373. Os Suspeitos

domingo, 23 de março de 2014
Postado por Selton Dutra Zen 1 comentários


(Obra-prima)

É comum que os cinéfilos, de um modo geral, mantenham os dois pés atrás em relação ao parâmetro do cinema norte-americano atual. De certa forma, este preconceito é justificado tendo em vista o declínio da originalidade e relevância dos filmes produzidos nos E.U.A em torno de uma década. Não é novidade que os longas produzidos neste polo deixaram de lado a razão e emoção em detrimento de sucessos plastificados, frios e homogêneos: quanto mais fiel à receita do dinheiro, melhor. Mas quando me deparo com algo do cacife de um suspense policial como este, sinto que ainda há muitas mentes criativas abrilhantando o cinema do norte de nosso continente e trazendo um sopro de esperança em meio aos enlatados habituais. "Os Suspeitos" faz pensar, faz sentir e não apenas é um estudo sensacional da corrupção humana ante a tragédia e o desespero, mas também é o melhor filme lançado no ano de 2013.

Este status pode até soar exagerado e um tanto precipitado - afinal ano passado, embora bem inferior a 2012, rendeu longas de excelente qualidade e forte apelo emocional - mas se considerarmos o histórico de seu realizador, o resultado final se prova algo muito maior que apenas mera cartada de sorte. Denis Villeneuve vem afirmando seu talento e concretizando sua mão firme na direção desde a época de seus primeiros longas, ainda no Canadá. Como pode ser notado no ótimo "Politécnica" (2009) e ainda mais no excelente "Incêndios" (2010), Villeneuve é um daqueles realizadores capazes de chocar sem o apoio imagético. Sua direção é forte e precisa demais, excluindo a necessidade de se apoiar em imagens depravadas para manifestar repulsa ou desconforto no espectador. E por mais estarrecido que eu tenha ficado ao encerramento de seu longa de 2010, é em "Os Suspeitos" que o talento de seu realizador floresce e se expressa de forma mais vívida e incomparável. O que senti (e ainda sinto) ao fim da projeção deste seu mais novo longa é algo que não consigo descrever. Me parece um misto de angustia pela densidade da narrativa ou melancolia pela abordagem da direção. No fundo, o que é não importa, importa mesmo é que "Os Suspeitos" me atingiu de uma forma que há muito tempo não sentia em um lançamento dos últimos anos.

Dentro do campo narrativo, acompanhamos a busca desesperada de duas famílias (e um detetive) para encontrar suas filhas sequestradas. E o que soa como um suspense genérico e é vendido como um thriller policial insosso, na verdade se apresenta como uma divagação sobre um tema que sempre estará em voga: a destruição de um homem pela raiva e obsessão. São duas as premissas abordadas, então: há a investigação que reserva surpresas e revelações perturbadoras e há a transformação de um ser humano digno em um animal. E o mais interessante é a forma como um tema interage com o outro, formando uma rede de personagens e acontecimentos inquebrantável. O roteiro é inteligente e merece elogios principalmente por confiar na capacidade do espectador em se utilizar da lógica para deduzir muitos dos impulsos e nuances da trama. Assim, poupa-nos de sequências explicativas explícitas e reserva mais foco à evolução e aprofundamento da estória. Por isso, cada elemento consta lá por um motivo e nada pode ser dissociado dos 153 minutos de projeção. Ou seja: um daqueles raros casos de filme onde todos os elementos independentes são excelentes e interagem de forma mais magistral ainda - tudo pautado e amarrado pela mão autoral de Villeneuve por trás das câmeras. 

A começar pela fotografia admirável, que logo em seu plano de abertura estabelece sua abordagem fria e melancólica através de tons amenos e realce do branco e preto. É notório que o objetivo primeiro de um fotograma é registrar e endossar a trama que está sendo contada. Cabe ao fotógrafo acrescentar vida às imagens e não apenas retratar, mas contar uma estória. Em segundo lugar, então, se posiciona a estética - na medida do possível, as imagens devem realçar a beleza das localidades ou das imagens capturadas (note que beleza é subjetivo). E a cinematografia de "Os Suspeitos" é simplesmente brilhante justamente por agraciar os dois parâmetros de forma ambígua e muito rica. Através de discretos travellings e closes, as imagens exprimem muito do sufocamento e desesperança nos quais a vida dos protagonistas é imersa, enquanto a paleta de cores desbotadas exprime um gigante tom de melancolia e solidão (o que se contrasta pelos planos abertos da imensa floresta sob a neve) que perdura durante toda a projeção. A beleza criada pelas lentes é, simultaneamente, fabulosa aos olhos, mas triste e doentia. Dessa forma, diversos quadros são inundados por um sofrimento latente, enquanto somos obrigados a contemplar a beleza natural e estética remetidas pelo filme.

E toda essa imersão é engrandecida pela montagem deslumbrante - sem dúvidas, a melhor do ano passado. Dotada de uma fluidez invejável (que faz as mais de duas horas e meia de projeção passarem voando), não apenas é magistral pela linha narrativa que cria, mas principalmente pela inteligência com a qual os planos são costurados entre si. As pistas e revelações são posicionadas nos instantes mais precisos e acertados, de forma a não deixar a peteca cair instante algum. Além do mais, a coesão com a qual as cenas são transpassadas só engrandece a identificação do público no filme. E se levarmos em conta a precisão cirúrgica com a qual a trilha sonora se homogeniza às imagens, o resultado final é delirante e único. 

Já na linha de frente, há um elenco entrosado e repleto de astros se desconstruindo antes as câmeras. Huck Jackman mais uma vez abandona a pose de sex simbol para dar vida a um homem descontrolado (o pai de uma das garotas desaparecidas), porém frágil - e é justamente essa fragilidade que extermina o seu auto-controle. Sua performance se aproxima demais de seu desempenho no maravilhoso "Fonte da Vida" (2006). E o principal mérito seu é a fuga completa da obviedade. Personificando um homem em plena crise, ao invés de optar por recorrentes explosões de raiva, conduz seu desempenho de forma discreta e controlada. Expressa sua dor extrema apenas com o olhar e trejeitos nervosos em suas mãos e expressões faciais - o que já basta para se fazer entender. Qualquer espectador leigo que se deparar com um olhar poderoso como o exprimido por Jackman poderá notar que aquele homem guarda dentro de si uma dor imensa pronta para explodir. E quando a explosão vem (em raros momentos), o estrago é irremediável. Sua crise dilacera o público que já estava fragilizado pela carga emocional da narrativa até então. Por outro lado, seu companheiro de cena e muitas vezes antagonista, Jake Gyllenhaal, sofre do completo oposto. Sua performance como o detetive encarregado do caso é extravagante e exagerada, se utilizando de algo muito perigoso na construção de uma persona: os vícios óbvios que servem como muleta de interpretação e que muitas vezes surgem como um apoio desesperado para a sua falta de entrosamento com o personagem que interpreta. Isso, claro, se dilui na sopa de atores coadjuvantes que, junto dos protagonistas, formam uma escala homogênea de interpretações, todas acima da média, e praticamente no mesmo grau de qualidade. Há um Terrence Howard que convence e uma Viola Davis que emociona por sua quietude, da mesma forma que Maria Bello impressiona pelo estado semi-depressivo em que se encontra e Melissa Leo volta a me conquistar depois de tantos anos, desde o medíocre (porém muito bem interpretado) "Rio Congelado" (2008). 

E ao final, a soma de todas essas variáveis sensacionais - mescladas por uma direção mais que sublime - resulta em um inteligentíssimo thriller, fora do comum. Um dos melhores policiais dos último anos e uma das maiores obras-primas dessa nova década de 20. Seu esquecimento na edição do Oscar deste ano deveria ser tido como crime, uma vez que "Os Suspeitos" é uma conquista imensa, que coloca Denis Villeneuve no seleto rol dos melhores diretores vivos. E ouso dizer que, no parâmetro de suspense, se equipara a colegas de profissão mais experientes, como Eastwood e Demme, quando realizaram os respectivos "Sobre Meninos e Lobos" (2003) e "O Silêncio dos Inocentes" (1991). Pode soar exagerado? Talvez. Contudo, eu aposto minhas fichas na capacidade de Denis em se tornar o maior diretor de thrillers policiais em atividade. Mas isso só o tempo dirá... e que não demore muito para se provar!

Gênero: Drama / Suspense
Duração: 153 min.
Ano: 2013

Cinefilia 26: Apostas ao Oscar 2014

sábado, 1 de março de 2014
Postado por Selton Dutra Zen 1 comentários

Véspera de Oscar, ânimos à flor da pele e cinéfilos se preparando para irem dormir irritados na noite de domingo. Aviso de antemão que, como pode ser notado nas atividades recentes do blog, não estou tão engajado assim na premiação deste ano. 2013 foi um ano repleto de bons lançamentos e pouquíssimas produções realmente ruins, o que, claro, refletiu diretamente na seleção dos indicados às categorias. E  é justamente essa imparcialidade cinematográfica do ano passado (nada tão inesquecível, tampouco detestável) que me afasta e me desentusiasma para amanhã à noite. Prefiro assistir a uma premiação onde os concorrentes se posicionem um degrau acima ou abaixo da linha média do cinema atual, prefiro que os filmes indicados me façam sentir algo além de indiferença: seja choque pela ruindade - e ainda mais por estar concorrendo a prêmio tão importante - ou mesmo pelo brilhantismo de um projeto da mais alta estirpe. Algo que remete muito aos indicados aos Academy Awards do ano passado, onde filmes incríveis ("Amour") disputavam contra produções fraquíssimas e inexplicáveis (como "Indomável Sonhadora" ou "As Aventuras de Pi"). 

Mas ao contrário do que minha falta de entusiasmo pareça demonstrar, assisti a todos os indicados nas principais categorias, mesmo não os tendo comentando em textos no C de Cinema. Este post, portanto, surge como uma espécie de redenção minha em relação a vocês, leitores. Além de arquivar aqui minhas apostas e esperanças para mais uma edição do prêmio da Academia, procurarei tecer breves comentários sobre os longos mais relevantes deste ano. Sem mais delongas, vamos às fichas...

MELHOR FILME:

QUEM GANHA? "12 Anos de Escravidão". O motivo não é novidade para ninguém. O tema agrada aos membros votantes e a narrativa (ao contrário do que muitos pregam) de certa forma agrada aos olhos do júri. É de fato um ótimo filme, que representa um precoce amadurecimento de seu "inexperiente" diretor ao abordar um tema dessa natureza com tanto cuidado e zelo, sem deixar de chocar quando preciso.

QUEM DEVERIA GANHAR? "Gravidade". Meu indicado favorito não apenas pela brilhante direção ou pelas sutis referências estilísticas e narrativas a grandes clássicos da ficção científica, mas principalmente pela ousadia e pelo legado que (espero!) possa deixar aos  seus sucessores. É ousado, tecnicamente exemplar e, mesmo que simplório em pretensão, lida com as emoções do espectador de forma a entrar para a lista dos grandes filmes de 2013.

MELHOR DIRETOR:

QUEM GANHA? Alfonso Cuarón. A Academia não poderia deixar de prestar homenagem a um diretor cujos feitos narrativos são impressionantes. Apenas pelo brilhantismo da direção dos planos-sequência de "Gravidade" acredito que Alfonso deva levar a estatueta. 

QUEM DEVERIA GANHAR? Alfonso Cuarón, sem dúvidas a melhor direção dentre os 5 indicados na categoria. 

MELHOR ATRIZ:

QUEM GANHA? Cate Blanchett. Não apenas por ter ganho diversos dos prêmios aos quais concorreu por sua performance, mas por servir de prêmio de consolação a "Blue Jasmine", que não deve levar nada além desta categoria.

QUEM DEVERIA GANHAR? Cate Blanchett. A atriz está em sua melhor e mais complexa performance. Protagoniza e eterniza algumas das melhores sequências do ano passado no excelente filme de Allen.

MELHOR ATOR:

QUEM GANHA? Matthew McConaughey. Personagens deste tipo costumam agradar e impressionar a Academia, ainda mais pela entrega física de Matthew ao papel. De fato, sua performance é impecável em um filme destacável. Pode ser ameaçado apenas por Leonardo DiCaprio, tantas vezes concorrente.

QUEM DEVERIA GANHAR? Leonardo DiCaprio, que cria uma persona hipnotizante e cativante de um sujeito inescrupuloso, corrupto e detestável.

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:

QUEM GANHA? Lupita Nyong'o. A paixão da Academia por "12 Anos de Escravidão" deve interferir na escolha. E também quero acreditar com todas as minhas forças que Jennifer Lawrence não levará o prêmio amanhã à noite. Já basta a brincadeira de mal gosto do ano passado, onde nenhum cinéfilo (muito menos Riva), acredito, deva ter rido.

QUEM DEVERIA GANHAR? Júlia Roberts. (Há uma vaga chance para a atriz também como forma de consolação ao ótimo "Álbum de Família").

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL:

QUEM GANHA? "Ela". História incomum, tratada de forma original, com direito a situações emocionantes e ainda uma divagação sobre solidão, malefícios da tecnologia e perversão.

QUEM DEVERIA GANHAR? "Blue Jasmine". Woody Allen afiado, dramático e enfático.

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO:

QUEM GANHA? "O Lobo de Wall Street". Como pode ser observado, a cerimônia tende a ser de prêmios de consolação. Como Scorsese não tem chance nas duas principais da noite, seu filme deve levar a estatueta como prêmio de participação.

QUEM DEVERIA GANHAR? "O Lobo de Wall Street".

MELHOR FILME ESTRANGEIRO:

QUEM GANHA? "Alabama Monroe". É um retrato tocante, incisivo e dolorido não apenas do câncer, mas da natureza humana ante uma situação desesperadora e de tristeza profunda. É um belo e tocante filme belga que, se ganhar, ficaria muito satisfeito - mesmo não sendo meu favorito na disputa.

QUEM DEVERIA GANHAR? "A Caça". Este sim, uma obra-prima inesquecível que deveria ser muito mais difundida do que de fato é. Sublime ensaio sobre o poder da mentira e poderosíssimo drama sociológico de diversas camadas a se decupar na mente quando a projeção se encerra. É estarrecedor, estonteante, uma sequência macabra de dor e exclusão.

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL:

QUEM GANHA? "Lei it Go". "Frozen" está em voga, é da Disney, além de a música agradar a muitos e ser universal. Particularmente, não acho a música grande feito, assim como o filme - a composição não é tão impactante e enfática quanto deveria ser na cena específica.

QUEM DEVERIA GANHAR? "The Moon Song". Esta sim, uma música tocante e significante, sem pretensão de ser edificante, mas bela e eficiente, que serve a um filme igualmente belo e eficaz.

MELHOR ANIMAÇÃO:

QUEM GANHA? "Frozen". Os motivos são óbvios, mas vale citar que, ao contrário da massa, não me senti atraído pelo filme. Quando um coadjuvante fala bem mais alto e cativa mais que os protagonistas, há alguma coisa muito errada acontecendo...

QUEM DEVERIA GANHAR? "Ernest & Celestine". Belíssima ode a amizade sem barreiras ou fronteiras, sob um design nostálgico, visualmente lindo e singelo.

MELHOR DOCUMENTÁRIO:

QUEM GANHA? "The Square". Esta categoria talvez seja uma das mais difíceis da noite. Dois são os títulos mais cogitados ao prêmio: o que acredito que leve e "The Act of Killing". Dou meu voto ao primeiro porque, mesmo sabendo do caráter mais liberal e ousado dos jurados desta categoria, não acredito que uma obra tão única e experimental quanto "The Act of Killing" leve o prêmio. Pode haver surpresas, porém...

QUEM DEVERIA GANHAR? "The Cutie And the Boxer". Dentre todos os que vi desta categoria, tenho que confessar que este foi o que mais me atraiu. Sua simplicidade é fascinante, além de ser eficaz no retrato que pretende tecer.

MELHOR FOTOGRAFIA:

QUEM GANHA? "O Grande Mestre". Wong Kar Wai sempre tem preferência neste quesito técnico. Ainda mais nesta edição do Oscar que, ao que tudo indica, será mais dispersa em seus vencedores.

QUEM DEVERIA GANHAR? Não conferi o longa de Kar Wai ainda, por isso posso estar cometendo uma injustiça, mas daria o prêmio a "Nebraska" pela nostalgia evocada pelo preto e branco dos planos.

MELHOR FIGURINO:

QUEM GANHA? "O Grande Gatsby". Mais uma vez aposto na dispersão dos vencedores, ainda mais se tratando de um filme tão comentado no ano e esnobado na maioria das demais categorias da premiação.

QUEM DEVERIA GANHAR? "12 Anos de Escravidão".

MELHOR MONTAGEM:

QUEM GANHA? "Clube de Compras Dallas". A montagem é fluída, cativante e estabelece uma excelente evolução do personagem.

QUEM DEVERIA GANHAR? "Gravidade". Opção puramente particular. Sempre fui adepto de planos mais longos e cortes espaçados e precisos. E este filme os têm da forma mais brilhante.

MELHOR MAQUIAGEM:

QUEM GANHA? "Clube de Compras Dallas".

QUEM DEVERIA GANHAR? "Clube de Compras Dallas".

MELHOR TRILHA SONORA:

QUEM GANHA? "A Menina que Roubava Livros"

QUEM DEVERIA GANHAR? "Ela".

MELHOR DESIGN:

QUEM GANHA? "12 Anos de Escravidão"

QUEM DEVERIA GANHAR? "12 Anos de Escravidão".

MELHOR EDIÇÃO DE SOM:

QUEM GANHA? "O Hobbit". Mais uma vez, consolação.

QUEM DEVERIA GANHAR? "O Hobbit". Tecnicamente, o filme é admirável e impecável. Surpreendente ter sido nomeado a tão poucos prêmios técnicos.

MELHOR MIXAGEM DE SOM:

QUEM GANHA? "O Hobbit". A sequência da voz do dragão é impressionante e arrepiante.

QUEM DEVERIA GANHAR? "O Hobbit".

MELHORES EFEITOS VISUAIS:

QUEM GANHA? "O Hobbit".

QUEM DEVERIA GANHAR? "O Hobbit".

MELHOR CURTA DE DOCUMENTÁRIO:

QUEM GANHA? "Prison Terminal"

QUEM DEVERIA GANHAR? Não assisti a nenhuma dos indicados portanto, não posso opinar.

MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO:

QUEM GANHA? "Get a Horse"

QUEM DEVERIA GANHAR? Como na categoria acima, não assisti a nenhum dos indicados, portanto me abstenho.