tanto mais abaixo) o próprio "Argo". Mas nenhum destes equipara-se, se quer, aos pés da obra de Haneke. 



    O ABSURDO: Se "As Aventuras de Pi" levasse, o que, felizmente, não vai acontecer. De longe, o mais fraco filme de Ang Lee que já vi e o pior dentre os indicados. Outros que rivalizam em ruindade são "Indomável Sonhadora" e "Lincoln". De "Os Miseráveis" não gosto principalmente pela ridícula direção de Hooper, mas não considero abominável que tenha sido selecionado entre os 9 principais. Quanto a "O Lado Bom da Vida" e "A Hora Mais Escura"... o primeiro claramente ocupa um dos lugares por estar na "cota de comédias" do prêmio principal. É um filme bacana, mas nada além disso. O novo projeto de Bigelow segue a mesma linha de seu filme anterior, "Guerra ao Terror", e  resulta em algo interessante, criticamente eficaz, mas que não marca ou encanta em momento algum. 

    MELHOR DIREÇÃO:

    Michael Haneke ("Amour")
    Steven Spielberg ("Lincoln")
    David O'Russel ("O Lado Bom da Vida")
    Ang Lee ("As Aventuras de Pi")
    Behn Zeitlin ("Indomável Sonhadora")

    APOSTA: Steven Spielberg. Já que "Lincoln" é querido e não levará melhor filme, precisa ser recompensado de alguma forma. E para favorecer ainda mais seu lado, Affleck não concorre nesta categoria. Steven levar o prêmio não é merecido (dada sua gritante distorção de fatos históricos e eufemização da trama inteira), mas, dos males o menor. 

    MEU VOTO IRIA PARA: Michael Haneke, que há muito provou ser não apenas um excelente diretor, mas um dos mais geniais da atualidade. 

    O ABSURDO: Behn Zeitlin, com sua direção preguiçosa, óbvia e nada criativa. Consegue bater inclusive a incompetência de Lee na direção. Porque, enquanto Ang pelo menos extraia meia dúzia de cenas belas e uma filosofia interessante ao final, Zeitlin nem isso faz. O'Russel, embora esteja num desempenho melhor que "O Vencedor" (onde ele parecia apenas se concentrar nas performances do elenco), não merecia estar entre os 5. Percebam que esta categoria foi uma das mais mal selecionadas desta edição - se salvando apenas Haneke.

    MELHOR ATOR:

    Bradley Cooper ("O Lado Bom da Vida")
    Daniel Day-Lewis ("Lincoln")
    Hugh Jackman ("Os Miseráveis")
    Joaquin Phoenix ("O Mestre")
    Denzel Washington ("O Voo")

    MINHA APOSTA: Daniel Day-Lewis. Um tanto óbvio. Seria presunção apostar contra a maré, nesta categoria. 

    MEU VOTO IRIA PARA: Daniel Day-Lewis. Como de costume, o excepcional ator entrega uma performance magnífica (ainda que abaixo de sua monstruosa atuação em "Sangue Negro"), com uma composição impecável do presidente estadunidense.

    O ABSURDO: Nesta categoria, nenhum. O mais fraco seria Bradley Cooper, mas ainda assim, atua de forma convincente. Phoenix também está excepcional como alcoólatra no fraco "O Mestre". "O Voo" não conferi ainda.

    MELHOR ATOR COADJUVANTE:

    Alan Arkin ("Argo")
    Robert de Niro ("O Lado Bom da Vida")
    Philip Seymour Hoffman ("O Mestre")
    Tommy Lee Jones ("Lincoln")
    Christoph Waltz ("Django Livre")

    APOSTA: Philip Seymour Hoffman. Categoria difícil. Concorrentes com grandes chances de vitórias, mas acredito que Hoffman leve como consolação por "O Mestre" ter sido esquecido em quase tudo e também pelo apreço que a Academia nutre pelo ator. Christoph Waltz não deve ser descartado.

    MEU VOTO IRIA PARA: Philip Seymour Hoffman. Performance contida e poderosa. É ela que garante alguns dos melhores momentos do filme inteiro. 

    O ABSURDO: Alan Arkin. Não que seu trabalho seja pavoroso, mas é tão normal e banal que passa despercebido aos olhos menos atentos durante o filme inteiro. 

    MELHOR ATRIZ:

    Jessica Chastain ("A Hora Mais Escura")
    Jennifer Lawrence ("O Lado Bom da Vida")
    Emmanuelle Riva ("Amour")
    Quvenzhané Wallis ("Indomável Sonhadora")
    Naomi Watts ("O Impossível")

    APOSTA: Emmanuelle Riva. Outra categoria disputadíssima. De um lado, Naomi Watts que seria mais zona de conforto ao Oscar, de outro a queridinha dos jurados, Jennifer Lawrence (que está bem, mas nada excepcional) e no meio, a fantástica Riva. Se ela ganhar, será por uma diferença muito pequena, mas eu acredito nesta diferença. Dona de uma carreira de tempos áureos, ela é ajudada por ter seu aniversário comemorado bem no dia da premiação. Além do mais, o Oscar já foi longe ao indicá-la (sendo a mais idosa concorrente de toda a história do Oscar, na categoria), acho que não custaria conceder o prêmio a ela. 

    MEU VOTO IRIA PARA: Emmanuelle Riva. 

    O ABSURDO: Nenhum também. Apesar de não ter conferido "O Impossível", das outras quatro mulheres, todas estão pelo menos muito bem - incluindo a garotinha de 8 anos.

    MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:

    Amy Adams ("O Mestre")
    Sally Field ("Lincoln")
    Anne Hathaway ("Os Miseráveis")
    Helen Hunt ("As Sessões")
    Jacki Weaver ("O Lado Bom da Vida")

    APOSTA: Anne Hathaway. desde o início foi tida como favorita. E além do mais, as outras concorrentes não representam perigo a Anne.

    MEU VOTO IRIA PARA: Anne Hathaway. Numa das melhores performances de sua carreira, ainda que exagerada ao máximo pelo desastroso Tom Hooper. Ela é responsável por um dos momentos cinematográficos mais lindos do ano passado, ao cantar I Dreamed a Dream.

    O ABSURDO: Jacki Weaver e pelo mesmo motivo de Arkin. Simplesmente não tem porque estar entre as 5. Dotada de um desempenho tão desinteressante que é esquecida durante toda a sessão. Quanto a Helen Hunt, não assisti a "As Sessões".

    ROTEIRO ADAPTADO:

    "Argo"
    "Indomável Sonhadora"
    "As Aventuras de Pi"
    "Lincoln"
    "O Lado Bom da Vida"

    APOSTA: "Argo". 

    MEU VOTO IRIA PARA: "Argo". O mais considerável entre 5 fraquíssimos. Sorte que Affleck é um ótimo diretor, pois, se dependesse do script...

    O ABSURDO: "As Aventuras de Pi", já que, além de ser pessimamente redigido e se arrastar deveras durante a projeção, ainda está envolvido com acusações abomináveis de plágio. Isso, por si só, tornaria ao menos um bom senso que o filme de Lee fosse esquecido nesta categoria. Pobre Scliar...

    ROTEIRO ORIGINAL:

    "Amor"
    "Django livre"
    "O Voo"
    "Moonrise Kingdom"
    "A Hora Mais Escura"

    APOSTA: "Django Livre". Tarantino sempre teve seus roteiros bem vistos pela Academia e ganhou o Globo de Ouro este ano pelo mesmo motivo.

    MEU VOTO IRIA PARA: Difícil. Uma das categorias com os melhores selecionados da noite. Votaria em "Amor", pela paixão que tenho pelo filme e diretor, mas festejaria se "Django Livre" levasse. "Moonrise Kingdom" foi um dos maiores crimes cometidos pelo Oscar este ano: ser quase que completamente esnobado. Uma pequena obra-prima de 2012 esquecida.

    O ABSURDO: Nenhum.

    ANIMAÇÃO:

    "Valente"
    "Detona Ralph"
    "Piratas Pirados"
    "Paranorman"
    "Frankenweenie"

    APOSTA: "Detona Ralph". Ainda não vi, mas pelo que acompanho, é o que mais se destaca entre a quina.

    MEU VOTO IRIA PARA: "Paranorman". O melhor filme animado do ano passado. Trata de temas pesadíssimos de uma forma mais "família" (com todas as restrições infantis que se possam apresentar nos filmes dos produtores).

    O ABSURDO: "Valente". Sou apaixonado pela Pixar e justamente por isso fiquei decepcionado demais com o resultado final. O filme é medíocre e não merece nenhum reconhecimento. Não seria interessante marcar com um Oscar a parte decadente da carreira da produtora. "Piratas Pirados" talvez seja pior, mas ainda não vi. "Frankenweenie" é bacana, embora seja dirigido por um dos mais fracos diretores da atualidade.

    FOTOGRAFIA:

    "Anna Karenina"
    "Django Livre"
    "As Aventuras de Pi"
    "Lincoln"
    "007 - Operação Skyfall"

    APOSTA: "As Aventuras de Pi". É uma fotografia bela, enfática e que atrai todas as atenções por natureza.

    MEU VOTO IRIA PARA: Dos indicados, não vi "007..." e "Anna Karenina", então entregaria o prêmio ao filme do Tarantino.

    O ABSURDO: Nenhum, embora vá ficar irritado pela vitória de "...Pi". Sim, pura birra com o filme!

    FIGURINO:

    "Anna Karenina"
    "Os Miseráveis"
    "Lincoln"
    "Espelho, Espelho Meu"
    "Branca de Neve e o Caçador"

    APOSTA: "Anna Karenina". Deve ser o prêmio de consolação ao filme ignorado.

    MEU VOTO IRIA PARA: "Lincoln". 

    O ABSURDO: "Espelho, Espelho Meu". Um filme vergonhoso, com um figurino vergonhoso.

    DOCUMENTÁRIO:

    "5 Broken Cameras"
    "The Gatekeepers"
    "How to Survive a Plague"
    "The Invisible War"
    "Searching for Sugar Man"

    APOSTA: Não assisti a nenhum dos indicados, mas, por puro chute: "The Invisible War"

    CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO:

    "Inocent"
    "Kings Point"
    "Mondays At Racine"
    "Open Heart"
    "Redemption"

    APOSTA: Novamente, não conferi nenhum dos selecionados, então, por chute, seria "Inocent".

    MONTAGEM:

    "Argo"
    "As Aventuras de Pi"
    "Lincoln"
    "O Lado Bom da Vida"
    "A Hora Mais Escura"

    APOSTA: "A Hora Mais Escura". "Argo" vai receber inúmeros prêmios e este filme de Bigelow - para não ser esquecido - levará este.

    MEU VOTO IRIA PARA: "Argo". Montagem sensacional.

    O ABSURDO: "As Aventuras de Pi" e "Lincoln". Ambos possuem montagens bem abaixo da média, levando em conta que nem prender a atenção (algo mais que básico) eles conseguem.

    FILME ESTRANGEIRO:

    "Amor"
    "No"
    "Kon-Tiki"
    "A Feiticeira de Guerra"
    "O Amante da rainha"

    APOSTA: "Amour". Todo ano há aquela categoria óbvia, que seria ingenuidade votar contra. Neste caso, é filme estrangeiro.

    MEU VOTO IRIA PARA: "Amour", por motivos já justificados acima. Porém, de forma alguma desmerecendo os outros indicados. Todos, ao menos, ótimos filmes. A Academia acertou em cheio nesta categoria. "No" surge como um ótimo drama político com um clima magnífico de formato digital estilizado. "O Amante da Rainha" resgata a vitalidade e requinte que os filmes de época de antigamente possuiam. "A Feiticeira de Guerra" -  talvez o mais "fraco" entre os selecionados - mescla lendas e cultura local com uma triste realidade, sem esquecer de encantar com cenas belíssimas. E, por fim, "Kon-Tiki" me surpreendeu como uma aventura que em muito bebe da fonte hollywoodiana de se fazer cinema, sem se esquecer do charme e da beleza europeia.

    O ABSURDO: Nenhum.

    MAQUIAGEM:

    "Os Miseráveis"
    "Hitchcock"
    "O Hobbit"

    APOSTA: "Hitchcock". A recriação facial do mestre do suspense é impressionante e serve a um filme bacana que deve ter agradado os jurados do Oscar.

    MEU VOTO IRIA PARA: "Hitchcock".

    O ABSURDO: Nenhum.

    TRILHA SONORA: 

    "Anna Karenina"
    "Argo"
    "As Aventuras de Pi"
    "007 - Operação Skyfall"
    "Lincoln"

    APOSTA: "Argo". Em tempos normais, apostaria sempre nas composições de John Williams, mas de uns tempos para cá, sinto que a Academia anda perdendo sua admiração descomunal por ele. Desplat está mais em voga.

    MEU VOTO IRIA PARA: Qualquer um. Mesmo. Nenhum deles me desperta grande admiração.

    O ABSURDO: Nenhum.

    MÚSICA ORIGINAL:

    "Ted"
    "Os Miseráveis"
    "007 - Operação Skyfall"
    "As Aventuras de Pi"
    "Chasing Ice"

    APOSTA: "007...". Adelle está em alta. É música principal de um filme de James Bond. E a própria cantora fará uma apresentação na noite.

    MEU VOTO IRIA PARA: "007..."

    O ABSURDO: Nenhum.

    DESIGN DE PRODUÇÃO:

    "Anna Karenina"
    "O Hobbit"
    "Os Miseráveis"
    "As Aventuras de Pi"
    "Lincoln"

    APOSTA: "O Hobbit". Sem justificativa. Uma daquelas categorias que não tenho muito o que comentar.

    MEU VOTO IRIA PARA: "O Hobbit".

    O ABSURDO: "As Aventuras de Pi". 

    CURTA DE ANIMAÇÃO:

    "Adam and Dog"
    "Head Over Heels"
    "The Papaerman"
    "Fresh Guacamole"
    "The Longest Daycare"

    APOSTA: "Head Over Heels". Neste ano, vários dos indicados atendem ao agrado dos jurados. "Adam and Dog" apresenta um estética linda associada a uma história delicada, porém minimalista demais. E "The Paperman" é um delicado e agradável trabalho da Disney (o que o torna também forte indicado). Mas há algo em "Head Over Heels" que me faz crer em sua vitória. Deve ser o stop-motion ou mesmo a beleza extrema do final. ("Fresh Guacamole" é originalíssimo e muito bem executado, mas não acredito que tenha chances).

    MEU VOTO IRIA PARA: "Head Over Heels".

    O ABSURDO: Nenhum. Embora "The Longest Daycare" seja o mais fraco de todos os indicados.

    CURTA-METRAGEM:

    "Asad"
    "Buzkashi Boys"
    "Curfew"
    "Death of a Shadow"
    "Henry"

    APOSTA: "Buzkashi Boys". Chute.

    MEU VOTO IRIA PARA: o melhor curta do ano passado não foi indicado: "Swimmer", da diretora Lynne Ramsay. Quando aos concorrentes, não conferi nenhum.

    EDIÇÃO DE SOM:

    "Argo"
    "Django Livre"
    "A Hora Mais Escura"
    "007 - Operação Skyfall"
    "As Aventuras de Pi"

    APOSTA: "A Hora Mais Escura". Mais um prêmio para a consolação da senhora Bigelow. Mas merecido.

    MEU VOTO IRIA PARA: "A Hora Mais Escura". A edição sonora deste filme é simplesmente sublime. A naturalidade e precisão dos sons é impressionante, vide o tiroteio no terceiro ato.

    O ABSURDO: Nenhum.

    MIXAGEM DE SOM: 

    "Argo"
    "Os Miseráveis"
    "As Aventuras de Pi"
    "Lincoln"
    "007 - Operação Skyfall"

    APOSTA: "Argo".

    MEU VOTO IRIA PARA: "Argo".

    O ABSURDO: "...Pi".

    EFEITOS VISUAIS:

    "O Hobbit"
    "As Aventuras de Pi"
    "Os Vingadores"
    "Prometheus"
    "Branca de Neve e o Caçador"

    APOSTA: "O Hobbit". Desta vez, vou contra a maré. Todos apostando em "...Pi" pela perfeição da criação dos animais. E, de certa forma, o filme de Ang Lee também merece. Mas seria gratificante se um dos melhores blockbusters do ano saísse com pelo menos um prêmio.

    MEU VOTO IRIA PARA: "O Hobbit".

    O ABSURDO: Todos possuem ótimos efeitos, mas votaria em "Branca de Neve e o Caçador" como absurdo, se ganhasse.

    366. Os Miseráveis

    sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
    Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários


    (Ruim)

    É notório que o Oscar possui diretores queridos. Aqueles que, mesmo sendo completos incompetentes, ainda continuarão a ser indicados nas categorias principais. E o queridinho da vez é Tom Hooper, o fraquíssimo diretor de "O Discurso do Rei" (premiado há dois anos atrás). O truque é que Hooper descobriu a fórmula do jogo. E a aplica em seus filmes para concorrer ao prêmio. Nem que isso implique em filmar cenas forçadas, explorando o máximo do sofrimento em sua forma mais melosa - como faz aqui.

    Baseado na mais famosa obra de Victor Hugo, "Os Miseráveis" narra a jornada de Jean Valjean, ex-prisioneiro que, após chegar ao fundo do poço, promete mudar de vida. Porém, o inspetor Javert se determina a encontrá-lo e prendê-lo. Ao longo de sua jornada, se envolve com os personagens mais diversos, culminando na própria Revolução Francesa. A história é belíssima e forte. Já rendeu filmes de alto nível. E este seria mais um, não fosse a direção horrível de Tom Hooper. Impreciso e raso, parece que o realizador se acovarda em levar o drama mais a fundo, não se aprofunda nos personagens e cuida de estragar momentos de lirismo ímpar na narrativa. Além do mais, parece não ter conhecimento algum sobre fotografia e filmagem. Tentando adicionar uma roupagem mais atual e moderna à revolução, a câmera na mão se torna irritante e exagerada por diversos momentos. 

    E por falar em exagero, Tom parece ser mestre na arte de exagerar (negativamente). Obriga seus atores a serem caricatos ao extremo enquanto cantam. Pois, para ele, não basta cantar, tem que berrar. 

    Felizmente, o mesmo erro não se repete por parte do elenco - o ponto mais positivo do filme, de longe. O cast é repleto de performances memoráveis, com destaque, claro, para Anne Hathaway, como a  prostituta Fantine. A entrega da atriz ao papel é digna de nota, rendendo momentos sublimes, como sua performance de "I Dreamed a Dream" (que levou diversas pessoas da minha sessão às lágrimas), o melhor momento de todos os 157 minutos de projeção. Hugh Jackman, porém, não fica muito atrás. Brilha em diversos momentos e merece todos os elogios que recebe. Os coadjuvantes também não decepcionam. Helena Boham Carter e Sasha Baron Cohen formam uma dupla ótima e um alívio cômico bem considerável. Porém,  eu me pergunto: quem colocou na cabeça que Russel Crowe e Amana Seyfried tinham o mínimo de talento para o canto?! Crowe, como cantor, é um ótimo ator. Já de Amanda, não posso dizer o mesmo. Erra no canto e na atuação, erra no papel e erra por ter seguido a profissão de atriz. De qualquer forma, por mais que as atuações sejam magistrais (tirando as duas exceções, obviamente), ainda estão submetidas a direção ridícula de Hooper, que acaba estragando algumas boas tiradas dos atores, os forçando a exagerar demais em diversas passagens, exterminando muito da verossimilhança do filme. 

    Como se não bastasse, o roteiro também faz jus à direção: diversas músicas são fraquíssimas e vergonhosas - já que tudo é cantado. Além do mais, diversos versos são completamente dispensáveis (como os pensamentos cantados), o que torna tudo mais gratuitamente meloso e exagerado. Porém, o fato de não haver nenhum diálogo falado normalmente não justifica algumas letras de qualidade duvidável. Já que se dá ao estilo ópera, comparemos às óperas, então. Já assisti a óperas que - apesar de tudo ser cantado - possuíam textos e rimas divinas. Não preguiçosas e aborrecidas como estas do filme. Se for para conferir uma ópera durante a Revolução Francesa, fico com "Ça Ira", de Roger Waters.

    E encerrando com chave de ouro, temos uma montagem péssima, confusa e descoordenada  que também deve ter sido infectada pela incompetência do diretor. "Os Miseráveis", então, não justifica diversas indicações que recebeu ao Oscar, ainda que tenha momentos memoráveis. Tudo isso me leva a crer que, se Tom Hooper dirigisse uma versão inglesa de "Cinderela Baiana", este provavelmente concorreria nas categorias principais do Oscar.

    Gênero: Drama
    Duração: 157 min.
    Ano: 2012