tag:blogger.com,1999:blog-17835649680674811932024-02-19T01:10:21.665-08:00C de CinemaSelton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.comBlogger411125tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-52916918189757248432015-01-28T15:09:00.002-08:002015-01-28T15:09:48.146-08:00375. O Segredo das Águas<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGLq86dhyphenhyphenAUfuQI9nvv0660AxewLH7vg3ABs6DSbF8AgEODPu5eqH2iLh-VLXhrBwZwjuehgLDdXa_WruaMufCk1iVWUTXuntMgMGiRC2h-pc6UgRyiPotFoBzOShW9Zvv7C08hFvr8Bhe/s1600/Still_the_Water_Aguas_tranquilas-955325454-large.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGLq86dhyphenhyphenAUfuQI9nvv0660AxewLH7vg3ABs6DSbF8AgEODPu5eqH2iLh-VLXhrBwZwjuehgLDdXa_WruaMufCk1iVWUTXuntMgMGiRC2h-pc6UgRyiPotFoBzOShW9Zvv7C08hFvr8Bhe/s1600/Still_the_Water_Aguas_tranquilas-955325454-large.jpg" height="400" width="281" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaCf-XUGfsAxiFGPZQdamRtzjX8DnyJ3VFwd72tosy3Fhl33hCVBGe6o3xMdR6yomhSytE1OGJ44NsAiHN2FkYq9tVfXty184G-JZ45Tls0SFZ1Mi3NFhFZLiCS73R9oXDTPwV9pU2Cvp3/s1600/5stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhaCf-XUGfsAxiFGPZQdamRtzjX8DnyJ3VFwd72tosy3Fhl33hCVBGe6o3xMdR6yomhSytE1OGJ44NsAiHN2FkYq9tVfXty184G-JZ45Tls0SFZ1Mi3NFhFZLiCS73R9oXDTPwV9pU2Cvp3/s1600/5stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Obra-prima)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
São muito poucos os cineastas dedicados ao cinema primordialmente sensorial na atualidade e destes, menor ainda é o número dos que realmente obtêm êxito. Naomi Kawase se conserva como um dos raros nomes de respeito neste contexto não apenas por realizar trabalhos de extrema delicadeza e sensibilidade, mas também por toda a homenagem que presta ao próprio país. Toda sua carreira foi dedicada a engrandecer a cultura japonesa, e não necessariamente torná-la palatável (fornecer explicações), mas elevar à máxima potência o conceito de união do arcaico (todas as lendas e os hábitos antigos) com o moderno (as relações humanas, o sexo e a selva de pedra). Surge dai sua marca registrada que, pessoalmente, tanto me agrada: a interação entre o ser humano e a natureza. E em "O Segredo das Águas" (2014), seu mais novo filme, isto se faz mais claro que nunca.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
A lógica é a mesma de seus filmes anteriores. Um fiapo de trama surge como vetor para uma análise de como nós, seres viventes, nos conectamos com a dinâmica da natureza. Embora aqui haja uma linha narrativa mais concreta. Aqueles que nunca tiveram contato com o cinema de Kawase podem encontrar neste o longa ideal para ingressar no universo da cineasta. O drama começa com a aparição de um cadáver nas águas do mar de uma praia em uma ilha japonesa, cuja minúscula população subsiste em grande parte das riquezas proporcionadas pelo mar e pelas belezas naturais do local. E de alguma forma este incidente altera a rotina de um jovem adolescente que vive a maior parte de seu dia sozinho - sua mão se apresenta como uma figura ausente. Sua realidade individualista é mudada pela presença de uma garota apaixonada por ele que, aparentemente, não é correspondida. O longa se dedica, então, a seguir o dia a dia dos dois jovens enquanto estes aprendem a amadurecer sob a luz de diversas mudanças em suas vidas e na forma de enxergarem o mundo. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Ela possui um contato total com a natureza. O mar é como sua segunda casa, um lugar de libertação, ela se sente livre e dona de seu próprio mundo. Filha de uma xamã, aprendeu com a mãe o poder da natureza e o quanto esta pode se relacionar com o comportamento humano. O garoto, por sua vez, teme o mar e o encara como uma criatura viva, prestes a engolir tudo que se oponha a seus limites. E de certa forma as duas visões se completam, já que a obra pretende justamente abordar o mar como uma entidade viva, capaz de dar e coletar tudo outra vez, capaz de conceder vida e de tirá-la. E por mais que outros elementos naturais se fundam à ideia, o foco se concentra sempre no mar. É como se "O Segredo das Águas" complementasse uma ideia construída por Kawase em suas obras-primas anteriores, "A Floresta dos Lamentos" (2007) e "Hanezu" (2011). No filme de 2007, o foco parece ser o ar, o modo como os dois personagens, perdidos na floresta, são manipulados e surgem tão desprotegidos sob a presença do vento e a forma sutil com que suas vidas vão seguindo como que em lufadas do destino parece ressaltar a ideia. Quatro anos depois, no longa de 2011, Kawase discorre sobre a importância da terra na vida humana e a própria trama se revela muito mais árida e crua, que deixa um gosto estranho com seu encerramento pessimista. "O Segredo das Águas" se conserva na mesma linha. E nunca antes a ideia da natureza influenciando o estado emocional dos personagens (e vice-versa) se fez tão óbvia em sua filmografia. Basta notar que, conforme a vida dos protagonistas vai se conturbando, mais e mais o mar vai se tornando revolto, assim como o vento soprando mais forte, até culminar na tempestade do terceiro ato.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Mas a agressividade natural se contrapõe à sutileza da construção psicológica dos protagonistas - algo que a diretora se especializou ao longo dos anos. Tudo é dito nas entrelinhas. O espectador de fato não consegue identificar os sentimentos do garoto para com sua companheira e passa a analisar cada uma de suas atitudes como se tentando entender a confusão de seu caráter. Em raros momentos podemos vê-lo rindo ou mesmo externalizando algum tipo de emoção mais concreta que não seja o tom indiferente de seu olhar. E nem precisa de fato demonstrar o que sente... a expressão da natureza já traduz tudo que se possa precisar compreender.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E assim como a evolução das personas, também é a técnica: de um extremo bom gosto, os elementos parecem se fundir de forma homogênea e inseparável. Tudo acompanha um mesmo patamar de qualidade em sintonia. A começar pela fotografia que opta mais pela vitalização e embelezamento das cenas filmadas que pela apelação de um clima específico. Assim, as tomadas abertas reservam panoramas belíssimos que engrandecem ainda mais a grandiosidade e o poder do mar e dos elementos sobre a ilha e entrega cenas de extrema inteligência, como toda a sequência em que a mãe da protagonista retorna o hospital e sua cama é instalada em um ambiente onde esta possa observar a figueira deitada em seu leito. A reação da mulher diante do esplendor natural que enxerga é um exemplo onde a imagem adquire um coração à parte, como se fosse viva. Notem como, nesta sequência, a câmera adota angulações geralmente baixas (pequenez) ou planos americanos (igualando a árvore à mulher), de forma que uma criatura se funde como a outra através da mão estendida da mulher.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E obedecendo à mesma funcionalidade da fotografia, a mixagem de som cuida de transformar sons naturais em quase personagens, enquanto a montagem crua e precisa economiza em rodeios e aplica cortes precisos em momentos exatos, de onde vem a força crua da narrativa. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
No fundo, "O Segredo das Águas" não passa de um roteiro sobre a descoberta adolescente, Um romance entre duas criaturas afetadas pela fase conturbada da vida. Se descobrindo como seres humanos e nem sempre gostando do que descobrem ser. O que por si só é promissor de nascença. Mas a grandiosidade e o tempero extra são créditos de Naomi Kawase, que neste seu mais novo projeto se mantém fiel à sua estética e entrega uma obra de beleza considerável, humana e cultural, como sempre fez e parece que sempre assim fará. Apresentou um dos trabalhos mais lindos do ano, assim como um dos melhores longas de 2014. É uma pena que muitos cinéfilos ainda se fechem ao trabalho autoral da diretora japonesa e não deem o crédito necessário à mulher: uma das melhores realizadoras (es) da contemporaneidade. </div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-75581821588146222822014-11-13T17:12:00.002-08:002014-11-13T17:12:26.230-08:00374. Interestelar<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjATTJFdOMWZXUpSsTazJRy2OICBZb2krkcLvHXMA5C4vKBEl51EHByQrvECIZw-zATXi7Qikk-8y3hMl3JNR8U3X6fqaaaG0JuD0b7DPFgksfjbwJQD0V67DUXcCTFdfQ0TTSArPyg3TAm/s1600/interstellar3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjATTJFdOMWZXUpSsTazJRy2OICBZb2krkcLvHXMA5C4vKBEl51EHByQrvECIZw-zATXi7Qikk-8y3hMl3JNR8U3X6fqaaaG0JuD0b7DPFgksfjbwJQD0V67DUXcCTFdfQ0TTSArPyg3TAm/s400/interstellar3.jpg" width="255" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_jqe_LiEcbL3pfQZNpX7ugz9t3fgCV23xEcDkT1RqMhqPC1o8GsPN4HWD-STD8y5rCD7NxeztuNplTUwu9OKSQyFFf5uuiBUrVUlOs1smdolFgoFgVheGhseecQ0JsAdsME0JhE70MgB3/s1600/5stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg_jqe_LiEcbL3pfQZNpX7ugz9t3fgCV23xEcDkT1RqMhqPC1o8GsPN4HWD-STD8y5rCD7NxeztuNplTUwu9OKSQyFFf5uuiBUrVUlOs1smdolFgoFgVheGhseecQ0JsAdsME0JhE70MgB3/s1600/5stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Obra-prima)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;">Escrever é uma arte e, como tal, exige demais do campo dos
sentimentos. Claro, é através da escrita, do som ou da imagem que nos
desconstruímos e expressamos tudo o que há de melhor ou pior dentro de nós
mesmos – não é à toa que a melancolia sempre foi ótima fonte de inspiração. E
justamente por esse contato íntimo que conservo com a escrita que me senti,
confesso, acuado em escrever sobre <b>“Interestelar” </b></span></span>(2014)<span style="font-family: inherit; line-height: 150%;">. Conferi o longa em seu fim
de semana de estreia mas demorei para comentá-lo em texto devido uma alienação
gigante que senti ao seu encerramento principalmente por não saber como
transpor o que sentia em palavras. O novo longa do inglês Christopher Nolan é
muito mais letárgico e sentimental do que eu realmente estava preparado para
encarar – e me senti distante, transitando por dimensões ainda não concebidas,
com dificuldade de voltar: </span><b style="font-family: inherit; line-height: 150%;">“Interestelar”</b><span style="font-family: inherit; line-height: 150%;"> me conduziu a uma viagem tão
espiritualmente devastadora e construtiva como há muito não via em um filme de
ficção.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;">Conduzindo a épica jornada está Cooper, engenheiro
frustrado e ex-piloto espacial que é chamado a liderar uma expedição com
intuito de estudar outros planetas possíveis portadores de vida, já que a Terra
e toda sua população está à beira do colapso e extinção. Para tanto, devem
penetrar o âmbito desconhecido de um buraco negro, suposto portal para outra
galáxia. O drama é que Cooper pode nunca mais voltar a ver seus filhos, devido
a relatividade de tempo e espaço existente em domínios extra-humanos. Com isso,
o acerto de Nolan começa logo no casting, ao confiar o protagonismo a Matthew
McConaughey, que vem se provando cada vez mais habilitado e maduro para tomar
as rédeas de personagens muito mais complexos, desde 2011, tendo como exemplo
longas como <b>“Killer Joe”</b>. Surgido e estabelecido no mundo das comédias
românticas, sempre como o personagem encarregado de arrancar suspiros da
plateia feminina, Matthew, aqui, encabeça um homem fragilizado pela perda
dolorida de sua mulher, pela frustração de viver deslocado em uma época e
ambiente que não contemplam a criatividade intelectual de sua formação, além de
lutar diariamente para o sustento de seus dois filhos ainda menores. O que mais
impressiona na concepção do personagem é seu metamorfismo durante a projeção.
Não era para menos, após presenciar situações inomináveis, o mínimo a se
esperar de seu comportamento é um amadurecimento gritante – justamente o que
acontece. Afinal, há uma jornada muito mais espiritual que técnica
acontecendo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;">Fazem parte do elenco, também em performances notáveis, as
queridas da américa Jessica Chastain e Anne Hathaway, pauteadas por um Michael
Caine já em idade avançada. Todos em um entrosamento capaz de levar diversas
cenas nas costas sem grandes dificuldades. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;">Mas, dentre tudo, é necessário deixar a racionalidade um
pouco de lado (embora esta se faça fortemente presente ao longo de toda a
trama) e contemplar a conquista do próprio Nolan em um âmbito inédito ao
cineasta. Ao tratar de questões não mais puramente frias e teóricas, o diretor
abre espaço para mostrar seu lado que até então tinha permanecido escondido: a
expressão dos sentimentos. Pela primeira vez, Christopher prova ser um
realizador extremamente hábil no domínio dos sentimentos e fazer com que estes
alimentem a narrativa de forma tão significativa que se torna impossível o não
envolvimento do espectador na jornada interestelar. Seus outros longas, embora
sejam trabalhos notáveis, ainda são frios e carecem de um maior engajamento
humano. <b>“Interestelar”</b> surge justamente para mostrar o contrário e de forma não
tão fácil: extrair sentimentos de uma plot por natureza extremamente técnica e
racional. Não que a racionalidade tenha sido abandonada. Pelo contrário, ela se
faz notar deveras. A diferença é que há espaço narrativo para que a frieza da
racionalidade ande de mãos dadas com o aconchego dos valores humanos. E ainda
se faz mais: Nolan cria a sensação de que sem um, o outro não existiria. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;">Como se não bastasse reunir duas qualidades escassas no
cinema contemporâneo, fazer pensar e fazer sentir, o diretor ainda reserva um
truque na manga: se apoiar em um dos maiores clássicos da história do cinema,
<b>“2001 – Uma Odisseia no Espaço”</b> (1968), de forma a tentar homenagear a figura
de Kubrick e seu legado inestimável. E o que conta como fortaleza é a atitude
de se basear em <b>“2001...”</b> não como fonte de consulta, mas como fonte de
inspiração. Dessa forma, o processo se torna muito mais de homenagear que de
aplicar a formula de grande sucesso do filme de 68. E quem me conhece, sabe de
minha devoção ao filme de Kubrick – de longe, meu filme favorito e, para mim, o
longa mais próximo a perfeição já concebido e executado no cinema. Desta forma,
surge como uma honra imensa de minha parte presenciar uma obra tão importante
tratada com tanto zelo e igual admiração. O cuidado de Nolan ao reprisar
algumas trucagens empregadas por Kubrick na produção original são destacáveis.
Notem o formato do robô que auxilia os astronautas na jornada interestelar,
muito semelhante ao de um monolito, ou mesmo a forma de tratar o espaço como um
vácuo, desprovido de som. E nisso a mixagem sonora acerta justamente por
descobrir e desconstruir os acertos de Kubrick e aplica-los, quase como um
estudo, de forma discreta, porém sempre eficiente. O uso da trilha sonora, em <b>“Interestelar”</b>,
remete muito ao clássico, com direito a composições mais graves e até trechos
eletrônicos simulando orquestras ou composições eruditas. Há uma tentativa de
modernizar – que obtem muito êxito.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;">Ainda nesta linha de pensamento, notem como os trajes
espaciais diferem bastante das genéricas vestimentas dos astronautas dos filmes
de ficção atuais, os planos com enquadramento baixo (com a câmera colada às latarias)
adotados pela fotografia e mesmo o design das naves (em especial, a estação que
permanece orbitando e transportando a nave dos protagonistas) se aproximam
consideravelmente da criação kubrickiana, ainda que sempre com a marca do
realizador. Prova disso é a montagem impecável, marca registrada de Nolan, que
engrandece a inteligência da narrativa sem se mostrar carregada ou exagerada. É
interessante como Nolan usa o contexto de relatividade temporal como base de
sua própria lógica de edição: se apossando de uma trama complexa e extensa, o
espectador pode notar o esmero dos envolvidos em retratar a trajetória completa
em pouco menos de 3 horas (que, acreditem, passam voando). O truque para isso é
justamente coordenar as duas realidades (terrestre e espacial) de forma a
transmitir espaços de tempo variados, distorcendo literalmente a noção de tempo
e espaço que o espectador possa vir a conservar durante determinadas sequências
– algo que se revela um acerto extra no encerramento do filme. Assim, Nolan tem
em mãos o controle total do tempo que precisa gastar para evoluir a narrativa
da forma que bem entender. Prova disso é a brilhante sequência do pouso no
primeiro planeta estudado, onde 1 hora equivale a 7 anos terrestres, na qual
acompanhamos uma espécie de resumo das atividades ocorridas neste intervalo de
tempo. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><b>“Interestelar”</b> divaga muito sobre isso, aliás. A noção do
tempo e como este, por ser efêmero, pode destruir vidas como se fossem insetos.
Nós vivemos uma pequena parcela da idade da Terra e nos enganamos imaginando
que somos o centro do universo. A mensagem é maior do que se pensa e maximiza
ainda mais a jornada dos heróis porque vemos um objetivo transcendental sob a
roupagem de estória apocalíptica. Vemos o amor tratado a níveis intergalácticos,
o auto sacrifício em função de um bem maior e comunitário. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: inherit;">Enfim, foi <b>“Interestelar”</b> que me tirou do ostracismo, me
impulsionando a eternizar o efeito desta jornada em palavras. Poderia ter
comentado ainda da qualidade dos ambientes criados pela direção de arte
(destaque, por exemplo, ao primeiro planeta explorado, totalmente composto de
água, que exprime uma sensação de solidão existencial gigante, além de confusão
psicológica igualmente contundente). Poderia ter abordado toda a sequência da
sucção pelo buraco negro e o brilhante design de produção do ato final, a forma
de transparecer algo inconcebível a nós, seres limitados, através de imagens.
Mas escolhi me ater ao que muitos provavelmente vão esquecer em suas análises:
a temática sentimental. E me foco nisso por dois motivos: o primeiro seria a
demonstração de que seu famigerado diretor consegue, sim, dar o recado completo
em uma trama essencialmente sentimental. E, principalmente, porque
“Interestelar” nos reserva um gosto nostálgico do que um dia foi o universo da
ficção científica: uma oportunidade de imaginar uma hipótese (nem tanto) irreal
e utiliza-la como análise social contemporânea. Estou certo de que esta não
apenas é uma das maiores obras-primas do ano (se não a maior), mas também um
dos mais memoráveis filmes de ficção científica pós anos 2000.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: inherit;"><br /></span></div>
<b>Gênero:</b> Ficção Científica<br />
<b>Duração:</b> 170 min.<br />
<b>Ano:</b> 2014Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-25794792199291626912014-06-23T18:31:00.005-07:002014-06-23T18:31:52.390-07:00Cinefilia 27: Mártires<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6WUvl5gUxH8qi_6_jkV2rH7D9vPKZ5SPjdcojWO2tBmrcjg5TkfsTb_wbxE9Fi4gkGGx0HgpofCFwSkJCJk682LQLW-_WExrCwaZ2lsPCwZD8MdL27RZOB0mglK_d3IOmNIOLtCh3syr1/s1600/Especial+-+Filmes+de+Terror+Parte+8+-+M%C3%A1rtires+(Capa).jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6WUvl5gUxH8qi_6_jkV2rH7D9vPKZ5SPjdcojWO2tBmrcjg5TkfsTb_wbxE9Fi4gkGGx0HgpofCFwSkJCJk682LQLW-_WExrCwaZ2lsPCwZD8MdL27RZOB0mglK_d3IOmNIOLtCh3syr1/s1600/Especial+-+Filmes+de+Terror+Parte+8+-+M%C3%A1rtires+(Capa).jpg" height="400" width="300" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>P.S: Este post contém spoilers!</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Existe o terror e o susto. Um não é intrínseco ao outro, embora se completem e coexistam em harmonia. Na realidade, o susto - que deveria ser um impulso para o sentimento de terror - acabou se tornando uma ferramenta preguiçosa e prática para a substituição deste último. Não há mais necessidade de se criar uma atmosfera angustiante, nem de conservar uma tensão gradativa, que deveria se tornar insuportável com o passar dos minutos. A insistente aposta dos cineastas (principalmente contemporâneos) em abrir mão de uma direção inteligente ou mesmo um thriller funcional pelo caminho fácil do susto vem espantando cada vez mais atualmente - e se o sistema havia funcionado com os slasher movies nos 70's e 80's, ultimamente já perdeu a graça. Para esclarecer e sintetizar: <b>"O Iluminado"</b> (1980), <b>"A Bruxa de Blair"</b> (1999) e <b>"Nosferatu"</b> (1922) são filmes de terror. Toda a série <b>"Sexta-Feira 13"</b> (para não monopolizar títulos contemporâneos) e boa parte dos lançamentos atuais são apenas comércio de susto, sob roupagem de terror. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E este foi justamente um dos motivos pelo qual resolvi dedicar um espaço por aqui para tratar de um filme que se conserva injustamente esquecido para a maioria do público geral. Trata-se de um daqueles longas para se assistir e jamais esquecer, ou mesmo ser otimista por um tempo depois da sessão. Um tour de force sangrento e vital para os amantes do terror legítimo e para aqueles que desacreditam no alcance criativo do cinema atual. Como já devem ter percebido, é sobre <b>"Mártires"</b> (2008) que irei tratar. E, com isso, os entendidos já sabem o que encontrarão nos próximos parágrafos. </div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<i>"Mártir, do grego Marturos: testemunha"</i></div>
<div style="text-align: justify;">
<i><br /></i></div>
<div style="text-align: justify;">
Há<i> </i>muito o que se debater sobre a classificação de um mártir. De fato o cerne da definição se encontra no letreiro que encerra o filme e está transcrito acima, mas há também o mártir clássico, aquele que sofre pelo bem comum e morre por uma causa mútua. Seja como for e como preferirem, ambas as versões se enquadram na perspectiva do filme, que se configura sempre muito ampla e margeia diversas análises que se possam inferir sobre o ser humano e suas atitudes mais irracionais que as de um animal selvagem. Antes de dissecar a técnica e a qualidade fílmica, acho válido entrarmos no mérito das análises propostas por este filme. Constantemente, me remeti deveras a <b>"Saló, os 120 Dias de Sodoma"</b> (1975), polêmico filme de Pasolini, justamente pela reflexão que tenta delinear sobre as condições de superioridade de classe e o egocentrismo de um ser humano que se entende melhor que outro apenas por se encontrar desocupado por sua condição social favorável. Basta compararmos os fascistas sádicos do filme de 75 com a organização igualmente sádica comandada pela magnata idosa e veremos que as semelhanças não se restringem apenas a questão de como um grupo de pessoas escraviza outro por bel-prazer, apenas para buscar algo que não conseguem explicar ou saciar: o sexo, no filme de Pasolini e o pós vida, neste aqui. A própria plot possui uma crítica implícita que demonstra ainda mais as semelhanças nos dois longas.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Lucie, uma garota francesa de 10 anos, foge do cativeiro no qual era mantida trancafiada e torturada. Ela se lembra de muito pouco, mas, 15 anos depois, quando vê a fotografia de seus sequestradores no jornal, decide se vingar e por um fim em seu passado obscuro. Naturalmente, Lucie mata aqueles que lhe fizeram mal, mas ainda continua atormentada por alucinações e o peso na consciência - o que acaba assumindo proporções estratosféricas para ela e sua irmã de adoção, Anna, quando as coisas saem do controle. Inicia-se, então, um estudo sobre os limites humanos. Quando submetido às mais horrendas humilhações e processos de tortura constantes, o ser humano passa a se portar como um animal. Até aí, nada de novo no fronte. Diversos filmes já haviam abordado o tema, muitas vezes de forma tão acertada quanto aqui, mas o que destaca <b>"Mártires"</b> da multidão é o caminho que este escolhe para tecer sua crítica social: poucos filmes da atualidade conseguiram atingir um padrão de choque tão grande e supremo quanto este aqui. Contudo, notem que em momento algum a violência extrema surge como apelação, mas sempre como forma de alerta, de cativar a atenção para um objetivo maior - tudo isso, claro, sem cair no clichê da lição de moral. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E por falar em clichês, grande parte do que conhecemos hoje por terror é fundamentado numa cultura de clichês recorrentes, nascidos ainda nos primórdios de hollywood e no próprio cinema mudo. De certa forma, <b>"Mártires"</b> estabelece uma brincadeira com todos os pontos comuns do gênero e se utiliza disso para criar uma atmosfera única, original e que, principalmente, faça o espectador de refém do início ao fim da projeção. Durante quase 100 minutos, somos nocauteados por uma trama que passeia por diversas classificações, desde o terror de raiz, o suspense macabro e estacionando no gore - muito sangue e sujeira são guiados pela direção firme e incisiva.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguH0QBNpJhWe5F6t3oPFl2_JsUciGhRQr9I1yTlYss5pU3FG-2j9tH_FgdihwYzDh8FfBaCUVE7G0Z18dqO3dvANDaNHzebKjqwpbHfheB2v4BR3g94S5BL300DQ0v-Ho_eLFmAMJzNpJj/s1600/martyrs03.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguH0QBNpJhWe5F6t3oPFl2_JsUciGhRQr9I1yTlYss5pU3FG-2j9tH_FgdihwYzDh8FfBaCUVE7G0Z18dqO3dvANDaNHzebKjqwpbHfheB2v4BR3g94S5BL300DQ0v-Ho_eLFmAMJzNpJj/s1600/martyrs03.png" height="215" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
A condução do filme é inteligentíssima não apenas por se apossar de forma exemplar da estética do refém, mas também pela capacidade de renovar a própria história, a transformando de tempos em tempos, o que torna toda a experiência mais angustiante e urgente ainda: por isso, quando estamos nos acostumando a um personagem e este morre abruptamente, a cena que se segue cuida de continuar arrastando o público através da projeção - o que resulta em sequências ainda mais desesperadas e uma carga dramática muito elevada.<br />
<br />
Mas a inteligência não para por ai: poucas vezes nos últimos tempos me lembro de ter visto uma produção onde a técnica fosse utilizada de forma tão significativa em prol do terror quanto neste filme. Digo que <b>"Mártires" </b>retorna à raiz do gênero justamente pela forma como manipula todos os elementos de cena para não apenas criar um suspense barato ou sustos recorrentes, mas para construir gradativamente um contexto de tensão e depravação absoluta, onde não há escapatória nem paz, até que o suspense atinja níveis doentios. E o terror aqui é muito mais psicológico que imagético, o que conduz o espectador literalmente em uma catarse de choque. Neste ponto, podem notar que a fotografia não adota caminhos óbvios: ao invés de expor as alucinações de Lucie logo nos primeiros minutos, o filme adota trucagens e enquadramentos de forma que passem a revelar a natureza da criatura apenas quando a curiosidade já está matando quem o assiste. Além do mais, a diferenciação da iluminação entre a casa e seu subsolo é gritante e modelada brilhantemente com o intuito de perpassar a sensação não apenas de sujeira e pecado, mas principalmente solidão. Nisso também contribui a direção de arte, que aposta em extremos para gerar desconforto: se na infância da garota o cativeiro era um local precário que se assemelhava deveras a uma masmorra, já em sua vida adulta, este mesmo local se configura quase que etéreo e rico de uma atmosfera hospitalar - de um manicômio.<br />
<br />
A concepção da criatura que amedronta Lucie na primeira metade da projeção também merece destaque particular pela sua eficácia narrativa, uma vez que incorpora algo raríssimo de se presenciar no cinema atual - uma figura tão repugnante e horrenda que apenas a menção de sua presença no ambiente causa desconforto. É um ser abominável, detestável e diabólico do qual jamais queremos ter contato na película. É tudo o que <b>"Mamá"</b> (2013) quis ser e não conseguiu. A mixagem de seus grunhidos, que arrepia qualquer um e é empregada nos momentos certeiros para a construção do terror, só é superada pela inteligente maquiagem que acrescenta, em meio a fantasia da alucinação, um tom de realidade. Toda a aparência deformada que se exprime no corpo e rosto da entidade (sejam as juntas deslocadas, a boca costurada ou a cegueira de um olho) é fruto de uma violência que lhe foi inferida anteriormente. Algo que poderia ter acontecido à própria protagonista, se não tivesse fugido de seu cativeiro a tempo: se transformaria num monstro equivalente, criado por um ser humano. <br />
<br />
E cada uma dessas tiradas inteligentes proporcionadas pela integração excepcional de todos os elementos fílmicos só contribui para que o terceiro ato surja como um dos momentos mais apavorantes dos últimos anos. O que assusta é a maldade humana e o circo de horrores que se forma ao redor da sanidade de Anna. Após sua irmã ser assassinada pela organização, Anna é presa em um dos cativeiros e sente na pele o terror que contaminou tantas outras crianças, homens e mulheres até então: o que vemos a partir dai é um desfile de agressão física e verbal que não soa como uma sequência gratuita de gore e depravação, mas, em decorrência da evolução clínica e precisa concedida pela direção à trama e seus personagens, tudo soa como algo apavorante, iminente e desesperador. E o encerramento genial surge como fim inevitável (ainda que original e inesperado).<br />
<br />
Em suma,<b> "Mártires"</b> é uma obra-prima do gênero. Não me entendam por exagerado e admito que nem eu mesmo imaginaria gostar tanto deste longa francês. Mas sua inteligência é admirável - e o faz funcionar como poucos atualmente. Sua depravação crítica traz a tona um problema que poucos são sensíveis a entender e sentir de uma forma convencional. E aí está um grande motivo pelo qual este filme merece ser mais difundido (não bastasse toda a qualidade cinematográfica que tem). Sua ideologia gruda e faz pensar. Assisti este filme durante a madrugada e fui me deitar após a sessão. Não consegui dormir, estava sentindo dor - e não sabia discernir se era física ou emocional.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqicTRkR1MNCE8q44A6ZNCw34xjSUdA-wc4uU0sIoKUbNLhuT8l3tN_u7O6EWMJB6X3ODlKpcEXKz6xdOHqtaGSP5-pQ9J9yGp2JBnnv3nh5qWdDdsq_JKRDWKH2ohIEimp5dwJmN3_mSJ/s1600/Martyrs1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqicTRkR1MNCE8q44A6ZNCw34xjSUdA-wc4uU0sIoKUbNLhuT8l3tN_u7O6EWMJB6X3ODlKpcEXKz6xdOHqtaGSP5-pQ9J9yGp2JBnnv3nh5qWdDdsq_JKRDWKH2ohIEimp5dwJmN3_mSJ/s1600/Martyrs1.jpg" height="241" width="400" /></a></div>
<br /></div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-15069955988620960782014-03-23T20:00:00.000-07:002014-03-23T20:00:46.813-07:00373. Os Suspeitos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTNETk9FkNpqTSU5S4Pkr00i7DTxlKhr_fiw6fJ0APspOGch9NAXlGTbkAqNOea4ZPR_ixBrZ4lUgKcsO8uZUhT7fN-yYPJeJUIrzPM84LwSmh1AsnSrUVVOIs75zPl1TM8BzRpsdrFZV_/s1600/prisoners-poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTNETk9FkNpqTSU5S4Pkr00i7DTxlKhr_fiw6fJ0APspOGch9NAXlGTbkAqNOea4ZPR_ixBrZ4lUgKcsO8uZUhT7fN-yYPJeJUIrzPM84LwSmh1AsnSrUVVOIs75zPl1TM8BzRpsdrFZV_/s1600/prisoners-poster.jpg" height="400" width="270" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrj2gzBKeQNk2QCYxVh4UY9oURv1cE6-smG0klHTP2Ow8sEJT2MrogG12OnlvjcJgOTs8SQxqQgiLHrCYQ9Rkbf-BaR4OXAKbUbnVtQqvobSXYkxvK5vXTaz-jC1ozTugFh_Zsh73x6lIc/s1600/5stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgrj2gzBKeQNk2QCYxVh4UY9oURv1cE6-smG0klHTP2Ow8sEJT2MrogG12OnlvjcJgOTs8SQxqQgiLHrCYQ9Rkbf-BaR4OXAKbUbnVtQqvobSXYkxvK5vXTaz-jC1ozTugFh_Zsh73x6lIc/s1600/5stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Obra-prima)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
É comum que os cinéfilos, de um modo geral, mantenham os dois pés atrás em relação ao parâmetro do cinema norte-americano atual. De certa forma, este preconceito é justificado tendo em vista o declínio da originalidade e relevância dos filmes produzidos nos E.U.A em torno de uma década. Não é novidade que os longas produzidos neste polo deixaram de lado a razão e emoção em detrimento de sucessos plastificados, frios e homogêneos: quanto mais fiel à receita do dinheiro, melhor. Mas quando me deparo com algo do cacife de um suspense policial como este, sinto que ainda há muitas mentes criativas abrilhantando o cinema do norte de nosso continente e trazendo um sopro de esperança em meio aos enlatados habituais. <b>"Os Suspeitos"</b> faz pensar, faz sentir e não apenas é um estudo sensacional da corrupção humana ante a tragédia e o desespero, mas também é o melhor filme lançado no ano de 2013.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Este status pode até soar exagerado e um tanto precipitado - afinal ano passado, embora bem inferior a 2012, rendeu longas de excelente qualidade e forte apelo emocional - mas se considerarmos o histórico de seu realizador, o resultado final se prova algo muito maior que apenas mera cartada de sorte. Denis Villeneuve vem afirmando seu talento e concretizando sua mão firme na direção desde a época de seus primeiros longas, ainda no Canadá. Como pode ser notado no ótimo <b>"Politécnica"</b> (2009) e ainda mais no excelente <b>"Incêndios"</b> (2010), Villeneuve é um daqueles realizadores capazes de chocar sem o apoio imagético. Sua direção é forte e precisa demais, excluindo a necessidade de se apoiar em imagens depravadas para manifestar repulsa ou desconforto no espectador. E por mais estarrecido que eu tenha ficado ao encerramento de seu longa de 2010, é em <b>"Os Suspeitos"</b> que o talento de seu realizador floresce e se expressa de forma mais vívida e incomparável. O que senti (e ainda sinto) ao fim da projeção deste seu mais novo longa é algo que não consigo descrever. Me parece um misto de angustia pela densidade da narrativa ou melancolia pela abordagem da direção. No fundo, o que é não importa, importa mesmo é que <b>"Os Suspeitos"</b> me atingiu de uma forma que há muito tempo não sentia em um lançamento dos últimos anos.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Dentro do campo narrativo, acompanhamos a busca desesperada de duas famílias (e um detetive) para encontrar suas filhas sequestradas. E o que soa como um suspense genérico e é vendido como um thriller policial insosso, na verdade se apresenta como uma divagação sobre um tema que sempre estará em voga: a destruição de um homem pela raiva e obsessão. São duas as premissas abordadas, então: há a investigação que reserva surpresas e revelações perturbadoras e há a transformação de um ser humano digno em um animal. E o mais interessante é a forma como um tema interage com o outro, formando uma rede de personagens e acontecimentos inquebrantável. O roteiro é inteligente e merece elogios principalmente por confiar na capacidade do espectador em se utilizar da lógica para deduzir muitos dos impulsos e nuances da trama. Assim, poupa-nos de sequências explicativas explícitas e reserva mais foco à evolução e aprofundamento da estória. Por isso, cada elemento consta lá por um motivo e nada pode ser dissociado dos 153 minutos de projeção. Ou seja: um daqueles raros casos de filme onde todos os elementos independentes são excelentes e interagem de forma mais magistral ainda - tudo pautado e amarrado pela mão autoral de Villeneuve por trás das câmeras. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
A começar pela fotografia admirável, que logo em seu plano de abertura estabelece sua abordagem fria e melancólica através de tons amenos e realce do branco e preto. É notório que o objetivo primeiro de um fotograma é registrar e endossar a trama que está sendo contada. Cabe ao fotógrafo acrescentar vida às imagens e não apenas retratar, mas contar uma estória. Em segundo lugar, então, se posiciona a estética - na medida do possível, as imagens devem realçar a beleza das localidades ou das imagens capturadas (note que beleza é subjetivo). E a cinematografia de <b>"Os Suspeitos"</b> é simplesmente brilhante justamente por agraciar os dois parâmetros de forma ambígua e muito rica. Através de discretos travellings e closes, as imagens exprimem muito do sufocamento e desesperança nos quais a vida dos protagonistas é imersa, enquanto a paleta de cores desbotadas exprime um gigante tom de melancolia e solidão (o que se contrasta pelos planos abertos da imensa floresta sob a neve) que perdura durante toda a projeção. A beleza criada pelas lentes é, simultaneamente, fabulosa aos olhos, mas triste e doentia. Dessa forma, diversos quadros são inundados por um sofrimento latente, enquanto somos obrigados a contemplar a beleza natural e estética remetidas pelo filme.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E toda essa imersão é engrandecida pela montagem deslumbrante - sem dúvidas, a melhor do ano passado. Dotada de uma fluidez invejável (que faz as mais de duas horas e meia de projeção passarem voando), não apenas é magistral pela linha narrativa que cria, mas principalmente pela inteligência com a qual os planos são costurados entre si. As pistas e revelações são posicionadas nos instantes mais precisos e acertados, de forma a não deixar a peteca cair instante algum. Além do mais, a coesão com a qual as cenas são transpassadas só engrandece a identificação do público no filme. E se levarmos em conta a precisão cirúrgica com a qual a trilha sonora se homogeniza às imagens, o resultado final é delirante e único. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Já na linha de frente, há um elenco entrosado e repleto de astros se desconstruindo antes as câmeras. Huck Jackman mais uma vez abandona a pose de sex simbol para dar vida a um homem descontrolado (o pai de uma das garotas desaparecidas), porém frágil - e é justamente essa fragilidade que extermina o seu auto-controle. Sua performance se aproxima demais de seu desempenho no maravilhoso <b>"Fonte da Vida"</b> (2006). E o principal mérito seu é a fuga completa da obviedade. Personificando um homem em plena crise, ao invés de optar por recorrentes explosões de raiva, conduz seu desempenho de forma discreta e controlada. Expressa sua dor extrema apenas com o olhar e trejeitos nervosos em suas mãos e expressões faciais - o que já basta para se fazer entender. Qualquer espectador leigo que se deparar com um olhar poderoso como o exprimido por Jackman poderá notar que aquele homem guarda dentro de si uma dor imensa pronta para explodir. E quando a explosão vem (em raros momentos), o estrago é irremediável. Sua crise dilacera o público que já estava fragilizado pela carga emocional da narrativa até então. Por outro lado, seu companheiro de cena e muitas vezes antagonista, Jake Gyllenhaal, sofre do completo oposto. Sua performance como o detetive encarregado do caso é extravagante e exagerada, se utilizando de algo muito perigoso na construção de uma persona: os vícios óbvios que servem como muleta de interpretação e que muitas vezes surgem como um apoio desesperado para a sua falta de entrosamento com o personagem que interpreta. Isso, claro, se dilui na sopa de atores coadjuvantes que, junto dos protagonistas, formam uma escala homogênea de interpretações, todas acima da média, e praticamente no mesmo grau de qualidade. Há um Terrence Howard que convence e uma Viola Davis que emociona por sua quietude, da mesma forma que Maria Bello impressiona pelo estado semi-depressivo em que se encontra e Melissa Leo volta a me conquistar depois de tantos anos, desde o medíocre (porém muito bem interpretado)<b> "Rio Congelado"</b> (2008). </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E ao final, a soma de todas essas variáveis sensacionais - mescladas por uma direção mais que sublime - resulta em um inteligentíssimo thriller, fora do comum. Um dos melhores policiais dos último anos e uma das maiores obras-primas dessa nova década de 20. Seu esquecimento na edição do Oscar deste ano deveria ser tido como crime, uma vez que <b>"Os Suspeitos"</b> é uma conquista imensa, que coloca Denis Villeneuve no seleto rol dos melhores diretores vivos. E ouso dizer que, no parâmetro de suspense, se equipara a colegas de profissão mais experientes, como Eastwood e Demme, quando realizaram os respectivos <b>"Sobre Meninos e Lobos" </b>(2003) e <b>"O Silêncio dos Inocentes"</b> (1991). Pode soar exagerado? Talvez. Contudo, eu aposto minhas fichas na capacidade de Denis em se tornar o maior diretor de thrillers policiais em atividade. Mas isso só o tempo dirá... e que não demore muito para se provar!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Gênero: </b>Drama / Suspense</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Duração:</b> 153 min.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Ano:</b> 2013</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-50216677071339422462014-03-01T14:53:00.004-08:002014-03-02T15:27:57.126-08:00Cinefilia 26: Apostas ao Oscar 2014<div style="text-align: justify;">
Véspera de Oscar, ânimos à flor da pele e cinéfilos se preparando para irem dormir irritados na noite de domingo. Aviso de antemão que, como pode ser notado nas atividades recentes do blog, não estou tão engajado assim na premiação deste ano. 2013 foi um ano repleto de bons lançamentos e pouquíssimas produções realmente ruins, o que, claro, refletiu diretamente na seleção dos indicados às categorias. E é justamente essa imparcialidade cinematográfica do ano passado (nada tão inesquecível, tampouco detestável) que me afasta e me desentusiasma para amanhã à noite. Prefiro assistir a uma premiação onde os concorrentes se posicionem um degrau acima ou abaixo da linha média do cinema atual, prefiro que os filmes indicados me façam sentir algo além de indiferença: seja choque pela ruindade - e ainda mais por estar concorrendo a prêmio tão importante - ou mesmo pelo brilhantismo de um projeto da mais alta estirpe. Algo que remete muito aos indicados aos Academy Awards do ano passado, onde filmes incríveis (<b>"Amour"</b>) disputavam contra produções fraquíssimas e inexplicáveis (como <b>"Indomável Sonhadora"</b> ou <b>"As Aventuras de Pi"</b>). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas ao contrário do que minha falta de entusiasmo pareça demonstrar, assisti a todos os indicados nas principais categorias, mesmo não os tendo comentando em textos no C de Cinema. Este post, portanto, surge como uma espécie de redenção minha em relação a vocês, leitores. Além de arquivar aqui minhas apostas e esperanças para mais uma edição do prêmio da Academia, procurarei tecer breves comentários sobre os longos mais relevantes deste ano. Sem mais delongas, vamos às fichas...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
MELHOR FILME:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
QUEM GANHA? <b>"12 Anos de Escravidão"</b>. O motivo não é novidade para ninguém. O tema agrada aos membros votantes e a narrativa (ao contrário do que muitos pregam) de certa forma agrada aos olhos do júri. É de fato um ótimo filme, que representa um precoce amadurecimento de seu "inexperiente" diretor ao abordar um tema dessa natureza com tanto cuidado e zelo, sem deixar de chocar quando preciso.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"Gravidade"</b>. Meu indicado favorito não apenas pela brilhante direção ou pelas sutis referências estilísticas e narrativas a grandes clássicos da ficção científica, mas principalmente pela ousadia e pelo legado que (espero!) possa deixar aos seus sucessores. É ousado, tecnicamente exemplar e, mesmo que simplório em pretensão, lida com as emoções do espectador de forma a entrar para a lista dos grandes filmes de 2013.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
MELHOR DIRETOR:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
QUEM GANHA? Alfonso Cuarón. A Academia não poderia deixar de prestar homenagem a um diretor cujos feitos narrativos são impressionantes. Apenas pelo brilhantismo da direção dos planos-sequência de "Gravidade" acredito que Alfonso deva levar a estatueta. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
QUEM DEVERIA GANHAR? Alfonso Cuarón, sem dúvidas a melhor direção dentre os 5 indicados na categoria. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
MELHOR ATRIZ:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
QUEM GANHA? Cate Blanchett. Não apenas por ter ganho diversos dos prêmios aos quais concorreu por sua performance, mas por servir de prêmio de consolação a <b>"Blue Jasmine"</b>, que não deve levar nada além desta categoria.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
QUEM DEVERIA GANHAR? Cate Blanchett. A atriz está em sua melhor e mais complexa performance. Protagoniza e eterniza algumas das melhores sequências do ano passado no excelente filme de Allen.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
MELHOR ATOR:</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
QUEM GANHA? Matthew McConaughey. Personagens deste tipo costumam agradar e impressionar a Academia, ainda mais pela entrega física de Matthew ao papel. De fato, sua performance é impecável em um filme destacável. Pode ser ameaçado apenas por Leonardo DiCaprio, tantas vezes concorrente.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? Leonardo DiCaprio, que cria uma persona hipnotizante e cativante de um sujeito inescrupuloso, corrupto e detestável.<br />
<br />
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:<br />
<br />
QUEM GANHA? Lupita Nyong'o. A paixão da Academia por<b> "12 Anos de Escravidão" </b>deve interferir na escolha. E também quero acreditar com todas as minhas forças que Jennifer Lawrence não levará o prêmio amanhã à noite. Já basta a brincadeira de mal gosto do ano passado, onde nenhum cinéfilo (muito menos Riva), acredito, deva ter rido.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? Júlia Roberts. (Há uma vaga chance para a atriz também como forma de consolação ao ótimo <b>"Álbum de Família"</b>).<br />
<br />
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"Ela"</b>. História incomum, tratada de forma original, com direito a situações emocionantes e ainda uma divagação sobre solidão, malefícios da tecnologia e perversão.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"Blue Jasmine"</b>. Woody Allen afiado, dramático e enfático.<br />
<br />
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"O Lobo de Wall Street"</b>. Como pode ser observado, a cerimônia tende a ser de prêmios de consolação. Como Scorsese não tem chance nas duas principais da noite, seu filme deve levar a estatueta como prêmio de participação.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR?<b> "O Lobo de Wall Street"</b>.<br />
<br />
MELHOR FILME ESTRANGEIRO:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"Alabama Monroe"</b>. É um retrato tocante, incisivo e dolorido não apenas do câncer, mas da natureza humana ante uma situação desesperadora e de tristeza profunda. É um belo e tocante filme belga que, se ganhar, ficaria muito satisfeito - mesmo não sendo meu favorito na disputa.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"A Caça"</b>. Este sim, uma obra-prima inesquecível que deveria ser muito mais difundida do que de fato é. Sublime ensaio sobre o poder da mentira e poderosíssimo drama sociológico de diversas camadas a se decupar na mente quando a projeção se encerra. É estarrecedor, estonteante, uma sequência macabra de dor e exclusão.<br />
<br />
MELHOR CANÇÃO ORIGINAL:<br />
<br />
QUEM GANHA? "Lei it Go". <b>"Frozen"</b> está em voga, é da Disney, além de a música agradar a muitos e ser universal. Particularmente, não acho a música grande feito, assim como o filme - a composição não é tão impactante e enfática quanto deveria ser na cena específica.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? "The Moon Song". Esta sim, uma música tocante e significante, sem pretensão de ser edificante, mas bela e eficiente, que serve a um filme igualmente belo e eficaz.<br />
<br />
MELHOR ANIMAÇÃO:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"Frozen"</b>. Os motivos são óbvios, mas vale citar que, ao contrário da massa, não me senti atraído pelo filme. Quando um coadjuvante fala bem mais alto e cativa mais que os protagonistas, há alguma coisa muito errada acontecendo...<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"Ernest & Celestine"</b>. Belíssima ode a amizade sem barreiras ou fronteiras, sob um design nostálgico, visualmente lindo e singelo.<br />
<br />
MELHOR DOCUMENTÁRIO:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"The Square"</b>. Esta categoria talvez seja uma das mais difíceis da noite. Dois são os títulos mais cogitados ao prêmio: o que acredito que leve e <b>"The Act of Killing"</b>. Dou meu voto ao primeiro porque, mesmo sabendo do caráter mais liberal e ousado dos jurados desta categoria, não acredito que uma obra tão única e experimental quanto <b>"The Act of Killing"</b> leve o prêmio. Pode haver surpresas, porém...<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"The Cutie And the Boxer"</b>. Dentre todos os que vi desta categoria, tenho que confessar que este foi o que mais me atraiu. Sua simplicidade é fascinante, além de ser eficaz no retrato que pretende tecer.<br />
<br />
MELHOR FOTOGRAFIA:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"O Grande Mestre"</b>. Wong Kar Wai sempre tem preferência neste quesito técnico. Ainda mais nesta edição do Oscar que, ao que tudo indica, será mais dispersa em seus vencedores.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? Não conferi o longa de Kar Wai ainda, por isso posso estar cometendo uma injustiça, mas daria o prêmio a <b>"Nebraska"</b> pela nostalgia evocada pelo preto e branco dos planos.<br />
<br />
MELHOR FIGURINO:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"O Grande Gatsby"</b>. Mais uma vez aposto na dispersão dos vencedores, ainda mais se tratando de um filme tão comentado no ano e esnobado na maioria das demais categorias da premiação.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"12 Anos de Escravidão"</b>.<br />
<br />
MELHOR MONTAGEM:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"Clube de Compras Dallas"</b>. A montagem é fluída, cativante e estabelece uma excelente evolução do personagem.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"Gravidade"</b>. Opção puramente particular. Sempre fui adepto de planos mais longos e cortes espaçados e precisos. E este filme os têm da forma mais brilhante.<br />
<br />
MELHOR MAQUIAGEM:<br />
<br />
QUEM GANHA?<b> "Clube de Compras Dallas"</b>.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"Clube de Compras Dallas"</b>.<br />
<br />
MELHOR TRILHA SONORA:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"A Menina que Roubava Livros"</b><br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"Ela"</b>.<br />
<br />
MELHOR DESIGN:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"12 Anos de Escravidão"</b><br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"12 Anos de Escravidão"</b>.<br />
<br />
MELHOR EDIÇÃO DE SOM:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"O Hobbit"</b>. Mais uma vez, consolação.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"O Hobbit"</b>. Tecnicamente, o filme é admirável e impecável. Surpreendente ter sido nomeado a tão poucos prêmios técnicos.<br />
<br />
MELHOR MIXAGEM DE SOM:<br />
<br />
QUEM GANHA?<b> "O Hobbit"</b>. A sequência da voz do dragão é impressionante e arrepiante.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"O Hobbit"</b>.<br />
<br />
MELHORES EFEITOS VISUAIS:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"O Hobbit"</b>.<br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? <b>"O Hobbit"</b>.<br />
<br />
MELHOR CURTA DE DOCUMENTÁRIO:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"Prison Terminal"</b><br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? Não assisti a nenhuma dos indicados portanto, não posso opinar.<br />
<br />
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO:<br />
<br />
QUEM GANHA? <b>"Get a Horse"</b><br />
<br />
QUEM DEVERIA GANHAR? Como na categoria acima, não assisti a nenhum dos indicados, portanto me abstenho. </div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-24862794175274104682014-01-27T12:03:00.000-08:002014-01-30T08:29:14.925-08:00Cinefilia 25: O Cavalo de Turim<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgndg0rVx9WcKe53NyWtvt6drsgNVpS0vGPL4uG1tV0C69bwuBqL6DJSUenA86oPKxGGxgjwaHM3P_D30kUygqgpwUmUiltbkvzAwT-eGJDDcuJBjEyZU9RVzqWSPzAh-y2o7Hc_2G0eERJ/s1600/the-turin-horse-poster-art.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgndg0rVx9WcKe53NyWtvt6drsgNVpS0vGPL4uG1tV0C69bwuBqL6DJSUenA86oPKxGGxgjwaHM3P_D30kUygqgpwUmUiltbkvzAwT-eGJDDcuJBjEyZU9RVzqWSPzAh-y2o7Hc_2G0eERJ/s1600/the-turin-horse-poster-art.jpg" height="400" width="268" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Em plena temporada de premiações,
este meu post pode soar destoante da massa de blogueiros e críticos, que concentram
suas atenções nos Academy Awards. O fato é que apenas ontem, adentrando a
madrugada, tive acesso ao filme que marcou a aposentadoria de um dos mais
notórios cineastas húngaros da história. Aclamado por suas narrativas nada
convencionais, Béla Tarr fechou sua filmografia e iniciou seu ostracismo com <b>“O Cavalo de Turim” </b>(2011). Se por um
lado é lastimável que a carreira de cineasta tão impecável tenha se findado,
por outro é louvável que seu último trabalho tenha fechado sua obra da forma
mais suprema e inexorável possível. E é justamente por isso que não poderia
deixar a chance de discutir um filme tão complexo (e ao mesmo tempo simples)
quanto este, passar. <b>“O Cavalo de Turim”</b>
não apenas é a obra-prima máxima e o apogeu da carreira de Tarr, como também é
uma das maiores conquistas do cinema nesta década de 2010. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Em 1889, na localidade de Turim, o
filósofo Friedrich Nietzsche luta contra o dono de um cavalo que açoita o
animal sem controle. Se desgarrando do animal que abraçava tentando apartar a
fúria do camponês, Nietzsche cai e após o trauma não recupera mais sua sanidade
– permanecendo sob os cuidados de sua mãe e irmã até falecer em 1900. Após os
créditos de abertura, há um prólogo narrado, ainda com a tela em breu, contando
o curioso fim de um dos mais importantes filósofos da humanidade. O que poucos
se perguntavam nesta estória irônica e trágica – e assunto do qual Tarr decidiu
por tratar neste seu longa – é: <i>“Do
Cavalo... nada sabemos”</i>.<o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Vemos, então, o plano de abertura
magistral que o diretor reservara para o início da projeção e que acabara por
dispensar toda e qualquer explicação conveniente que poderia ser dada acerca de
sua premissa: ao acompanhar o caminho de volta para casa de um velho camponês
sobre uma carroça, sendo puxada por apenas um cavalo trôpego, percebemos que o
que estamos prestes a ver em nada se refere ao filósofo da introdução. Ele é
apenas uma válvula propulsora para que o cineasta aborde e divague sobre o
corriqueiro e o que muitos esnobam sem se preocupar. Iremos acompanhar a
trajetória do cavalo e de seus donos. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Se
a própria pretensão de Béla foge do habitual ponto comum de muitos de seus
colegas de profissão, sua narrativa é mais ousada e incomum ainda, mesmo que
mantenha seu estilo narrativo fiel ao de suas obras anteriores. Ao longo de 147
minutos, o espectador será defrontado com o diário da vida difícil de um pai e
uma filha lutando para sobreviver no campo, em meio a uma temporal que castiga
a região. A decupagem da situação, porém, leva ao pé da letra o sinônimo da
palavra “diário”. Num período de seis dias somos testemunhas diretas da dor e
da solidão da família em meio à natureza. A mesma que provém alimento e vida
pode arruiná-la sem esforço. De início, a abordagem pode se assemelhar à
representação de um conterrâneo seu, Michael Haneke. A diferença primordial
entre Haneke e Tarr surge quando o primeiro narra sem opinar, enquanto o
segundo é narrador onisciente durante toda a projeção. O cineasta se utiliza da
reclusão da dupla para divagar acerca da relação de repressão patriarcal e a amargura
de uma vida difícil. Em dado momento do filme, a filha arruma as malas e
guarda, junto às roupas, o retrato de uma mulher que certamente foi sua mãe – o
que ressalta a sensação de que um dia a família já foi feliz e aumenta a dor
que sentimos pela decadência da instituição. Além do mais, a visão machista de
mundo domina da primeira à última cena (perfeitamente contextualizada ao local
e tempo nos quais decorrem a narrativa) da projeção e se representa na figura
do pai que, tendo seu braço direito paralisado, obriga a filha a realizar
tarefas que competiam a sua própria figura paterna, como a proteção de suas
terras contra invasores e o tratamento do cavalo – isso se ignorarmos o modo
como a mulher é tratada como enfermeira de um homem que ainda não está inválido.</span></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXt7WUbWeEqqntkIKQjmseKh1CWVe0MANuDFV_9kuFtQVjPUuNiuAvICFg2wM3zAkXEIIVzOHQzwEhzXka7GKz3DVlV4z84WDdqZesBKmGqmRim8O73W8IGEC1SLiDkk8zEtICVFS4oKL8/s1600/002917.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXt7WUbWeEqqntkIKQjmseKh1CWVe0MANuDFV_9kuFtQVjPUuNiuAvICFg2wM3zAkXEIIVzOHQzwEhzXka7GKz3DVlV4z84WDdqZesBKmGqmRim8O73W8IGEC1SLiDkk8zEtICVFS4oKL8/s1600/002917.jpg" height="225" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O primeiro dia se inicia
diretamente com a volta do patriarca para sua humilde casa isolada de tudo e
todos. Ele e sua filha guardam o cavalo na estrebaria e entram em casa para se
abrigar do vento forte. O homem se deita para descansar (já que, além de
parcialmente paralisado, sofre de terríveis crises de tosse) enquanto sua filha
prepara o almoço. O cardápio do dia (e das próximas semanas) se resume a
batatas cozidas. Após dispor o almoço na panela com água fervente, a garota se
senta à janela e observa o vento que castiga sua propriedade. O vento é fonte
de dor não apenas por aplacar toda a colheita da família ou castigar suas
terras, mas também por mantê-los reféns de algo imprevisível. De nada adianta
lutar, pois suas chances contra a natureza são nulas. Dessa forma, basta
observar a própria decadência – sua escassez de alimento e mantimentos –
através da janela do cômodo. <span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Quando as batatas já estão cozidas,
a garota chama seu pai e o almoço se dá de forma rancorosa, decorada e rítmica.
Ambos enojados pela rotina e impacientes consigo mesmos. Durante o resto do
dia, a rotina não iria variar muito a não ser pelo corte de lenha ou por
trabalhos pontuais. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Nos
dias seguintes, passamos a observar as mesmas tarefas sob pontos de vista
variados. Se no primeiro dia acompanhávamos toda a ação pelo olhar do pai, no
segundo, seguimos sua filha – desta vez desde quando acorda até se deitar. O
jogo fotográfico feito para esta representação é brilhante. Através de
discretas mudanças de ângulos, passamos a imergir no psicológico da outra parte
envolvida na estória. Digo psicológico porque, apesar de extremamente
silencioso (ao todo, deve haver umas 5 ou 6 páginas de diálogos – em termos
roteirísticos), há muito o que se explorar em cada uma das duas figuras deste
filme. Juntas, representam o modo como a passagem do tempo pode ser dolorida e
a rotina de sua decorrência, assassina. Para o homem, não há mais muito tempo
restante. É doente e brevemente incapaz. Para sua filha, porém, há uma vida
pela frente. O homem se angustia pela vida que ficou para trás e que jamais
voltará, a mulher sofre pelo futuro brilhante que talvez não chegue a ter.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzm4CYn4CIM52R2IsJs0kQnO6SjbMyWhPOoXW1eKgPotj-xqKqAJ1u5l4Ae-2V7W23Volm5zyupYwPelkSTPUq9h7_rKGAmql-mLlYtRHgTPBNYkCE6A2BoZLdW0EybTL1yxxrZhXYtLDH/s1600/The+Turin+Horse+5.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzm4CYn4CIM52R2IsJs0kQnO6SjbMyWhPOoXW1eKgPotj-xqKqAJ1u5l4Ae-2V7W23Volm5zyupYwPelkSTPUq9h7_rKGAmql-mLlYtRHgTPBNYkCE6A2BoZLdW0EybTL1yxxrZhXYtLDH/s1600/The+Turin+Horse+5.jpeg" height="231" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">O elemento crucial do drama, dessa
forma, se personifica na consequência da monótona passagem dos dias (agravado e
desencadeado pela tempestade que sitia a dupla): a rotina. Ela corrói os
personagens os transformando em pessoas mesquinhas, ingratas pelo que tem e
rancorosas. Pouco a pouco, enquanto os dias se passam e ambos continuam comendo
as batatas cozidas no almoço, pai e filha vão se definhando e perdendo seu elo
familiar. A rotina trouxe a mecanicidade para um ambiente já mecânico – os
afazeres do campo, o trabalho que se inicia com o nascer do sol. Para ampliar a
sensação de deslocamento e monotonia, a fotografia magistral (que faz seu
contemporâneo <b>“A Fita Branca”</b> <span style="font-family: inherit;">(2011)
parecer filmagem de criança) cuida de criar uma ambientação impecável para o
enegrecimento do cotidiano. A parca iluminação traz um breu inquebrantável à
noite, que a acaba transformando em um instrumento mais opressor que o próprio
dia com sua tempestade. Além do mais, a câmera flutua pelo cenário, pautada
pela direção endeusável de Tarr, que constrói sua abordagem basicamente sobre
planos-sequência longuíssimos e de um rigor técnico incorruptível. <o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Há de se levar em conta também a
plástica sonora que é de uma inteligência sem par. A mixagem do som recorre ao
ruído contínuo e ininterrupto do vento, adquirindo uma espécie de loop, o
colocando como um coadjuvante indesejável na estória. A trilha sonora, por sua
vez, minimalista e propositalmente repetitiva é empregada nos mais oportunos e
inspirados momentos, engrandecendo não só o objetivo do cineasta, mas também a
beleza da imagem. <o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;">Se transpusermos essa temática para
o ambiente urbano, inevitavelmente iremos nos deparar com outra obra-prima e
excelência no assunto, <b>“O Sétimo
Continente”</b> (1989), de Michael Haneke, o que
apenas corrobora para uma comparação mais assídua entre os dois diretores. Mas
desta vez há uma dualidade na situação. Haneke estreou sua carreira em longas
metragens com este filme de 89, enquanto Tarr finaliza sua obra com <b>“O Cavalo de Turim”</b>. Ambos são filmes
tratantes do mesmo tema, com uma abordagem lenta e calculista similar. O que
diferencia ideologicamente os dois exemplares é que enquanto Haneke deixa a
cargo do espectador fundamentar sua teoria sobre o desastre iminente, Tarr
aborda um desastre (porque este que está por vir e não é mostrado pode ser
considerado inevitável) por um objetivo mais elaborado. <b>“O Cavalo de Turim”</b>, sob um olhar mais amplo e contextualizado, é o
espelho da própria vida do cineasta. A obra divaga sobre o tempo. Tempo este
que deve afligir em muito um homem com uma bagagem de vida imensa e uma obra
cinematográfica igualmente considerável. Assim como Bergman, Tarr deve estar
passando por uma crise de idade avançada e, como seu último projeto, nada
melhor que deixar arquivado nas imagens sua visão de mundo e de vida. Como
dizia Godard quando falava do gênio sueco: <i>“...para
Bergman, escrever é fazer perguntas e filmar é responde-las.”</i> Acredito que
a intenção de Béla tenha sido equivalente. Estamos diante de uma questão muito
maior do que conseguimos responder. Foge de nossa alçada. Mais vale encararmos
obras de arte como esta e esperarmos – assim como Bergman e Tarr – encontrar
uma resposta plausível. Com essa responsabilidade em mãos, não havia filme mais
oportuno para o cineasta deixar sua profissão... legando sua vida exposta em
sua obra e tentando solucionar um dos mais filosóficos e insolúveis
questionamentos que se possa fazer. </span><span style="font-size: small;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSUK8vHQtAytqKawR8O_OMiRWBfz2zLRlihfZDOzaPcHe5IfDO91Sg1BIBBSYT-yKNuyOGkap2LRwlo3UlLQx6iFN4CSBrU9kOsV8wDF1_Xphdf_eKHylydQwV7Tkvhy-ryyv7CLNo4ZJM/s1600/turin-horse.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSUK8vHQtAytqKawR8O_OMiRWBfz2zLRlihfZDOzaPcHe5IfDO91Sg1BIBBSYT-yKNuyOGkap2LRwlo3UlLQx6iFN4CSBrU9kOsV8wDF1_Xphdf_eKHylydQwV7Tkvhy-ryyv7CLNo4ZJM/s1600/turin-horse.jpg" height="240" width="400" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><span style="font-family: inherit;"><br /></span></span></div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-53267621646183600912013-12-23T08:36:00.000-08:002013-12-23T08:37:22.100-08:00372. Only God Forgives<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhatdb7t8lJpjSny8wdtxGQ9AH8xc7vX-DI7zJ73iKMFRz0sk8as2ACUi6ydT5gYXjVrj6NHycSEYLrUSdWn2rgOR60wzzRrgEdI0LbfiohYN1Y0ld_sKbonJjtw4E5cSJ6y4zPAU4msOII/s1600/MV5BMzE5NzcxMTk5NF5BMl5BanBnXkFtZTcwNjE2MDg2OQ@@._V1_SX640_SY720_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhatdb7t8lJpjSny8wdtxGQ9AH8xc7vX-DI7zJ73iKMFRz0sk8as2ACUi6ydT5gYXjVrj6NHycSEYLrUSdWn2rgOR60wzzRrgEdI0LbfiohYN1Y0ld_sKbonJjtw4E5cSJ6y4zPAU4msOII/s400/MV5BMzE5NzcxMTk5NF5BMl5BanBnXkFtZTcwNjE2MDg2OQ@@._V1_SX640_SY720_.jpg" width="268" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk0NYhAqjmE1qLwXiaYs_wezT9pCvnrlf3YrjX7s8q0N4Hl8CXpfa9CWlOuy5_Ic3ZOtaNDFk2Fnm9wNE_e53L6whJIRLZCBUxOrV_NwejxOjkvCZy4KTUCY4FN7wW-JJTQPW0uC06AhKc/s1600/4stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgk0NYhAqjmE1qLwXiaYs_wezT9pCvnrlf3YrjX7s8q0N4Hl8CXpfa9CWlOuy5_Ic3ZOtaNDFk2Fnm9wNE_e53L6whJIRLZCBUxOrV_NwejxOjkvCZy4KTUCY4FN7wW-JJTQPW0uC06AhKc/s1600/4stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Muito bom)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Para início de conversa, devo satisfações a todos os leitores recorrentes que notaram meu gigante hiato de quase 6 meses neste blog. Como alguns devem saber, além das análises fílmicas, sou universitário e estagio na própria universidade. A carga horária destas atividades requer muito tempo livre e, nos momentos de descanso, geralmente não tenho inspiração para escrever os textos regulares do C de Cinema pois o cansaço é muito grande. Felizmente, àqueles que notaram minha ausência, estou em período de férias e com uma disponibilidade bem maior de horário para me dedicar a esta página. Mesmo com meu afastamento, a ideia de encerrar as atividades deste blog nunca passaram pela minha cabeça. Portanto, se esta situação voltar a se repetir de tempos em tempos, saibam que esta se dá por força externa, não por vontade própria.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Dito isso, nestes últimos dias venho conferindo os filmes lançados comercialmente neste ano de 2013. Dentre diversas sessões - algumas ótimas (<b>"O Passado"</b>, <b>"O Hobbit"</b>, <b>"Capitão Phillips"</b>...) e outras nem tão boas assim (<b>"Machete Kills"</b>, <b>"Um Estranho no Lago"</b>...) - o novo filme de Nicolas Winding Refn foi o que mais me chamou a atenção. Não necessariamente por sua qualidade (embora seja um dos grandes filmes do ano), mas pela aura mística e enigmática que banha cada um dos quadros da projeção. Vale avisar aos navegantes que pretendam embarcar neste sonho gore e obscuro, que talvez <b>"Only God Forgives"</b> não agrade a todos da mesma forma que o filme anterior do diretor, <b>"Drive"</b>.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Novamente trabalhando com Ryan Gosling, o diretor nos submerge no submundo tailandês, onde Gosling é um traficante que tem seu irmão morto pelo chefe da polícia local. Sua família então o obriga a se lançar em uma caçada em busca de vingança. Embora se assemelhe muito a uma trama popular e genérica de um filme policial qualquer, o tratamento dado por Refn à estória foge de qualquer padrão estabelecido pelo gênero. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
A abordagem continua a mesma de seu filme anterior (o que torna comparações inevitáveis), onde se privilegia, acima do desenvolvimento da narrativa violenta, o que se possa extrair desta violência. Todas as consequências e pormenores ocasionados por um ato violento são decupados. Se em <b>"Drive"</b> há um equilíbrio brilhante entre a glamourização estética e a popularidade da produção, em <b>"Only God Forgives" </b>qualquer indício de caráter popular na trama se perde por completo. Este longa é bem mais underground e alternativo que <b>"Drive"</b>. A começar pela estética extremista. O diretor parece privilegiar acima de tudo o silêncio generalizado durante a projeção. O som ambiente é apenas entrecortado pela trilha sonora - excelente, por sinal - já que os diálogos acontecem apenas quando estritamente necessários. O próprio protagonista tem sua primeira linha de diálogo em mais de 20 minutos de projeção. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E enquanto o silêncio domina o som, a belíssima fotografia toma conta dos enquadramentos metódicos. O contraste entre vermelho e azul extremo e a parca iluminação criam ambientes tão claustrofóbicos e angustiantes que mais se aproximam de sonhos perturbadores. Esta abordagem imagética talvez seja a mais acertada por parte de Refn, uma vez que contribui com sua montagem um tanto psicodélica, a qual tenta estabelecer um mundo onde a fantasia gira em torno da realidade (ou vice e versa), ao entrecortar cenas palpáveis e reais com a imaginação e onirismo do protagonista (vide a primeira cena sexual de Gosling, onde este tenta se excitar com uma prostituta em sua frente, mas é perturbado pela aparição constante e assombrosa do vilão máximo do filme). </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Seja pela montagem lenta, pela evolução pausada ou mesmo pela precisão dos enquadramentos, esta talvez seja a obra mais kubrickiana que Refn tenha realizado em sua carreira. Diversos planos são homenagens latentes ao mestre do cinema. Vale ressaltar a sequência do karaokê no restaurante, que soa como uma paráfrase atualizada das sequências em que Alex e sua gangue se drogam com Moloko Vellocet, na obra-prima da ultra-violência, <b>"Laranja Mecânica"</b>. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Mas a questão que se deve indagar no momento é: até que ponto a técnica admirável e a lentidão narrativa são sinônimos de uma abordagem estilizada e inteligente e onde começam a mascarar uma fragilidade e superficialidade do roteiro e da própria direção? Embora admire deveras a coragem do realizador em se aventurar em um projeto tão alternativo em um mercado cinematográfico tão alienado e conservador, há de se levar em conta que, por ventura, a opção não tenha sido tanto uma opção, mas sim a única alternativa de levar o projeto à frente. Uma vez que este tipo de estética exige muito mais tempo para o desenrolar da trama, seria a melhor solução para uma estória rasa, sem conteúdo sequer para um média-metragem, certo? Pois bem, à interpretação de alguns é isto que pode aparentar. Pessoalmente, não concordo com a descrição, mas é fato que muitas das cenas de <b>"Only God Forgives"</b> poderiam, sim, ser cortadas ou mesmo reduzidas pela metade em sua duração sem perda nenhuma de significado.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Por fim, dotado de um encerramento completamente perturbador e sanguinolento, este longa merece aplausos pela ousadia, mas ressalvas pela ideologia de seu diretor. Certamente dividirá a opinião da crítica e do público, mas sou parcial a Refn. Este dinamarquês pode facilmente iniciar uma nova onda de filmes policiais, com um pouco mais de conteúdo, e na atual situação de nosso cinema, não podemos reclamar de uma mudança nestes padrões. Com suas verborragias à parte, "Only God Forgives" cumpre o que promete e faz refletir pelas suas cenas de violência e pela perturbadora relação mãe e filho. Apesar de ter uma outra visão sobre o filme, vou encerrar este texto parafraseando Marcelo Hessel, em sua crítica do filme ao Omelete: <i>"</i><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-style: italic; line-height: 21px;">Poucas vezes desde a sanguinolenta peça de </span><span style="background-color: white; border: 0px; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-style: italic; line-height: 21px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">Sófocles</span><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px;"><i> de 427 a.C. um complexo de Édipo resultou em tanta carnificina quanto em <b>"</b></i></span><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><span style="border: 0px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;"><i style="background-color: white; font-weight: bold;">Apenas Deus Perdoa"</i><span style="background-color: white;"> [...]<i> </i></span></span></span><span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px;"><i>Porque tem gente que interpreta aquela história de "voltar ao ventre" de forma bastante literal."</i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="background-color: white; font-family: Arial, sans-serif; font-size: 14px; line-height: 21px;"><i><br /></i></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 21px;"><b>Gênero:</b> Ação</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 21px;"><b>Duração: </b>89 min.</span></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, sans-serif;"><span style="font-size: 14px; line-height: 21px;"><b>Ano: </b>2013</span></span></div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-42645939169302349052013-08-04T16:51:00.001-07:002013-08-04T16:51:08.333-07:00371. Post Tenebras Lux<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz2hrV0dx2Z52Hl2ULAICq8Bk_ka7Tp1p7SE9EtsxRjiV_ssaHFLroWawwmVAtd2xiZuQ_Gb3RNsxY5FaXSzP1oRaMJi1fZfoHWyY1qUmRVvB-DTeg3nenUZT-7gH1R8xez6eG-T79wT-y/s1600/post-tenebras-lux-799494l.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjz2hrV0dx2Z52Hl2ULAICq8Bk_ka7Tp1p7SE9EtsxRjiV_ssaHFLroWawwmVAtd2xiZuQ_Gb3RNsxY5FaXSzP1oRaMJi1fZfoHWyY1qUmRVvB-DTeg3nenUZT-7gH1R8xez6eG-T79wT-y/s400/post-tenebras-lux-799494l.jpeg" width="295" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8IJ7K8zQBn_kT5g-nSu2p2dpcoBJsATeuj44_RiMulPK3ypTXBKgBYG7mkA_STl1K65jziYxtsfLnlo5t7rwGY4bzecI7t2dJdp-e5PXuP7D9WrEgUdpjd_L4_gbKPhPspqCVnktVXMnO/s1600/4stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh8IJ7K8zQBn_kT5g-nSu2p2dpcoBJsATeuj44_RiMulPK3ypTXBKgBYG7mkA_STl1K65jziYxtsfLnlo5t7rwGY4bzecI7t2dJdp-e5PXuP7D9WrEgUdpjd_L4_gbKPhPspqCVnktVXMnO/s1600/4stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Excelente)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>P.S: Este post contém spoilers!</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Em 2010, <b>"Tio Boonmee Que Pode Recordar Sua Vidas Passadas" </b>ganhara a Palma de Ouro em Cannes, prêmio máximo do festival. O que não se revelou nenhuma surpresa, já que o filme de Apichatpong parecia ter saído do forno sob medida e com o único objetivo de encabeçar a lista dos vencedores de grandes festivais de arte. Dois anos mais tarde, em 2012, <b>"Post Tenebras Lux"</b> - mais novo filme do mexicano Carlos Reygadas - também concorreu à Palma de Ouro, porém não levou o prêmio (que ficou para a obra-prima <b>"Amour"</b>). Apesar de bem inferior ao filme vencedor, de Haneke, <b>"Post Tenebras Lux" </b>se sobressai ao péssimo<b> "Tio Boonmee..."</b> em todos os aspectos, sob inevitável comparação. Inevitável pois ambos se apoderam de abordagens muito semelhantes e concorreram ao mesmo prêmio, mesmo que em anos diferentes. Acontece que este filme de Reygadas é tudo o que <b>"Tio Boonmee..."</b> quis ser e não conseguiu.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Com uma estética muito mais sinestésica que narrativa, se privilegia aqui as imagens, o som e toda a catarse que disso se possa extrair. O caráter experimental da fotografia e a truncada montagem fazem com que a trama deste projeto seja muito difícil de se explicar, porém fácil de se interpretar. À título de curiosidade, penso em <b>"Post Tenebras Lux"</b> como um retrato pessimista da instituição familiar. Há, certamente, uma linha central de narrativa. Esta talvez se concentre na decadência de uma família sem sobrenome, onde Juan é o pai, Natalia é a mãe, Rut a filha criança e Eleazar, o filho também pequeno. Não tarda para que a suposta felicidade demonstrada pelo casal seja abalada por Juan, evidentemente problemático e mórbido irritado. A família vive, então, em uma montanha russa que parece apenas descer (de mau a pior), conforme o tempo passa. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Acima de tudo, há uma divagação sobre a luta do bem contra o mal. O bem seriam os filhos que mantém o casal unido, a música que acalenta o sofrimento e a natureza que envolve a vida da família. Não é à toa que se retiram da cidade para viverem ao lado de uma floresta. Contudo, há o mal. O mal através do vício em pornografia, dos vizinhos e conhecidos que insistem em piorar a situação da família e também a hipocrisia que envolve todos os personagens do filme. A hipocrisia dos parentes para com a família ou mesmo do próprio casal. Não há espaço para diálogo e tudo parece perfeitamente bem. Debaixo do tapete, porém, existem muitos assuntos inacabados e angústias a serem desabafadas. Mas a relação se torna emocionalmente frígida, vira mecânica. Agora só reina o sexo como instinto animal. Enxergando a decadência iminente de seu casamento, Juan e Natalia buscam no sexo o elemento que falta em seu dia a dia. Nada acontece e a queda é ainda maior. Juan sabe que a culpa é sua e passa a desenvolver uma frustração latente que se transforma em raiva. Como forma de extravasar, desconta essa raiva nos indefesos: os cachorros. Constantemente os cães aparecem como bodes-expiatórios para os seres-humanos. Reygadas não exita em expor cães sendo atropelados, chutados e espancados, servindo sempre como saco de pancadas de uma sociedade mais hipócrita que a própria rotina da família.</div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em <b>"Post Tenebras Lux"</b>, só se salvam da podridão humana o casal de crianças, que enxerga o mundo com uma vívida inocência. Porém, até este raio de esperança é ofuscado pela pessimista direção do mexicano, quando filma a sequência de abertura do projeto, o sonho de Rut.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Abrir o filme com esta cena foi uma acertada escolha da direção, já que apresenta o tom sombrio e experimental que perdurará durante toda a projeção da melhor forma possível. O sonho em questão é uma metáfora à perda da inocência de uma garota que nota que a relação de seus pais não está tão boa assim. E se desespera. Sob a luz do dia, a garota se encanta com a natureza e os animais - representando a inocência -, porém não tarda para que a noite caia e a tempestade se aproxime, trazendo junto a sensação de abandono e solidão. A tela se inunda de escuridão e a garota clama por seus pais, sem ser atendida. Toda esta sequência de quase 10 minutos é um exemplo magistral do talento de um diretor na administração de cenas. É admirável como a escuridão surge de forma tão delicada, misteriosa e quando menos se espera, está por toda a parte. A edição de som também é impecável e afronta o espectador com o assustador ruídos dos trovões no céu escuro. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Dessa forma, se inicia a brincadeira de espaço-tempo promovida pelo filme. A sensação de aparente linearidade engana o espectador que se atrela muito a uma situação específica. A montagem avança e regride no tempo de forma discreta e prática. Assim, para conferir um filme tão enigmático como<b> "Post Tenebras Lux"</b>, deve-se, primeiramente, abandonar todas as concessões de narrativa convencional que se tenha. E talvez este seja o motivo de muitos espectadores se sentirem confusos durante as quase duas horas de projeção. Uma prova concreta (e talvez o elemento que mais confunda o público) é o espaço dado aos coadjuvantes na narrativa. Enquanto, em um filme convencional, os coadjuvantes sempre ficariam orbitando ao redor dos protagonistas e sendo inseridos apenas quando deveriam influenciar a trama principal ou acrescentar algo mais ao filme (como deve acontecer em uma linguagem usual), aqui as figuras de segundo plano têm vida própria e independente. É como se <b>"Post Tenebras Lux" </b>se lançasse muito mais no universo dos coadjuvantes que um filme normal - claro que se utilizando desse recurso para denunciar novamente as mazelas da família. Surge, assim, uma teia que abrange e critica muito mais que um grupo de quatro pessoas, mas uma sociedade inteira, o que é muito mais universal e atemporal.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Já em seu encerramento, o mal vence o bem. Um dos empregados da família os rouba e seu ajudante acaba por deixar Juan de cama, com um tiro em suas costas. Não demora para que este morra. O assassino, então, é representado como o mal supremo, é literalmente encarado como um demônio. Quando volta para sua família (na forma de uma figura diabólica) e encontra sua esposa com um amante, vê como sua vida perdeu o rumo (algo que conversa com a história da família protagonista) e acaba por se suicidar de uma forma tão onírica e surreal quanto o sonho da cena de abertura. A natureza se fecha e se entristece, o que se faz notar na cena em que diversas árvores são cortadas na floresta e a chuva começa. Esta mesma chuva que acompanha todos os personagens em seus momentos mais angustiados e desesperados. Sempre que uma discussão se inicia ou há um sentimento corroendo a alma, a chuva vem para envolver a cena em obscuridade.<br />
<br />
E através de um túnel das mais diversas sensações (desde asco até relaxamento), Carlos Reygadas nos conduz em um tour de force altamente considerável. Optando por cortes lentos e longos planos sequência, o mexicano surge como o oposto de Terrence Malick, dentro do cinema-contemplação. Enquanto Malick segue a linha de belas imagens com narração lírica, Reygadas prefere o mais simples e obscuro: a beleza natural e um silêncio reflexivo. A fotografia minuciosa cuida para que a câmera não apenas filme, mas flutue nas locações. E a distorção e desfoque na extremidade das cenas em céu aberto ainda me permanece sem explicação, mas virou curiosidade a ser melhor analisada em uma revisão.<br />
<br />
Finalmente, com esta visão obscura da vida, <b>"Post Tenebras Lux"</b> conduz o espectador gradativamente a um mundo real, que todos conhecemos, mas tratado de forma fabulesca e contemplativa. Este é, com certeza, um daqueles exemplos de cinema para se sentir, não necessariamente entender. Sou adepto de Buñuel e Lynch, onde se privilegia o sentir. E estou certo de que Carlos Reygadas mexeu com meus sentidos e aguçou minha curiosidade.<br />
<br />
<b>Gênero: </b>Drama<br />
<b>Duração:</b> 115 min.<br />
<b>Ano:</b> 2012</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-81988147872992785632013-07-28T14:40:00.001-07:002013-07-28T14:40:14.301-07:00370. Segredos de Sangue<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDUlxUjT6O-q-kgfxCgVRw9cahxp_wfW3WxAH66yaTsircghCBJBbCyuszVyeQsZSSnEqIx6Qoya9K15znvAijxtybMiNXAxYu7gcI6ebfs3RMtyOqqJp4YIyx9yCHBOqrmgdDNh8vvPhY/s1600/baac85aae5afe38188ecd3107222bde0_jpg_290x478_upscale_q90.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjDUlxUjT6O-q-kgfxCgVRw9cahxp_wfW3WxAH66yaTsircghCBJBbCyuszVyeQsZSSnEqIx6Qoya9K15znvAijxtybMiNXAxYu7gcI6ebfs3RMtyOqqJp4YIyx9yCHBOqrmgdDNh8vvPhY/s400/baac85aae5afe38188ecd3107222bde0_jpg_290x478_upscale_q90.jpg" width="272" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigMETh1F3FvRrrp89P537gap0-bvf2163FXt4U0Am1KYDiai9OMcDC1yQ8igi4T86B2a5A147EGcY7guLHo4qJ3ri_R7BWHydKDqVlveVm3bnrMRJt0E0khqAqqlHEGWKKAcOS_LB5KqTu/s1600/3stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigMETh1F3FvRrrp89P537gap0-bvf2163FXt4U0Am1KYDiai9OMcDC1yQ8igi4T86B2a5A147EGcY7guLHo4qJ3ri_R7BWHydKDqVlveVm3bnrMRJt0E0khqAqqlHEGWKKAcOS_LB5KqTu/s1600/3stars.png" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
(Mediano)</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Chan-wook está tentando se "norte-americanizar". Abandonar sua terra e colocar os pés em Hollywood. Felizmente, para o cineasta já consolidado na Coréia do Sul, mudar de ares não significa abandonar suas raízes. Sua abordagem recorrente (sempre ousada e brutal) continua neste seu primeiro exemplar hollywoodiano. Mas, claro, em escala reduzida... até demais.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mia Wasikowska é India Stoker, uma garota à beira da maioridade descobrindo sua sexualidade e instinto violento, após a morte de seu pai. Regida por uma mãe distante e alienada, Evelyn (Nicole Kidman), se encontra ameaçada pela presença cativante e letal de seu tio, Charlie. Um drama de potencial melodramático, se não fosse levado às telas por Chan-wook Park que, como bom coreano, não hesita em adicionar uma morbidade crescente ao longa. Mas talvez Park tenha se esquecido de que produz, agora, para o comércio hollwoodiano, e que o caráter liberal e extremista de seu cinema anterior não mais pode ser empregado. <b>"Segredos de Sangue"</b> provavelmente é marco zero para um novo cinema do diretor: mais implícito e contido, mais hipócrita. Não pode mais impactar com tramas mirabolantes como na inexorável trilogia da vingança. Tampouco chocar como <b>"Oldboy"</b>. Dessa forma, visivelmente as intenções do sul coreano são boicotadas nesta película. <b>"Segredos de Sangue"</b> para sempre na beira do rio, quando o assunto é polêmica. Molha os pés mas não tem coragem de atravessar. O que, inclusive, soa estranho aos habituados a sua cinematografia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Claro que a culpa não foi de Chan-wook, mas certamente de seus produtores. Agora, se há algo a destacar como demérito do próprio cineasta é sua inabilidade ao explorar seus personagens. Supostamente tentando aprofundar diversas camadas destes, o diretor se revela ineficiente em uma construção mais concisa e verossímil de suas criações. Até porque, pelo menos ao contato que tive com o diretor, não lhe interessa muito o aprofundamento dos mesmos, mas apenas usá-los como objetos para extrair o máximo de emoções do espectador. O problema é que <b>"Segredos de Sangue"</b>, como não conta com tantas emoções únicas e chocantes, necessita recorrer não apenas à imagem, mas aos personagens, para se sustentar. E o problema reside aí. A mais complexa talvez seja India, com a profundidade de um pires. Evelyn, então, atinge o cúmulo da má exploração. Mais se assemelha a uma figura esculpida em cera que um ser humano propriamente dito. O próprio personagem do tio, que leva a trama à frente e esconde um segredo, não consegue passar de mais uma alegoria antipática em tela. E o problema é agravado já que os primeiros 30 minutos de filme, até a trama se desenrolar mais um nível, se prende demais e tenta cativar com estes mesmos personagens. O que resulta, então, em uma sequência de cenas, em sua maioria, dispensáveis. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Não obstante, as atuações não colaboram em nada para que o estigma de personagens-bonecos seja quebrado. Kidman está em uma de suas piores performances. Mais fria e inexpressiva, impossível. Matthew Goode (no papel do tio) deveria cativar como conquistador, mas só consegue lançar olhares baratos e escandalosos, o que me faz pensar que Evelyn - que demora bastante para notar que seu amado parceiro não é tão devoto assim - tenha alguma disfunção psicológica. E isso até justificaria a pobreza de sua performance e personagem. Por fim, Mia Wasikowska, a protagonista, soa insossa, porém menos inexpressiva que seus companheiros de cena. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Contudo, em despeito de tantos pontos negativos, principalmente no que tange à submissão de um dos mais prolíferos diretores coreanos aos padrões de Hollywood, há algo que Chan-wook não perdeu e o emprega da melhor forma possível: sua montagem dinâmica, divertida e única. Os flashbacks extremamente bem costurados à trama se unem a uma montagem dialética, enquanto amarrados por uma trilha sonora excepcional do igualmente soberbo Clint Mansell. Há o humor ácido costumeiro e, como sempre, a montagem se torna um personagem independente que, no caso deste filme, soa mais interessante que qualquer outro elemento em tela e é responsável pelo real êxito da produção. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Isto, aliado à uma ótima fotografia, cuida de tornar <b>"Segredos de Sangue"</b> uma obra com cheiro e alma do bom e velho Chan-wook Park, ainda que muito boicotado. E, com isso, a incursão do realizador nos E.U.A pode representar duas coisas: ou a queda de um excelente cineasta, ou um novo sopro de originalidade ao cinema hollywoodiano. Como <b>"Segredos de Sangue"</b> permanece em cima do muro, espero que a segunda opção se concretize. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Gênero:</b> Drama/Suspense</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Duração:</b> 98 min.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Ano:</b> 2013</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-17444332006404221462013-07-21T13:36:00.001-07:002013-07-21T13:36:18.234-07:00369. O Lugar Onde Tudo Termina<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1ENjmr2RQFLnUaXcbv59G9zPxuMo9oSW46pHnV6qUb_De-NeqIEyTm5fU8qvIvigvwcQ9H6ynOLQx9MaD52HaCJSOzDF67JzEepTjIbQ3hPRYxkTxM9qQF0QbLIRYtxWpLU5C_f-kBf9K/s1600/the-place-beyond-the-pines-official-poster-banner-promo-poster-14marco2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1ENjmr2RQFLnUaXcbv59G9zPxuMo9oSW46pHnV6qUb_De-NeqIEyTm5fU8qvIvigvwcQ9H6ynOLQx9MaD52HaCJSOzDF67JzEepTjIbQ3hPRYxkTxM9qQF0QbLIRYtxWpLU5C_f-kBf9K/s400/the-place-beyond-the-pines-official-poster-banner-promo-poster-14marco2013.jpg" width="270" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCtVDlwXCW194wFzAwpymAUN5jSr-koY7Pdu5dUfeygvVVEkKdNH0vNaxozV6_pPcWl_mg8wDUDZH0Vy-omfSGoQXYgxeFLKFJePcrZdOBhaVMYnWfKKAbF4HBAq8qYyQGl8qF_bJvG166/s1600/4stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCtVDlwXCW194wFzAwpymAUN5jSr-koY7Pdu5dUfeygvVVEkKdNH0vNaxozV6_pPcWl_mg8wDUDZH0Vy-omfSGoQXYgxeFLKFJePcrZdOBhaVMYnWfKKAbF4HBAq8qYyQGl8qF_bJvG166/s1600/4stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Bom)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<b>P.S: Este texto contém spoilers!</b></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: left;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>"O Lugar Onde Tudo Termina"</b> se inicia com um plano sequência de quatro a cinco minutos, que abriga os créditos iniciais e nos introduz, em primeira mão, ao universo obscuro de seu protagonista. A abertura conduz nossa percepção a dois caminhos: primeiro, de que já vimos a mesma história incontáveis vezes em outros dramas (homem do submundo precisa aprender maturidade para cuidar de seu filho) - alguns muito melhores, aliás - e segundo, que talvez este tenha algo mais a acrescentar, dada sua estética dissonante da maioria dos longas dramáticos da atualidade. Porém, não é necessário um grande esforço para encontrar, explícita, a fonte da suposta originalidade: basta retornar um ano, revisitar <b>"Drive"</b>, e esta percepção de dissonância cai por terra.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
A início de conversa, é muito difícil analisar por completo este longa sem revelar alguns pontos importantes que poderão estragar a surpresa dos espectadores que ainda não o conferiram. Por isso, estejam avisados: este texto se destina àqueles que já o assistiram. Isso porque sua narrativa é fragmentada em duas partes. A primeira, protagonizada por Ryan Gosling e a segunda, alavancada por Bradley Cooper. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Gosling interpreta Luke, um experiente motoqueiro que desafia o globo da morte a cada nova apresentação em um parque de diversões, para se sustentar. De súbito, descobre a existência de um filho seu e decide por abandonar seu atual emprego, conseguir algo mais substancial e menos arriscado, para poder sustentar, não só a ele, mas também seu filho e sua ex-namorada, mãe da criança. Arriscado, porém, se revela algo do qual Luke não consegue se desvencilhar. Impulsionado por um conhecido e empregador seu, começa a roubar bancos e vê nisto um futuro promissor. Não tarda para que seus planos sejam desfeitos quando um de seus roubos sai do controle.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Nesta primeira parcela da projeção, o que mais impressiona e satisfaz é o tom conservador da estética e da direção. Optando por apresentar e desenvolver seus personagens mais lentamente que o habitual, o diretor Derek Cianfrance (o mesmo por trás do igualmente satisfatório <b>"Namorados Para Sempre"</b>) consegue desfilar uma galeria de personagens de forma homogênea à narrativa, dando tempo para que o público se acostume, conheça e tome as dores de seus personagens quando algo desagradável lhes acontece. Algo que funciona muito bem, inclusive, pela qualidade das performances em tela. Eva Mendes, como a ex-namorada de Luke, está natural e precisa em seu trabalho. Mesmo que seja coadjuvante, como na maioria dos filmes em que trabalhou, não são raras as sequências em que chama tanta atenção quanto os protagonistas. Porém, é Ryan Gosling que merece maior enfoque. Sua performance também é contida (o que conversa bastante com a de Mendes) e extremamente eficaz. Não há dúvidas de que este astro seja sim um ator muito acima da média. Mas vale citar, e acredito não estar sendo cético demais, que sua interpretação em muito lembra - e emula - a sua própria no excelente e ironicamente poético <b>"Drive"</b>. O que, como mencionei no primeiro parágrafo, não acontece apenas por parte do ator, mas da própria direção. Diversos momentos tentam recriar a ambientação e atmosfera do filme de um ano atrás. Basta notar a fotografia metódica e principalmente a montagem contemplativa (ou o que se acredita ser), com seus constantes transfades lentos. A própria construção das cenas se relaciona com o que Winding Refn fez em <b>"Drive"</b>. Isso, claro, pode representar perigo e botar em cheque até onde <b>"O Lugar Onde Tudo Termina"</b> é original por si mesmo e onde dá uma espiada com canto de olho no colega da carteira ao lado. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Contudo, há algo no diretor que é de sua própria capacidade e também o maior trunfo do filme: Cianfrance estudou, entende o roteiro que escreveu e sabe como contá-lo através de imagens. Repleto de plot twists, que nunca deixam a peteca cair durante a projeção, o diretor/roteirista vai evoluindo sua narrativa de forma inteligente e aplica as reviravoltas no exato momento em que devem acontecer. Levando-se em conta que havia conseguido que seu público nutrisse forte empatia pelas personas em tela, as reviravoltas soam chocantes, certeiramente abruptas e a alma do filme, por assim dizer. A triste realidade é que se tornou comum de uns anos para cá, que os dramas fracassem em chocar o espectador sem apelar ao choque gráfico. Mas de uma coisa o público de <b>"O Lugar Onde Tudo Termina"</b> pode ter certeza: que não vai se conservar impassível durante seus 140 minutos de projeção. Isso, numa época onde o cinema mais popular está anestesiado, representa muito. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Outro ponto a se considerar, e que vem somar à ideia de "ousadia" por parte do diretor/roteirista é a morte do protagonista em 50 minutos de projeção. Quando um de seus assaltos dá errado, Luke é perseguido por Avery, um novato policial (interpretado por Bradley Cooper), que acaba surpreendendo e matando o atual protagonista. Automaticamente, se inicia a segunda parte da projeção, com o próprio Cooper atuando como artista principal. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Exibido pela mídia como um herói, Avery sente a culpa de ter deixado um bebê órfão, que só é maximizada quando um grupo de seus amigos, também policiais, chantageia a ex-namorada de Luke para roubar o dinheiro que o falecido havia deixado ao seu bebê. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Nesta segunda parte, há a impressão de que um antigo filme acabou e um novo começara. A estética lenta parece ser abandonada em detrimento de algo mais objetivo, direto. O que, não sei se propositalmente, acaba refletindo o próprio personagem, que é uma figura mais decidida, centrada e fria. Não há espaço para apreciação, apenas para ação. E é nela que somos apresentados a diversos outros personagens (já que muitos da primeira parte foram jogados de escanteio), incluindo os filhos adolescentes de Luke e de Avery. Eles, de certa forma, acabam tirando uma parcela da responsabilidade do personagem de Bradley de levar o filme nas costas, mas em despeito disso, Cooper consegue sim, ao que se compete, levar sua trama adiante sem enfraquecer um momento. E é notável esta evolução do ator nos últimos anos. Basta comparar seus últimos trabalhos (este aqui e <b>"O Lado Bom da Vida"</b>) aos seus anteriores e avaliar a óbvia evolução de sua interpretação. Já não é apenas mais um galã de comédias românticas, ele tem algo a expressar.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Assim, com um encerramento que em nada deixa a desejar aos outros momentos chocantes e tensos do longa, <b>"O Lugar Onde Tudo Termina" </b>se revela um bom drama. Embora nada memorável ou endeusável, vale por não ser mais um ponto comum de uma trama já batida. Mesmo que essa diferenciação seja um tanto questionável.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Gênero:</b> Drama</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Duração: </b>140 min.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Ano: </b>2012</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-90103331336419949832013-06-25T19:27:00.003-07:002013-06-25T19:30:05.250-07:00Cinefilia 24: O Cékulo do Kynema<div style="text-align: justify;">
Logo no início deste ano, ao ingressar na Universidade, decidi por conhecer mais a fundo a biblioteca do Campus. Como cinéfilo doente, o primeiro foco de pesquisas de acervo foi cinema. Entre uma pesquisa e outra, acabei encontrando o corredor específico de audiovisuais. E em meio a uma infinidade de títulos preciosos, um me chamou particularmente a atenção. Era um exemplar antigo, menor (em tamanho e quantidade de cópias) e mal conservado. Daqueles onde uma fita adesiva gruda a lombada, para as páginas não caírem, e o leitor precisa fazer malabarismo para, quando ler, não perder as folhas. É interessante, aliás, que um livro disponibilizado na biblioteca central de uma das maiores universidades da região esteja neste estado de conservação, mas isto é tópico para outras linhas de discussão...</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Pois bem, quando retirei o livro da estante, notei que se tratava de uma cópia de<b> "O Século do Cinema"</b>, de Glauber Rocha, cineasta que admiro muito. Folheando o livro, um subtítulo sugou minha curiosidade: <i>"Você gosta de Jean-Luc Godard? (Se não, está por fora)." </i>Acontece que eu não gosto de Godard (nem tanto por sua fase Nouvelle-vagueana, mas pelos rumos que sua obra adquiriu após a década de 60) e me interessei pelos motivos de título tão categórico e inquisitivo quanto esse. Apesar de ter conhecimento do fanatismo de Rocha pelo cineasta francês, continuei curioso. E meu interesse só foi aguçado pelos textos envolvendo Chaplin, Lang, Kubrick, etc, que também constavam na edição... acabei levando-o. </div>
<div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
O livro é uma coletânea de textos e artigos do cineasta nacional acerca de cinema e de sua carreira, como crítico, jornalista e cineasta. E assim que comecei a lê-lo, notei algo fantástico. Boa parte do livro contava com rabiscos à lápis sobre parágrafos e ideias de Glauber, além de destaques aos trechos mais relevantes a pessoa que o havia lido antes de mim e decidiu deixar arquivado nas páginas amareladas suas impressões. Uma atitude bem romântica, vale citar. E apaixonada, já que os trechos sempre se referiam a belas citações do autor a grandes diretores. Não tardou, porém, para que eu sentisse um desânimo tomando conta do antigo leitor do livro. Suas anotações eram cada vez mais rarefeitas e desinspiradas. Sua alegria havia acabado. Não era para menos, <b>"O Século do Cinema"</b> decaia a cada nova página.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Se, de início, os textos me pareceram extremamente relevantes e interessantes, logo Glauber vai exprimindo tudo de mais irritante e egocêntrico que guardou até então. Seus textos rapidamente deixaram de lado a informação e a opinião, e se tornaram nada mais que um amontoado de parágrafos prepotentes e excessivamente rebuscados, como se o cineasta/autor/crítico tentasse se afirmar a cada nova sentença. E, para mim, não há nada mais enojante que um texto masturbatório (onde, como o próprio nome prediz, serve apenas para o autor se afirmar ante si mesmo). Além de muita falta de confiança, é uma indicação de imaturidade e arrogância sem tamanho. Consequentemente, o nível da coletânea quase negativou. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>"O Cékulo do Kynema"</b> (como o próprio Rocha escreve, numa tentativa de mesclar português e russo - sim, isso é um hábito constante na escrita dele!) é uma obra que não eu indicaria a ninguém, a não ser como teste cabal de paciência e tolerância. Alguns de seus textos até que são relevantes, como sua introdução ao Western, seus encontros com Buñuel, Kazan e Fellini e até mesmo sua crítica sobre a obra-prima esquecida pela maioria dos cinéfilos, <b>"A Cruz de Minha Vida"</b> - que, confesso, nunca havia lido uma resenha sobre. Porém, os bons parágrafos são dissolvidos no mar de verborragia política, literária e filosófica que é acachapada em meio às discussões sobre cinema, sem propósito algum, a não ser servir ao ego do diretor. Há trechos em francês, citações incessantes de Eisenstein e Buñuel, a ausência de distinção entre o lado profissional e pessoal de um artista (ao que parece, Rocha não sabe a diferença) e um desprezo latente a Elia Kazan - coisa que o diretor faz questão de jogar no leitor quantas vezes for necessário. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E o mais curioso de tudo é que Glauber, na literatura, é a emulação brasileira do próprio Godard, ex-crítico da Cahiers du Cinéma e prepotente sempre que possível. Ao que tudo indica, Rocha ficou muito tempo exposto aos longas do francês e resolveu imitá-lo na vida, mesmo que este não seja um exemplo muito bom de ser humano a se seguir. Felizmente, essa mesma postura não se repete em seu lado realizador de cinema, já que suas obras, mesmo que claramente referenciadas a Godard, há uma mescla perfeita e equilibrada de todos os questionamentos do próprio Glauber sobre política, religiosidade e futuro cinematográfico. Porque, se fosse como no livro... bom, com os parágrafos acima, vocês podem imaginar minha opinião.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E lembram do leitor que rabiscava as páginas do livro? Em pouco mais de 100 páginas, não havia mais sinal de sua existência. Tinha desistido. Talvez não tenha aguentado as metáforas e referências que só o próprio Glauber era apto a entender. No meu caso, atingi a última folha com muito orgulho e mereço uma medalha de honra ao mérito por esse feito de extrema bravura. Ou pelo menos ser poupado de literatura fatigante por um bom tempo.</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-55976490612008078682013-05-07T19:35:00.002-07:002013-05-07T19:35:48.204-07:00368. Mamá<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfd4lNnrKnZJJYMrwUHQ5KZKA2_QbFxJMF7h41iltDze9UrfMZGi4CZIcsXsCJ1XQf9eeIdmfeKec8iNS2HwYC_3bx0bYzk8gx_l4rplBkfvHP4aA1muju4M76TNfnv1stmELmG0LdyMQ3/s1600/mama.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjfd4lNnrKnZJJYMrwUHQ5KZKA2_QbFxJMF7h41iltDze9UrfMZGi4CZIcsXsCJ1XQf9eeIdmfeKec8iNS2HwYC_3bx0bYzk8gx_l4rplBkfvHP4aA1muju4M76TNfnv1stmELmG0LdyMQ3/s400/mama.jpg" width="251" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivRRl7_4fXUG-HM4eb1J4R3angdP-FFnuhaVcM0tD24mjDa1XUOSFjlijSDkvPpH1xa3Wl93awTwBCNGVTS3Gx6Ynu941z27XjjhuRtE1c8V5eMqRLzS2pDNQ8JdQrD51LqSFpVqla2_3q/s1600/4stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivRRl7_4fXUG-HM4eb1J4R3angdP-FFnuhaVcM0tD24mjDa1XUOSFjlijSDkvPpH1xa3Wl93awTwBCNGVTS3Gx6Ynu941z27XjjhuRtE1c8V5eMqRLzS2pDNQ8JdQrD51LqSFpVqla2_3q/s1600/4stars.png" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
(Bom)</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há mais de um ano atrás, sob indicação de uma querida e confiável amiga minha, tive contato com um curta curioso. Deveras desconhecido pelo público cinéfilo e médio, era uma surpresa que ainda continuasse no anonimato. Usando e abusando de efeitos práticos, estética obscura e fotografia angustiante, <b>"Mamá"</b>, em seus apenas 3 minutos, aterrorizava mais que muito longa de terror dos últimos anos. Pois bem, não demorou muito para que o potencial do curta-metragem fosse garimpado e transformado em longa, pautado pela produção de Guilhermo del Toro e dirigido pelo mesmo diretor do minúsculo filme.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Usando a "trama" (se é que havia uma) do curta como pedra angular, o roteiro expande a narrativa para que a história renda os minutos-padrão de um longa comercial. Agora, somos remetidos à origem das duas meninas protagonistas de <b>"Mamá"</b> original. Órfãs de mãe, as garotinhas são capturadas pelo próprio pai e, após um acidente, se refugiam em uma cabana no meio da floresta. Lá, o pai é morto por uma criatura extra-humana (Mamá) que decide tomar conta das garotas. Acontece, porém, que as meninas são resgatadas da floresta e adotadas por seu tio (junto de sua namorada). Mamá, naturalmente, volta para resgatar suas amadas "filhas". </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Um dos motivos pelos quais decidi assistir a <b>"Mamá" </b>foi para complementar minha experiência com o curta. Entender um pouco mais daquele flash doentio na vida das duas irmãs. Quem e o que é Mamá? Por que estaria cuidando das duas crianças? Qual a explicação de sua existência? Essas incógnitas, como não poderia deixar de ser, são respondidas de prontidão pelo longa. Até então, era o mínimo a ser feito, já que o motivo da expansão de um filme de 3 minutos para 100 era esse. Contudo, esta mais nova produção de del Toro vai um pouco mais além. Lançando uma homenagem clara aos contos de fada (óbvia influência do produtor), cria uma espécie de jogo de referências e alusões aos mais diversos clássicos infantis - que aqui não soam nada infantis, vale ressaltar. A cabana abandonada na floresta, o <i>"Once upon a time..." </i>na abertura do filme, Mamá se escondendo dentro do guarda-roupas e todo o clima outonal cuidam de evocar uma atmosfera de fábula, há tanto perdida. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Infelizmente, esses clichês existentes pelas referências aos contos acabam por deixar de ser apenas relacionados às fábulas e passam a contaminar toda a projeção. Alguns sustos são óbvios, algumas reações genéricas e o desenrolar mais típico e banal, impossível. <b>"Mamá"</b> não nos poupa de um desfile de personagens já conhecidos pelo público, com a mesma roupagem de sempre. Há a mulher determinada que luta com todas as suas forças por um amor que descobre ser muito forte ao longo da projeção, há o psicólogo interessado em investigar a história das garotas (abrindo margem para um flashback esclarecedor gritante) e também a parente preconceituosa que sempre chega ao local errado, na hora errada. Não obstante, o longa também aposta em sequências batidas ou, pelo menos, já utilizadas em outros filmes, como a cena do psicólogo na cabana (a luz da câmera fotográfica como iluminação de cena foi empregada recentemente no terror uruguaio <b>"A Casa"</b>) e até as próprias gravações das consultas das meninas, também com o psicólogo.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todavia, mesmo diante de diversos deméritos, gostei do filme. O diretor é hábil ao evocar um clima de constante mistério e costurar as cenas de forma a tornar tudo fluído. Isso, claro, auxiliado pela eficiente fotografia, que acrescenta um tom de obscuridade a mais à trama já macabra, além de optar muitas vezes por travellings de câmera mais fluídos e, bem... flutuantes (literalmente!). Além do mais, o time de atores convence. Chastain, uma das atuais queridinhas do Oscar, está bem, embora nada fagocitável. Assim, quem leva o filme nas costas é a dupla de garotas que encarnam as irmãs protagonistas. O maior destaque mesmo vai para a mais nova, que com alguns de seus olhares e trejeitos, consegue aterrorizar mais que a própria Mamá em si. Suas aparições em cena, confesso, me deixaram mais tensos que as sequências com a própria criatura.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E por falar na criatura, esta talvez seja o maior divisor de águas que se tem sobre este projeto. Enquanto Mamá surge como uma criatura bem genérica em aparência (nada que já não se tenha visto por aí), é nos trejeitos e grunhidos que realmente perturba. Neste quesito, a edição de som merece nota pela mixagem grotesca dos ruídos guturais emitidos pela criatura. Infelizmente, para que eles funcionem integralmente há de se fechar os olhos e apenas imaginar as dimensões da Mamá, pois se você arriscar uma olhada, sua sensação de terror se esvairá. Sua aparência é simplória e seu design preguiçoso e nada criativo. Sorte que até aparecer completamente na película, consigamos absorver toda sua carga fantasmagórica.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, <b>"Mamá"</b> não é uma completa decepção, embora fique muito aquém, seja em qualidade ou impacto de terror, do curta originário. Funciona como passatempo e possui alguns excelentes momentos - inclusive de originalidade, embora isso contradiga um dos parágrafos acima -, mas tenho certeza de que não irá traumatizar tanto quanto os 3 minutos originais. Pelo menos a mim não traumatizou.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Gênero:</b> Terror</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Duração: </b>100 min.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Ano:</b> 2013</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-53929888931250282462013-04-01T19:00:00.001-07:002013-04-01T19:00:17.752-07:00367. Um Alguém Apaixonado<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjapVxo-86GoFGWBQcmAGsAiNBaVeNXI0PoGMLI_n48xGlbJTX7RZttt1ehFWKP2qrwgMHYIpfT3j_ohPQh7ZGklGepV-35JEN6nEg_xmlA1DKLm2cpQCABEnv_SD1br4OTLw3lji80m69m/s1600/umalguemapaixonado_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjapVxo-86GoFGWBQcmAGsAiNBaVeNXI0PoGMLI_n48xGlbJTX7RZttt1ehFWKP2qrwgMHYIpfT3j_ohPQh7ZGklGepV-35JEN6nEg_xmlA1DKLm2cpQCABEnv_SD1br4OTLw3lji80m69m/s400/umalguemapaixonado_1.jpg" width="285" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: center;">
<img src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgllz43XB2ldn9oOuI7Du4nv0zSuFHDQjiEoPKVYJspBM3h_jDHc5CBlBV1CXkjZKhMKenV-0k3QCDs-qQjGCtXoz7U7Ev8ki703oUHzjBKnBg-H_u7JoYd3JDJSAR0774k2wMct3jaLuBE/s1600/5stars.png" /></div>
<div style="text-align: center;">
(Obra-prima)</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
2012 sem dúvidas foi um dos melhores anos cinematográficos do século XXI. Tivemos Haneke, Tarantino e Wes Anderson lançando alguns de seus melhores trabalhos em anos. E com Kiarostami não foi diferente. <b>"Um Alguém Apaixonado"</b> é uma obra-prima completa, sensorial e reflexiva. Mesmo que a reflexão parta da experiência do próprio espectador, e não do filme em si. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Abrindo com uma sequência de 15 minutos em um bar de alta classe, Kiarostami logo nos revela que seu mais novo longa irá seguir a sua linha habitual de cinema: sustentado em diálogos e manejando de forma magistral o ritmo lento. Em muitos aspectos pode-se traçar um paralelo com seu filme anterior, a também obra-prima <b>"Cópia Fiel"</b>, por apresentar uma história na qual caímos de paraquedas, nos inserimos no universo conturbado dos personagens e tentamos decifrá-los durante toda a projeção. Mas, principalmente, por apresentar um Abbas saído do Irã, como no filme com Binoche. Porém, ao invés de Itália, temos Japão. Um Japão particular que o diretor engradece em beleza e mistério com sua fotografia deslumbrante. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Para tanto, somos apresentados à história de... nada. E ao mesmo tempo, tudo. Se de início Abbas parece tentar retratar algumas horas na vida de uma prostituta japonesa que se envolve com um de seus clientes (um idoso aparentemente solitário), logo abre mão de uma narrativa mais substancial para dar lugar a uma estética deslumbrante. Os planos-sequência e as longuíssimas cenas muito bem administradas, acabam sendo um dos maiores charmes do filme. E a ideia de narrar a maior parte dos fatos em tempo real só abrilhantou mais ainda a película. E sorte nossa que Kiarostami sabe, como poucos no cenário atual, nos conservar interesse em assistir quase duas horas banais na vida de uma protagonista infeliz. Afinal, uma proposta dessas (por natureza, muito difícil) já nasce com um pé na cova. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E talvez o truque para tudo funcionar tenha sido a beleza de sua fotografia. Milimetricamente calculada, faz cada contraste de luz e sombra parecer algo único. Outro destaque também está na montagem, fabulosa, que torna seu esquecimento no Oscar algo imperdoável. A melhor do ano, sem a necessidade de se pensar duas vezes. Ao passo que nos instiga a saber mais, a entrar mais no universo dos personagens, amarra cada corte de cena de forma fabulosa. Além de criar transições de cenas perfeitamente delicadas e homogêneas, para que o clima de contemplação não seja desfeito em momento algum.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mais um recurso muito utilizado pelo cineasta (e nisto se assemelha a<b> "Gosto de Cereja"</b>), é que os personagens não são levados à fundo, não são aprofundados. Propositalmente. Em nada interessa seus passados, suas vidas, o que importa é apenas o agora. Dessa forma, Abbas na maior parte das falas, se utiliza daquelas que em muito pouco correspondem à história do filme, que em nada são relevantes ou importantes (como o diálogo sobre sopa de camarões ou mesmo sobre o quadro na parede da sala). Apenas assuntos banais, em um momento comum, de pessoas como nós. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Todavia, não pensem que apenas de estética sobrevive <b>"Like Someone in Love".</b> Nele, há espaço também para sentimentos e divagações (vide a cena da avó da protagonista esperando na praça). O longa nos faz refletir muito sobre nossa própria natureza. Aquela de, em um ato desesperado de solidão, nos apegarmos as outras pessoas e clamarmos por companhia. Ou também que em muito revogamos pessoas queridas e nos apegamos a outras que de certa forma não merecem. Este é o nosso senso de proteção. O personagem do idoso, por exemplo, nos representa. Quando tentamos nos relacionar com alguém e entramos em sua vida numa tentativa de ajudar o próximo e nos ajudar, automaticamente. E é este o ponto chave, acima de tudo. Não acho que haja alguém apaixonado, como o título sugere, mas sim uma relação de cooperação entre duas pessoas. Ambas desoladas, ambas ansiando por outro alguém. Mesmo que durante um pequeno período de tempo ou mesmo que esteja fadado ao final triste. Mas, será que algo assim possui realmente um final?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Gênero:</b> Drama</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Duração: </b>105 min.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Ano: </b>2012</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-12842091322730296602013-02-25T16:52:00.000-08:002013-02-25T16:52:39.384-08:00Cinefilia 23: Pós-Oscar 2013<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirlUR4GwuYDgt_j9f4Nn9yXFvSPfwQ0XLub6YCsJVfqLuta5A1eJoSikjpi1DXLUIpXjLdTLanbou4v9aSTyw3uydA69X8z7JFvvk8uzD5f_oXgAditb75CRoN7D-T5puh08PQ6_Vajw7i/s1600/Oscar-2013-Poster-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirlUR4GwuYDgt_j9f4Nn9yXFvSPfwQ0XLub6YCsJVfqLuta5A1eJoSikjpi1DXLUIpXjLdTLanbou4v9aSTyw3uydA69X8z7JFvvk8uzD5f_oXgAditb75CRoN7D-T5puh08PQ6_Vajw7i/s400/Oscar-2013-Poster-1.jpg" width="272" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
Pois bem, com um leve atraso dos demais blogs e sites de cinema, venho aqui comentar a cerimônia de ontem, do Oscar 2013. Ou devo dizer, do Oscar de erros, do Oscar de absurdos e do Oscar da vergonha?</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Lembro de ter escrito em meu comentário sobre os indicados a 85ª cerimônia do Academy Awards que os selecionados tinham sido entusiasmantes, inovadores e promissores. Registrei também que, depois de muito tempo, minha ansiedade e vibração pelo Oscar havia voltado. Infelizmente, o que a Academia acertou nas indicações, errou nos premiados. Com exceção de alguns óbvios e merecidos vencedores (<b>"Amor"</b> por filme estrangeiro e <b>"A Hora Mais Escura"</b> por edição de som - mesmo que sob inusitado empate), esta edição da celebração entregou estatuetas a filmes que nem em mil anos e uma galáxia muito, muito distante mereciam ser honrados. Foi o caso de absurdos como <b>"Os Miseráveis"</b> angariar mixagem de som e maquiagem e <b>"Valente"</b> ganhar melhor animação. Aliás, se o prêmio concedido à <b>"Valente"</b> não servir como prova cabal de que os premiados desta noite foram covardes, não sei o que mais pode ser.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A catástrofe não para por ai. Apesar de previsível, a vitória de Jennifer Lawrence sobre Emmanuelle Riva soou como uma afronta a nós, cinéfilos. Não só pelo fato de Lawrence estar insossa no filme pelo qual foi indicada, mas principalmente pelo histórico que Riva possui. A começar pela sua idade. Jennifer é nova, ganhou um Oscar e terá muitas outras chances de ser indicada ao prêmio, ainda mais sendo querida pela Academia. Riva não. Há possibilidades de que - dada sua idade - não consiga ser indicada mais uma vez e morrerá sem nenhuma estatueta, mesmo sendo uma atriz fabulosa e inexorável. Que belo presente de aniversário à atriz, seria sua vitória.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porém, este absurdo parece minúsculo perto da imagem de Ang Lee recebendo o troféu de melhor diretor. Melhor diretor?! Melhor diretor do pior filme dentre os 9 indicados principais?! Além de ser surpreendente, foi indignante. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Fora isso, a cerimônia em si também foi um desastre. Logo nos primeiros minutos de apresentação, o comediante e apresentador Seth MacFarlane se reuniu a uma conferencia em vídeo com um dos atores da série <b>"Star Trek"</b>, o qual brincava dizendo que Seth seria considerado o pior apresentador da história do Oscar. Pena que a brincadeira tenha se concretizado. Não o considero o pior, mas um dos. Suas piadas foram falhas, aborrecidas e poucas tiveram um nível de criatividade aceitável. Em diversos momentos, provocou um descontentamento visível na platéia. Outro equívoco foi na escalação dos astros que entregariam prêmios. Claro que disto, excluo estrelas como Jack Nicholson ou Meryl Streep que sempre estão bem, mas Jennifer Lawrence entregando prêmios parecendo estar com diarreia crônica no palco foi uma das maiores vergonhas da noite. Beirava o bizarro. Essa gafe só perdeu para uma maior ainda que - pasmem! - também foi protagonizada por ela: seu tombo ao subir as escadas para o prêmio de melhor atriz. Confesso que não contive as risadas. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
De qualquer forma, seria ignorância minha rejeitar os acertos da noite. A produção do show foi excepcional. E quando em refiro a produção, digo criatividade e qualidade de palco (que estava lindo e encantador). O In Momoriam também foi emocionante. Michelle Obama anunciando o vencedor principal da noite foi surpreendente. E o discurso de Daniel Day-Lewis foi um dos momentos mais divertidos de toda a noite.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Assim, a 85ª entrega do Oscar foi uma das edições com os concorrentes mais inspirados dos últimos anos (nos parâmetros de Oscar, claro) e com os piores vencedores de tempos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A lista dos ganhadores, pelo site Cinema em Cena: </div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=48718&cdcategoria=4">http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=48718&cdcategoria=4</a></div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-65201152757061963562013-02-23T15:59:00.002-08:002013-02-23T16:00:28.965-08:00Cinefilia 22: Apostas ao Oscar 2013<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirGgnBOyrTKSsd1qYXyar4yh_tURIDWitCaA6xYlgNbOIt-n8oehG8kTqJpa_zMuqWpcTNWDEboHv01YxdPaaZ61YHVPkG8d_hWHWDU7BhjRmNWxuq5EuMTbdcQyldWjRoPKb85SkGiUUZ/s1600/Oscar-2013-85-anos-poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirGgnBOyrTKSsd1qYXyar4yh_tURIDWitCaA6xYlgNbOIt-n8oehG8kTqJpa_zMuqWpcTNWDEboHv01YxdPaaZ61YHVPkG8d_hWHWDU7BhjRmNWxuq5EuMTbdcQyldWjRoPKb85SkGiUUZ/s400/Oscar-2013-85-anos-poster.jpg" width="268" /></a></div>
<br />
Como de costume, e seguindo a onda do resto dos cinéfilos e críticos, minhas apostas ao Oscar 2013 (que acontece neste domingo, 28/02) anexas a breves comentários sobre as categorias:<br />
<br />
<b>MELHOR FILME:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Argo"</b><br />
<b>"Amour"</b><br />
<b>"Indomável Sonhadora"</b><br />
<b>"Django livre"</b><br />
<b>"A Hora Mais Escura"</b><br />
<b>"Lincoln"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"Os Miseráveis"</b><br />
<b>"O Lado Bom da Vida"</b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>APOSTA: "Argo".</b> Logo após a divulgação dos indicados à edição deste ano, apostava tudo que o vencedor mor da noite seria<b> "Lincoln"</b>, por ser dirigido pelo querido da Academia, Spielberg, e por tratar de uma história gloriosa estadunidense de um modo que muito agrada aos norte americanos. Acontece que, com o avanço da temporada de premiações,<b> "Argo"</b> foi conquistando muito espaço e notabilidade. Além do mais, o filme não se afasta muito do estereótipo que satisfaz demais os votantes. Portanto, mesmo não tendo seu diretor indicado a direção, o prêmio da noite provavelmente ficará nas mãos do mais novo trabalho de Ben Affleck.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MEU VOTO IRIA PARA:</b> <b>"Amour"</b>. Sem dúvidas, <b>"Amour"</b>. E quem acompanha meus textos sabe de meu apreço pelo filme e o porquê. Uma das obras mais humanas, tocantes, desesperadoras e geniais feita nos últimos anos - por um realizador igualmente genial. E, aproveitando que estamos falando de filme bom, <b>"Django Livre"</b> é outro longa digno de muita nota, assim como (agora, um tanto mais abaixo) o próprio <b>"Argo"</b>. Mas nenhum destes equipara-se, se quer, aos pés da obra de Haneke. </div>
<br />
<ul style="font-family: CabinRegular, Arial; font-size: 16px; line-height: 24px; list-style: none outside; margin: 0px; padding: 0px; text-align: justify;"></ul>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O ABSURDO:</b> Se<b> "As Aventuras de Pi"</b> levasse, o que, felizmente, não vai acontecer. De longe, o mais fraco filme de Ang Lee que já vi e o pior dentre os indicados. Outros que rivalizam em ruindade são <b>"Indomável Sonhadora" </b>e <b>"Lincoln"</b>.<b> </b>De<b> "Os Miseráveis"</b> não gosto principalmente pela ridícula direção de Hooper, mas não considero abominável que tenha sido selecionado entre os 9 principais. Quanto a<b> "O Lado Bom da Vida" </b>e<b> "A Hora Mais Escura"</b>... o primeiro claramente ocupa um dos lugares por estar na "cota de comédias" do prêmio principal. É um filme bacana, mas nada além disso. O novo projeto de Bigelow segue a mesma linha de seu filme anterior, <b>"Guerra ao Terror"</b>, e resulta em algo interessante, criticamente eficaz, mas que não marca ou encanta em momento algum. </div>
<br />
<b>MELHOR DIREÇÃO:</b><br />
<br />
Michael Haneke (<b>"Amour"</b>)<br />
Steven Spielberg (<b>"Lincoln"</b>)<br />
David O'Russel (<b>"O Lado Bom da Vida"</b>)<br />
Ang Lee (<b>"As Aventuras de Pi"</b>)<br />
Behn Zeitlin (<b>"Indomável Sonhadora"</b>)<br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
<b>APOSTA:</b> Steven Spielberg. Já que <b>"Lincoln"</b> é querido e não levará melhor filme, precisa ser recompensado de alguma forma. E para favorecer ainda mais seu lado, Affleck não concorre nesta categoria. Steven levar o prêmio não é merecido (dada sua gritante distorção de fatos históricos e eufemização da trama inteira), mas, dos males o menor. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MEU VOTO IRIA PARA: </b>Michael Haneke, que há muito provou ser não apenas um excelente diretor, mas um dos mais geniais da atualidade. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O ABSURDO</b>: Behn Zeitlin, com sua direção preguiçosa, óbvia e nada criativa. Consegue bater inclusive a incompetência de Lee na direção. Porque, enquanto Ang pelo menos extraia meia dúzia de cenas belas e uma filosofia interessante ao final, Zeitlin nem isso faz. O'Russel, embora esteja num desempenho melhor que <b>"O Vencedor"</b> (onde ele parecia apenas se concentrar nas performances do elenco), não merecia estar entre os 5. Percebam que esta categoria foi uma das mais mal selecionadas desta edição - se salvando apenas Haneke.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MELHOR ATOR:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Bradley Cooper (<b>"O Lado Bom da Vida"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Daniel Day-Lewis (<b>"Lincoln"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Hugh Jackman (<b>"Os Miseráveis"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Joaquin Phoenix (<b>"O Mestre"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Denzel Washington (<b>"O Voo"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MINHA APOSTA:</b> Daniel Day-Lewis. Um tanto óbvio. Seria presunção apostar contra a maré, nesta categoria. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MEU VOTO IRIA PARA: </b>Daniel Day-Lewis. Como de costume, o excepcional ator entrega uma performance magnífica (ainda que abaixo de sua monstruosa atuação em <b>"Sangue Negro"</b>), com uma composição impecável do presidente estadunidense.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O ABSURDO: </b>Nesta categoria, nenhum. O mais fraco seria Bradley Cooper, mas ainda assim, atua de forma convincente. Phoenix também está excepcional como alcoólatra no fraco <b>"O Mestre"</b>.<b> "O Voo"</b> não conferi ainda.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MELHOR ATOR COADJUVANTE:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Alan Arkin (<b>"Argo"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Robert de Niro (<b>"O Lado Bom da Vida"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Philip Seymour Hoffman (<b>"O Mestre"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Tommy Lee Jones (<b>"Lincoln"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Christoph Waltz (<b>"Django Livre"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>APOSTA:</b> Philip Seymour Hoffman. Categoria difícil. Concorrentes com grandes chances de vitórias, mas acredito que Hoffman leve como consolação por <b>"O Mestre"</b> ter sido esquecido em quase tudo e também pelo apreço que a Academia nutre pelo ator. Christoph Waltz não deve ser descartado.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MEU VOTO IRIA PARA: </b>Philip Seymour Hoffman. Performance contida e poderosa. É ela que garante alguns dos melhores momentos do filme inteiro. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O ABSURDO: </b>Alan Arkin. Não que seu trabalho seja pavoroso, mas é tão normal e banal que passa despercebido aos olhos menos atentos durante o filme inteiro. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MELHOR ATRIZ:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Jessica Chastain (<b>"A Hora Mais Escura"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Jennifer Lawrence (<b>"O Lado Bom da Vida"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Emmanuelle Riva (<b>"Amour"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Quvenzhané Wallis (<b>"Indomável Sonhadora"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Naomi Watts (<b>"O Impossível"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>APOSTA:</b> Emmanuelle Riva. Outra categoria disputadíssima. De um lado, Naomi Watts que seria mais zona de conforto ao Oscar, de outro a queridinha dos jurados, Jennifer Lawrence (que está bem, mas nada excepcional) e no meio, a fantástica Riva. Se ela ganhar, será por uma diferença muito pequena, mas eu acredito nesta diferença. Dona de uma carreira de tempos áureos, ela é ajudada por ter seu aniversário comemorado bem no dia da premiação. Além do mais, o Oscar já foi longe ao indicá-la (sendo a mais idosa concorrente de toda a história do Oscar, na categoria), acho que não custaria conceder o prêmio a ela. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MEU VOTO IRIA PARA: </b>Emmanuelle Riva. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O ABSURDO: </b>Nenhum também. Apesar de não ter conferido <b>"O Impossível"</b>, das outras quatro mulheres, todas estão pelo menos muito bem - incluindo a garotinha de 8 anos.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MELHOR ATRIZ COADJUVANTE:</b></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Amy Adams (<b>"O Mestre"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Sally Field (<b>"Lincoln"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Anne Hathaway (<b>"Os Miseráveis"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Helen Hunt (<b>"As Sessões"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
Jacki Weaver (<b>"O Lado Bom da Vida"</b>)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>APOSTA:</b> Anne Hathaway. desde o início foi tida como favorita. E além do mais, as outras concorrentes não representam perigo a Anne.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>MEU VOTO IRIA PARA: </b>Anne Hathaway. Numa das melhores performances de sua carreira, ainda que exagerada ao máximo pelo desastroso Tom Hooper. Ela é responsável por um dos momentos cinematográficos mais lindos do ano passado, ao cantar I Dreamed a Dream.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>O ABSURDO: </b>Jacki Weaver e pelo mesmo motivo de Arkin. Simplesmente não tem porque estar entre as 5. Dotada de um desempenho tão desinteressante que é esquecida durante toda a sessão. Quanto a Helen Hunt, não assisti a <b>"As Sessões"</b>.<br />
<br />
<b>ROTEIRO ADAPTADO:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Argo"</b><br />
<b>"Indomável Sonhadora"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"Lincoln"</b><br />
<b>"O Lado Bom da Vida"</b><br />
<br />
<b>APOSTA: "Argo". </b><br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "Argo"</b>. O mais considerável entre 5 fraquíssimos. Sorte que Affleck é um ótimo diretor, pois, se dependesse do script...<br />
<br />
<b>O ABSURDO: "As Aventuras de Pi"</b>, já que, além de ser pessimamente redigido e se arrastar deveras durante a projeção, ainda está envolvido com acusações abomináveis de plágio. Isso, por si só, tornaria ao menos um bom senso que o filme de Lee fosse esquecido nesta categoria. Pobre Scliar...<br />
<br />
<b>ROTEIRO ORIGINAL:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Amor"</b><br />
<b>"Django livre"</b><br />
<b>"O Voo"</b><br />
<b>"Moonrise Kingdom"</b><br />
<b>"A Hora Mais Escura"</b><br />
<br />
<b>APOSTA: "Django Livre"</b>. Tarantino sempre teve seus roteiros bem vistos pela Academia e ganhou o Globo de Ouro este ano pelo mesmo motivo.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: </b>Difícil. Uma das categorias com os melhores selecionados da noite. Votaria em <b>"Amor"</b>, pela paixão que tenho pelo filme e diretor, mas festejaria se <b>"Django Livre" </b>levasse. <b>"Moonrise Kingdom"</b> foi um dos maiores crimes cometidos pelo Oscar este ano: ser quase que completamente esnobado. Uma pequena obra-prima de 2012 esquecida.<br />
<br />
<b>O ABSURDO: </b>Nenhum.<br />
<br />
<b>ANIMAÇÃO:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Valente"</b><br />
<b>"Detona Ralph"</b><br />
<b>"Piratas Pirados"</b><br />
<b>"Paranorman"</b><br />
<b>"Frankenweenie"</b><br />
<br />
<b>APOSTA: "Detona Ralph"</b>. Ainda não vi, mas pelo que acompanho, é o que mais se destaca entre a quina.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "Paranorman"</b>. O melhor filme animado do ano passado. Trata de temas pesadíssimos de uma forma mais "família" (com todas as restrições infantis que se possam apresentar nos filmes dos produtores).<br />
<br />
<b>O ABSURDO: "Valente"</b>. Sou apaixonado pela Pixar e justamente por isso fiquei decepcionado demais com o resultado final. O filme é medíocre e não merece nenhum reconhecimento. Não seria interessante marcar com um Oscar a parte decadente da carreira da produtora. <b>"Piratas Pirados"</b> talvez seja pior, mas ainda não vi. <b>"Frankenweenie"</b> é bacana, embora seja dirigido por um dos mais fracos diretores da atualidade.<br />
<br />
<b>FOTOGRAFIA:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Anna Karenina"</b><br />
<b>"Django Livre"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"Lincoln"</b><br />
<b>"007 - Operação Skyfall"</b><br />
<br />
<b>APOSTA: "As Aventuras de Pi"</b>. É uma fotografia bela, enfática e que atrai todas as atenções por natureza.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA:</b> Dos indicados, não vi <b>"007..."</b> e <b>"Anna Karenina"</b>, então entregaria o prêmio ao filme do Tarantino.<br />
<br />
<b>O ABSURDO:</b> Nenhum, embora vá ficar irritado pela vitória de<b> "...Pi"</b>. Sim, pura birra com o filme!<br />
<br />
<b>FIGURINO:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Anna Karenina"</b><br />
<b>"Os Miseráveis"</b><br />
<b>"Lincoln"</b><br />
<b>"Espelho, Espelho Meu"</b><br />
<b>"Branca de Neve e o Caçador"</b><br />
<br />
<b>APOSTA: "Anna Karenina".</b> Deve ser o prêmio de consolação ao filme ignorado.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "Lincoln". </b><br />
<br />
<b>O ABSURDO: "Espelho, Espelho Meu".</b> Um filme vergonhoso, com um figurino vergonhoso.<br />
<br />
DOCUMENTÁRIO:<br />
<b><br /></b>
<b>"5 Broken Cameras"</b><br />
<b>"The Gatekeepers"</b><br />
<b>"How to Survive a Plague"</b><br />
<b>"The Invisible War"</b><br />
<b>"Searching for Sugar Man"</b><br />
<br />
<b>APOSTA:</b> Não assisti a nenhum dos indicados, mas, por puro chute: <b>"The Invisible War"</b><br />
<br />
<b>CURTA-METRAGEM DE DOCUMENTÁRIO:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Inocent"</b><br />
<b>"Kings Point"</b><br />
<b>"Mondays At Racine"</b><br />
<b>"Open Heart"</b><br />
<b>"Redemption"</b><br />
<br />
<b>APOSTA:</b> Novamente, não conferi nenhum dos selecionados, então, por chute, seria <b>"Inocent"</b>.<br />
<br />
<b>MONTAGEM:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Argo"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"Lincoln"</b><br />
<b>"O Lado Bom da Vida"</b><br />
<b>"A Hora Mais Escura"</b><br />
<br />
<b>APOSTA: "A Hora Mais Escura". "Argo"</b> vai receber inúmeros prêmios e este filme de Bigelow - para não ser esquecido - levará este.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "Argo".</b> Montagem sensacional.<br />
<br />
<b>O ABSURDO: "As Aventuras de Pi" </b>e<b> "Lincoln".</b> Ambos possuem montagens bem abaixo da média, levando em conta que nem prender a atenção (algo mais que básico) eles conseguem.<br />
<br />
<b>FILME ESTRANGEIRO:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Amor"</b><br />
<b>"No"</b><br />
<b>"Kon-Tiki"</b><br />
<b>"A Feiticeira de Guerra"</b><br />
<b>"O Amante da rainha"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "Amour".</b> Todo ano há aquela categoria óbvia, que seria ingenuidade votar contra. Neste caso, é filme estrangeiro.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "Amour"</b>, por motivos já justificados acima. Porém, de forma alguma desmerecendo os outros indicados. Todos, ao menos, ótimos filmes. A Academia acertou em cheio nesta categoria. <b>"No"</b> surge como um ótimo drama político com um clima magnífico de formato digital estilizado. <b>"O Amante da Rainha" </b>resgata a vitalidade e requinte que os filmes de época de antigamente possuiam. <b>"A Feiticeira de Guerra"</b> - talvez o mais "fraco" entre os selecionados - mescla lendas e cultura local com uma triste realidade, sem esquecer de encantar com cenas belíssimas. E, por fim, <b>"Kon-Tiki"</b> me surpreendeu como uma aventura que em muito bebe da fonte hollywoodiana de se fazer cinema, sem se esquecer do charme e da beleza europeia.<br />
<br />
<b>O ABSURDO:</b> Nenhum.<br />
<br />
<b>MAQUIAGEM:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Os Miseráveis"</b><br />
<b>"Hitchcock"</b><br />
<b>"O Hobbit"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "Hitchcock".</b> A recriação facial do mestre do suspense é impressionante e serve a um filme bacana que deve ter agradado os jurados do Oscar.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "Hitchcock".</b><br />
<b><br /></b>
<b>O ABSURDO:</b> Nenhum.<br />
<br />
<b>TRILHA SONORA: </b><br />
<b><br /></b>
<b>"Anna Karenina"</b><br />
<b>"Argo"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"007 - Operação Skyfall"</b><br />
<b>"Lincoln"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "Argo"</b>. Em tempos normais, apostaria sempre nas composições de John Williams, mas de uns tempos para cá, sinto que a Academia anda perdendo sua admiração descomunal por ele. Desplat está mais em voga.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: </b>Qualquer um. Mesmo. Nenhum deles me desperta grande admiração.<br />
<br />
<b>O ABSURDO: </b>Nenhum.<br />
<br />
<b>MÚSICA ORIGINAL:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Ted"</b><br />
<b>"Os Miseráveis"</b><br />
<b>"007 - Operação Skyfall"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"Chasing Ice"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "007..."</b>. Adelle está em alta. É música principal de um filme de James Bond. E a própria cantora fará uma apresentação na noite.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "007..."</b><br />
<b><br /></b>
<b>O ABSURDO: </b>Nenhum.<br />
<br />
<b>DESIGN DE PRODUÇÃO:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Anna Karenina"</b><br />
<b>"O Hobbit"</b><br />
<b>"Os Miseráveis"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"Lincoln"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "O Hobbit".</b> Sem justificativa. Uma daquelas categorias que não tenho muito o que comentar.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "O Hobbit".</b><br />
<b><br /></b>
<b>O ABSURDO: "As Aventuras de Pi". </b><br />
<br />
<b>CURTA DE ANIMAÇÃO:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Adam and Dog"</b><br />
<b>"Head Over Heels"</b><br />
<b>"The Papaerman"</b><br />
<b>"Fresh Guacamole"</b><br />
<b>"The Longest Daycare"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "Head Over Heels".</b> Neste ano, vários dos indicados atendem ao agrado dos jurados.<b> "Adam and Dog"</b> apresenta um estética linda associada a uma história delicada, porém minimalista demais. E <b>"The Paperman"</b> é um delicado e agradável trabalho da Disney (o que o torna também forte indicado). Mas há algo em <b>"Head Over Heels"</b> que me faz crer em sua vitória. Deve ser o stop-motion ou mesmo a beleza extrema do final. (<b>"Fresh Guacamole"</b> é originalíssimo e muito bem executado, mas não acredito que tenha chances).<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "Head Over Heels".</b><br />
<b><br /></b>
<b>O ABSURDO: </b>Nenhum. Embora <b>"The Longest Daycare"</b> seja o mais fraco de todos os indicados.<br />
<br />
<b>CURTA-METRAGEM:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Asad"</b><br />
<b>"Buzkashi Boys"</b><br />
<b>"Curfew"</b><br />
<b>"Death of a Shadow"</b><br />
<b>"Henry"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "Buzkashi Boys".</b> Chute.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA:</b> o melhor curta do ano passado não foi indicado: <b>"Swimmer"</b>, da diretora Lynne Ramsay. Quando aos concorrentes, não conferi nenhum.<br />
<br />
<b>EDIÇÃO DE SOM:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"Argo"</b><br />
<b>"Django Livre"</b><br />
<b>"A Hora Mais Escura"</b><br />
<b>"007 - Operação Skyfall"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "A Hora Mais Escura".</b> Mais um prêmio para a consolação da senhora Bigelow. Mas merecido.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "A Hora Mais Escura"</b>. A edição sonora deste filme é simplesmente sublime. A naturalidade e precisão dos sons é impressionante, vide o tiroteio no terceiro ato.<br />
<br />
<b>O ABSURDO:</b> Nenhum.<br />
<br />
<b>MIXAGEM DE SOM: </b><br />
<b><br /></b>
<b>"Argo"</b><br />
<b>"Os Miseráveis"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"Lincoln"</b><br />
<b>"007 - Operação Skyfall"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "Argo".</b><br />
<b><br /></b>
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "Argo".</b><br />
<b><br /></b>
<b>O ABSURDO: "...Pi".</b><br />
<b><br /></b>
<b>EFEITOS VISUAIS:</b><br />
<b><br /></b>
<b>"O Hobbit"</b><br />
<b>"As Aventuras de Pi"</b><br />
<b>"Os Vingadores"</b><br />
<b>"Prometheus"</b><br />
<b>"Branca de Neve e o Caçador"</b><br />
<b><br /></b>
<b>APOSTA: "O Hobbit". </b>Desta vez, vou contra a maré. Todos apostando em <b>"...Pi" </b>pela perfeição da criação dos animais. E, de certa forma, o filme de Ang Lee também merece. Mas seria gratificante se um dos melhores blockbusters do ano saísse com pelo menos um prêmio.<br />
<br />
<b>MEU VOTO IRIA PARA: "O Hobbit".</b><br />
<b><br /></b>
<b>O ABSURDO:</b> Todos possuem ótimos efeitos, mas votaria em <b>"Branca de Neve e o Caçador"</b> como absurdo, se ganhasse.</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-28533490753753638422013-02-15T16:51:00.002-08:002013-02-15T16:51:57.259-08:00366. Os Miseráveis<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirDfL53a4c0fNFNtrwTVrKEly4B-lHKTawNEi1c5a7ACV7XCDoYIS8rLN6mUm1AM1nckbY9lkWdsIxja-ty6WVUYot6a8HQxHRvDHYeIPITSsQC0mp5u6UpFUTGp6QyJVVm4CWZ3xTAYFz/s1600/f476a062fb6fe811a533ea269edc0df0_jpg_290x478_upscale_q90.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirDfL53a4c0fNFNtrwTVrKEly4B-lHKTawNEi1c5a7ACV7XCDoYIS8rLN6mUm1AM1nckbY9lkWdsIxja-ty6WVUYot6a8HQxHRvDHYeIPITSsQC0mp5u6UpFUTGp6QyJVVm4CWZ3xTAYFz/s400/f476a062fb6fe811a533ea269edc0df0_jpg_290x478_upscale_q90.jpg" width="270" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibvoMzIu_m5BzUWJF-FiC4EkCT7pkra4JhdHdybAnjNZrPRqavuooEHh-WfQ_BDTBoTTidyv03aD4oATAQi5FZX5_lmIvgWb2khdI6sxAZJG9J9ZiAiG3fnjyQAtWGUWvIEU_XYz-yUOkE/s1600/2+estrelas.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEibvoMzIu_m5BzUWJF-FiC4EkCT7pkra4JhdHdybAnjNZrPRqavuooEHh-WfQ_BDTBoTTidyv03aD4oATAQi5FZX5_lmIvgWb2khdI6sxAZJG9J9ZiAiG3fnjyQAtWGUWvIEU_XYz-yUOkE/s1600/2+estrelas.PNG" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Ruim)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
É notório que o Oscar possui diretores queridos. Aqueles que, mesmo sendo completos incompetentes, ainda continuarão a ser indicados nas categorias principais. E o queridinho da vez é Tom Hooper, o fraquíssimo diretor de <b>"O Discurso do Rei"</b> (premiado há dois anos atrás). O truque é que Hooper descobriu a fórmula do jogo. E a aplica em seus filmes para concorrer ao prêmio. Nem que isso implique em filmar cenas forçadas, explorando o máximo do sofrimento em sua forma mais melosa - como faz aqui.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Baseado na mais famosa obra de Victor Hugo, <b>"Os Miseráveis"</b> narra a jornada de Jean Valjean, ex-prisioneiro que, após chegar ao fundo do poço, promete mudar de vida. Porém, o inspetor Javert se determina a encontrá-lo e prendê-lo. Ao longo de sua jornada, se envolve com os personagens mais diversos, culminando na própria Revolução Francesa. A história é belíssima e forte. Já rendeu filmes de alto nível. E este seria mais um, não fosse a direção horrível de Tom Hooper. Impreciso e raso, parece que o realizador se acovarda em levar o drama mais a fundo, não se aprofunda nos personagens e cuida de estragar momentos de lirismo ímpar na narrativa. Além do mais, parece não ter conhecimento algum sobre fotografia e filmagem. Tentando adicionar uma roupagem mais atual e moderna à revolução, a câmera na mão se torna irritante e exagerada por diversos momentos. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E por falar em exagero, Tom parece ser mestre na arte de exagerar (negativamente). Obriga seus atores a serem caricatos ao extremo enquanto cantam. Pois, para ele, não basta cantar, tem que berrar. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Felizmente, o mesmo erro não se repete por parte do elenco - o ponto mais positivo do filme, de longe. O cast é repleto de performances memoráveis, com destaque, claro, para Anne Hathaway, como a prostituta Fantine. A entrega da atriz ao papel é digna de nota, rendendo momentos sublimes, como sua performance de "I Dreamed a Dream" (que levou diversas pessoas da minha sessão às lágrimas), o melhor momento de todos os 157 minutos de projeção. Hugh Jackman, porém, não fica muito atrás. Brilha em diversos momentos e merece todos os elogios que recebe. Os coadjuvantes também não decepcionam. Helena Boham Carter e Sasha Baron Cohen formam uma dupla ótima e um alívio cômico bem considerável. Porém, eu me pergunto: quem colocou na cabeça que Russel Crowe e Amana Seyfried tinham o mínimo de talento para o canto?! Crowe, como cantor, é um ótimo ator. Já de Amanda, não posso dizer o mesmo. Erra no canto e na atuação, erra no papel e erra por ter seguido a profissão de atriz. De qualquer forma, por mais que as atuações sejam magistrais (tirando as duas exceções, obviamente), ainda estão submetidas a direção ridícula de Hooper, que acaba estragando algumas boas tiradas dos atores, os forçando a exagerar demais em diversas passagens, exterminando muito da verossimilhança do filme. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Como se não bastasse, o roteiro também faz jus à direção: diversas músicas são fraquíssimas e vergonhosas - já que tudo é cantado. Além do mais, diversos versos são completamente dispensáveis (como os pensamentos cantados), o que torna tudo mais gratuitamente meloso e exagerado. Porém, o fato de não haver nenhum diálogo falado normalmente não justifica algumas letras de qualidade duvidável. Já que se dá ao estilo ópera, comparemos às óperas, então. Já assisti a óperas que - apesar de tudo ser cantado - possuíam textos e rimas divinas. Não preguiçosas e aborrecidas como estas do filme. Se for para conferir uma ópera durante a Revolução Francesa, fico com <b>"Ça Ira"</b>, de Roger Waters.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E encerrando com chave de ouro, temos uma montagem péssima, confusa e descoordenada que também deve ter sido infectada pela incompetência do diretor. <b>"Os Miseráveis"</b>, então, não justifica diversas indicações que recebeu ao Oscar, ainda que tenha momentos memoráveis. Tudo isso me leva a crer que, se Tom Hooper dirigisse uma versão inglesa de <b>"Cinderela Baiana"</b>, este provavelmente concorreria nas categorias principais do Oscar.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Gênero:</b> Drama</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Duração:</b> 157 min.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Ano:</b> 2012</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-87328655401415675932013-01-28T09:00:00.003-08:002013-01-28T09:00:40.813-08:00365. As Aventuras de Pi<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY7b-m1sRmR1aKSXoHbzCdyZWzjgAba6iuBDseCwCvo_s0cWDTIHlw8JZLsg-aPl1Sdv6yGSf5FdXhZaVrrINp9r77iWIBY_Y9fwlAJFUeYn6CCLUBc9Ejn2sXypnRSgr4AoYazh6hbSrP/s1600/images.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjY7b-m1sRmR1aKSXoHbzCdyZWzjgAba6iuBDseCwCvo_s0cWDTIHlw8JZLsg-aPl1Sdv6yGSf5FdXhZaVrrINp9r77iWIBY_Y9fwlAJFUeYn6CCLUBc9Ejn2sXypnRSgr4AoYazh6hbSrP/s400/images.jpg" width="268" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjczFcEGHdxIdwIBubil_gg2rolY95gX23U35EKzRqfzo9NYIRJMRj44hLf1iduN-vvZe8UH-kctCD15kXO9ZPT6egkIS5Lr-gYr3jTNAQceggSZt1EmzETra-KGu0aDbekFYoR7QUyIe2a/s1600/2+estrelas.PNG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjczFcEGHdxIdwIBubil_gg2rolY95gX23U35EKzRqfzo9NYIRJMRj44hLf1iduN-vvZe8UH-kctCD15kXO9ZPT6egkIS5Lr-gYr3jTNAQceggSZt1EmzETra-KGu0aDbekFYoR7QUyIe2a/s1600/2+estrelas.PNG" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
(Ruim)</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Sob uma grande coincidência de horário e ocasião, consegui
conferir <b>“As Aventuras de Pi”</b> em um
cinema próximo de minha casa. Isso tudo felizmente, pois Ang Lee criou um filme
para ser conferido na tela grande, já que, dotado de uma ótima parte técnica,
agrada muito aos olhos. Pena que o agrado pare por aí mesmo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Contado de forma fabulesca pelo próprio protagonista, somos
apresentados à história de um naufrágio. Pi e sua família possuem um zoológico,
mas decidem mudar de vida e migrar para o Canadá, vendendo seus animais lá
também. Assim, embarcam em um navio rumo ao país norte-americano. No meio da
viagem, porém, uma tempestade assola os mares e naufraga a embarcação. Apenas
Pi e alguns animais de sua família conseguem escapar e se alojam em um bote
salva vidas no meio do oceano. Começa, então, uma jornada de sobrevivência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Contudo, o filme já se mostra errado logo em seu início.
Aberto com um prólogo gigante e – muitas vezes – desnecessário, <b>“The Life of Pi”</b> reserva seus 30
minutos iniciais para uma introdução à vida do protagonista que se releva longa
e desfocada demais. Dessa forma, antes mesmo de o dito naufrágio acontecer, a
produção já se desgasta gratuitamente. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Mas, em despeito dos deméritos iniciais, a sequência da
catástrofe vem para fortalecer um pouco a projeção. Nela, Lee consegue exprimir
muito bem a angústia e desespero do rapaz, com sua direção forte, precisa e
suas imagens colossais. Todavia, o problema real do filme vem após isso. Com
intermináveis sequências de sobrevivência (que diversas vezes parecem não ser
muito levadas a sério pelo cineasta), conseguimos perceber o quão insuportável
o personagem principal é. Pi é uma figura sem carisma nenhum e seu amor e
preocupação pela natureza é exagerado e irritante. E, levando em conta que o
iremos acompanhar pelos próximos 90 minutos de projeção, a experiência de se
assistir ao filme se torna algo não tão agradável assim. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">De qualquer forma, por mais desagradável que <b>“As Aventuras de Pi”</b> seja, é impossível
fechar os olhos a méritos indiscutíveis, como a maravilhosa fotografia que
coloca algumas cenas do filme nos anais dos momentos fílmicos </span><span style="line-height: 115%;">mais bonitos do ano passado (como as nuvens do por do sol
refletindo na límpida água do mar). Além disso, a trilha sonora é comovente e
se mescla à narrativa de forma admirável. Outro ponto de destaque (e o maior
feito de Ang Lee nesta obra, inclusive) é o modo como se aborda o mar. A partir
dos quadros deslumbrantes e das cores inebriantes, o diretor coloca o oceano
como uma região de extrema beleza (vide os peixes nadando e a baleia pulando),
mas que pode se tornar um perigo letal num piscar de olhos, seja pelas
tempestades e tubarões que caçam o sobrevivente, ou mesmo pela imensidão azul,
profunda e obscura, dotada de criaturas que podem emergir a qualquer momento. E,
no final das contas, é isso que faz </span><b style="line-height: 115%;">“The
Life of Pi”</b><span style="line-height: 115%;"> valer o ingresso. A grandiosidade é tamanha que em alguns
momentos chega a sufocar.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Porém, como um filme não se constitui apenas de técnica e
alguns pontos notáveis, no saldo geral, este mais novo trabalho de Ang
fracassou. Pode soar um tanto exagerado, mas <b>“...Pi”</b> é um dos mais fracos filmes do ano passado. E, dentre os
que vi do realizador, seu pior trabalho. Com tudo isso que escrevi, nem preciso
dizer o que acho de sua indicação a diversas categorias do Academy Awards este
ano, não é?!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><b>Gênero:</b> Aventura</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19px;"><b>Duração:</b> 127 min.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 19px;"><b>Ano: </b>2012</span></div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-39876720123783846192013-01-28T08:49:00.002-08:002013-01-28T08:49:40.239-08:00364. Django Livre<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2Lm_fXWKPCu78WXI90xi4BPtWk94BqS_fx9FJDH0duxak8NopHGj56eDxhI9sT0T3dGci9TBwdl7EnOhRYd50Wsc8dLhiPS8wCeDppUo1aJqSMvWIY7j7Yu4vsxHeCRlPFfV4Z2sya5K0/s1600/Django-Livre-poster-12Nov2012.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2Lm_fXWKPCu78WXI90xi4BPtWk94BqS_fx9FJDH0duxak8NopHGj56eDxhI9sT0T3dGci9TBwdl7EnOhRYd50Wsc8dLhiPS8wCeDppUo1aJqSMvWIY7j7Yu4vsxHeCRlPFfV4Z2sya5K0/s400/Django-Livre-poster-12Nov2012.jpg" width="268" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgllz43XB2ldn9oOuI7Du4nv0zSuFHDQjiEoPKVYJspBM3h_jDHc5CBlBV1CXkjZKhMKenV-0k3QCDs-qQjGCtXoz7U7Ev8ki703oUHzjBKnBg-H_u7JoYd3JDJSAR0774k2wMct3jaLuBE/s1600/5stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgllz43XB2ldn9oOuI7Du4nv0zSuFHDQjiEoPKVYJspBM3h_jDHc5CBlBV1CXkjZKhMKenV-0k3QCDs-qQjGCtXoz7U7Ev8ki703oUHzjBKnBg-H_u7JoYd3JDJSAR0774k2wMct3jaLuBE/s1600/5stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Obra-prima)</div>
<br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span lang="EN-US" style="line-height: 115%;">P.S: Este post contém spoilers!<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span lang="EN-US" style="line-height: 115%;"><br /></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">E ele conseguiu de novo! Dono de uma filmografia impecável,
Tarantino alcançou a glória mais uma vez com seu novo longa. Algo esperado,
para dizer a verdade, já que aqui, homenageia seu gênero<a href="" name="_GoBack"></a>
favorito: o western. E vale mencionar, para os que não me conhecem muito bem,
que não aprecio muito os filmes de cowboy. Tenho uma aversão nata e
inexplicável por eles. De qualquer forma, Quentin foi o primeiro diretor que me
manifestou desejo de conferir uma obra pertencente a esta classificação e me
agradou completamente. Sai da sessão eufórico, elogiando e completamente
hipnotizado pelo show de bizarrices e sanguinolência que presenciei ao longo de
165 minutos de projeção.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Mestre em criar personagens icônicos, Quentin nos apresenta
ao universo de Django (interpretado por
Jamie Foxx), negro alforriado sob uma proposta de ajuda a King Schultz (Christoph Waltz) – um caçador de brancos
fora-da-lei – em um serviço. O negócio dá certo e ambos formam uma dupla. Em
meio a matanças, a amizade vai crescendo e Schultz promete procurar a esposa escrava de Django. Assim, os dois se lançam em uma busca determinada,
recheada de brutalidade, comicidade e extremismos (bem à lá Tarantino). Não demora
para se depararem com seu destino: um dos mais poderosos escravistas da região,
Calvin Candie (por Leonardo di Caprio), o
proprietário da escrava. A questão agora é se infiltrar e conquistar
a confiança do magnata e resgatar a mulher. Para contar a trama, porém, o
diretor recorre a diversos plot twists durante a narrativa, bem como fez em
mais alguns de seus trabalhos (como <b>“À
Prova de Morte” </b>e<b> “Pulp Fiction”</b>).
O primeiro acontece com a conclusão do serviço pelo qual Django<span style="color: red;"> </span>fora contratado. Quando pensamos que a trama
irá acompanhar de perto os esforços para capturar e matar o trio de infratores
da lei, logo o genial diretor muda completamente o foco da narrativa. Passamos
a acompanhar os “mocinhos” (ou melhor, anti-heróis) na busca pela garota
escrava. Não obstante, no início do terceiro ato, uma nova guinada acontece. Com
a morte de King Schultz, Django se lança numa
jornada obcecada de vingança e acerto de contas (o âmago do filme, aliás). O que
resulta em uma das melhores cenas de ação que Tarantino já filmou.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Ela merece um destaque mais aprofundado, inclusive. É um dos
pontos mais altos da película e um parque de diversão para Quentin. Mesclando
humor ácido com litros de sangue, o que vemos é um show onde a violência
ultrapassa o sentido do choque, e se torna satírica – quem conhece o diretor,
sabe do que estou falando. Aliás, como esta sequência, o filme inteiro é
recheado de diversão negra. É, sem dúvidas, o filme mais engraçado de
Tarantino. A cena da pré-Klu Klux Klan planejando o assassinato da dupla, por
exemplo, é a cena mais hilária que assisti em um filme do ano passado. Supera
qualquer comédia de 2012. Destaque, também, para outros elementos que ajudam a
compor o cenário hilário do longa, como a trilha sonora, recheada de músicas
que não cabem à época retratada, mas que, de alguma forma, caem como uma luva à
narrativa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">O roteiro, como sempre, é um dos destaques máximos. Como de
praxe, escrito pelo próprio diretor, possui diálogos antológicos e dignos de
aplausos. Estes, mesclados à maravilhosa direção, criam cenas sublimes no que
tange construção de tensão e personagens. Outro elemento onde Tarantino é
mestre. E, por falar em personagens, são inesquecíveis. Pelo menos a dupla de
personagens secundários (Waltz e Caprio) ficará gravada para sempre como
algumas das figuras mais inexoráveis em filmes do diretor e também dos últimos
anos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Quanto às atuações, nem precisaria relatar, pois o resultado
todos já devem saber (em vista que a direção de Quentin é tão forte e
competente que é capaz de arrancar de atores medíocres, desempenhos memoráveis).
Waltz está sensacional e só reafirmou seu nome como um dos maiores atores da
atualidade. O que mais me impressiona em sua pessoa profissional é a
versatilidade que tem em encarnar papéis completamente distintos de um ano a
outro. Poucos atores conseguem tamanho êxito. Dessa vez, como alemão caçador de
recompensas, apesar da nacionalidade de sua persona ser a mesma de seu papel
anterior, abandona muito da periculosidade que tinha em <b>“Bastardos Inglórios”</b> (embora ainda seja letal com sua frieza e sua
mira precisa) para dar lugar a uma ironia e perspicácia fora do comum. Porém,
não sei se por ter sido ofuscado pelo talento gritante de Christoph ou mesmo
por sua própria culpa, Foxx me pareceu um tanto apagado. Representa bem o
que lhe foi entregue, mas fica muito aquém dos profissionais com quem
contracena. Leonardo di Caprio, por sua vez, também está grandioso e </span><span style="line-height: 115%;">onipresente. E apesar de </span><b style="line-height: 115%;">“Django
Livre”</b><span style="line-height: 115%;"> ter angariado diversas indicações ao Oscar deste ano, é motivo de
indignação que Leonardo não tenha sido nomeado para ator coadjuvante
(disputaria, então, com um outro representante do filme. Algo parecido com </span><b style="line-height: 115%;">“Histórias Cruzadas”</b><span style="line-height: 115%;">, ano passado).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">No âmbito técnico, vemos um Tarantino mais contido. Ausente de
muitas trucagens de montagem (com alguns flashbacks, apenas), o diretor procura
empregar seu estilo mais em seu roteiro e direção que na estética. O mais
escandaloso, talvez, seja a fotografia, principalmente por homenagear de forma
bem explícita o western. Com closes bruscos e berrantes e ângulos típicos, é
feito uma lembrança inteligente do gênero, além de nunca se esquecer da beleza
ao usar angulações corretas e cores corretas, nos momentos certos. Justifica
sua indicação a fotografia, no Oscar 2013.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="line-height: 115%;">“Django Livre”</span></b><span style="line-height: 115%;">, dessa forma, é um dos melhores
filmes do ano passado, além de um dos maiores acertos do Academy Awards, em
suas indicações. Filme para ser conferido em tela grande. Ser visto e revisto
no cinema. Em toda sua glória.<span style="font-size: 13pt;"><o:p></o:p></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><b>Gênero:</b> Western</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><b>Duração: </b>165 min.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><b>Ano:</b> 2012</span></div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-6217491296606045762013-01-23T06:16:00.000-08:002013-01-23T06:16:07.023-08:00363. Indomável Sonhadora<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTmYb3NF0kZrvXJFKcLhHKjGKyzk33oVt1-r5GsC6ru0Qjw35cTGSG7J5AV_OG4lBa6bHZRKavpxMliOV9SF2A0QUfXZofqdfgvlQFPmK7h-o3L4n9AQ7m3nwmViSuAoVkmg8MIkoYOzUh/s1600/Indom%C3%A1vel-Sonhadora-Poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTmYb3NF0kZrvXJFKcLhHKjGKyzk33oVt1-r5GsC6ru0Qjw35cTGSG7J5AV_OG4lBa6bHZRKavpxMliOV9SF2A0QUfXZofqdfgvlQFPmK7h-o3L4n9AQ7m3nwmViSuAoVkmg8MIkoYOzUh/s400/Indom%C3%A1vel-Sonhadora-Poster.jpg" width="270" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHk557GbrrpSPsdzrqq9VD3GwrB7nnC_ThNRTnD6LO1U8WI7JGDytWlgRYxSxUVM8qWslcRRan8i9nZXTIRL460jTgGtR88wwIu6V8JU48-8QLNNX6sO1bO_Hhzy2IbDCqHPtPjTT8HLQt/s1600/3stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHk557GbrrpSPsdzrqq9VD3GwrB7nnC_ThNRTnD6LO1U8WI7JGDytWlgRYxSxUVM8qWslcRRan8i9nZXTIRL460jTgGtR88wwIu6V8JU48-8QLNNX6sO1bO_Hhzy2IbDCqHPtPjTT8HLQt/s1600/3stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Mediano)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><span style="line-height: 115%;">“Beasts of the Southern
Wild”</span></b><span style="line-height: 115%;"> (traduzido
pavorosamente para <b>“Indomável Sonhadora”</b>)
é um filme falso e hipócrita. Sob a premissa de narrar uma bela história de
superação, o diretor (e<span style="color: red;"> </span>também roteirista) Benh
Zeitlin acaba criando um projeto que parece ter sido filmado com o único
objetivo de disputar as principais categorias do Oscar deste ano. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Desenvolvido de forma muito sentimental, o longa narra a
relação conturbada entre um pai e sua filha pequena (Quvenzhané Wallis),
agravada pela chegada de uma gravíssima enchente no vilarejo pobre onde moram.
Até aí, nada que provoque descontentamento. O problema é a obviedade com que a
história se desenrola. Repleta de pontos comuns e clichês do gênero, <b>“Indomável Sonhadora”</b> em nada se difere
de muitas outras produções esquecíveis sobre o mesmo tema, lançadas nos últimos
anos. E em alguns momentos, inclusive, falha bastante na criação de
sentimentos. Diversas sequências dramáticas me pareceram completamente
insípidas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Isso não injustifica, porém, sua indicação a diversas
categorias do Oscar, já que, desde sua primeira sequência, o filme se modela
aos parâmetros que mais agradam a maior premiação do cinema. É bem provável que
este tenha sido o objetivo do diretor. Assim, neste filme, temos: doença,
escassez de comida, dificuldades extremas, superação, amor familiar e uma lição
de moral forçada e didática. Bem do jeitinho que a Academia gosta. E muito
provavelmente esses elementos os tenham cegado das inúmeras falhas cometidas
pelo realizador, seja na direção, como no roteiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Isso principalmente acontece no que tange à relação pai e
filha – que é um dos núcleos da trama (junto da trajetória da garotinha). O
personagem do pai é muito mal definido e evoluído. Em dados momentos, sua perversidade
e brutalidade o coloca como vilão máximo do filme, mais perigoso que a própria
água que os cerca. Em outros, aparenta ser um homem carismático e amoroso.
Assim, o diretor se perde ao criar uma persona que vai aos extremos de uma cena
à outra. E quando um dos personagens no qual a trama se desenvolve sobre e gira
em torno está prejudicado, é bem explicável o modo como o filme desanda em
alguns momentos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">Contudo, enquanto comete erros consideráveis como este acima,
a direção não é de toda ruim. O cineasta consegue, sim, criar algumas cenas
muito bonitas, como a da festa da vizinhança, logo no início da projeção. A
trucagem de representar a ligação que a garota conserva com a natureza através
das batidas dos corações também soou muito pertinente e inteligente. Sem contar
que a narração da protagonista-mirim é de uma beleza gigante. E por falar em
atriz-mirim, a performance de Quvenzhané Wallis,<span style="color: red;"> </span>que
bateu o recorde de atriz mais jovem a ser indicada ao Oscar, é exemplar para
atores de sua geração. A naturalidade e sinceridade com que leva sua personagem
às telas é admirável. E sua nomeação na categoria de melhor atriz, não vou
dizer que foi completamente merecida (já que muitas outras mulheres tiveram
atuações mais impressionantes que ela – como Meryl Streep, no excelente <b>“Um Divã para Dois”</b>), mas funcionou
como uma forma de salientar e incentivar os profissionais dessa idade. Além do
mais, sua personagem também contribuiu para a aceitação geral, já que é
carismática ao extremo e realmente carrega o filme inteiro nas costas – sendo a
única pessoa realmente interessante por lá. Pena mesmo é que um dos
pouquíssimos pontos realmente sinceros da obra ficou à cargo de Wallis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="line-height: 115%;">E ao final das contas, Benh Zeitlin<span style="color: red;"> </span>conseguiu
a nomeação de seu filme em diversas categorias principais (inclusive sua
disputa como diretor), porém, não deve levar muita coisa para casa. É o que
quero acreditar e torcer, pois isto seria, no mínimo, intolerável.<span style="font-size: 13pt;"><a href="" name="_GoBack"></a><o:p></o:p></span></span></div>
<br />
<br />
<b>Gênero:</b> Drama<br />
<b>Duração:</b> 92 min.<br />
<b>Ano: </b>2013Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-45717584447057207512013-01-10T07:20:00.002-08:002013-01-10T07:21:34.469-08:00Cinefilia 21: Indicados ao Oscar 2013<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYSoMBopEtuBg3PmSn7xkVB5aW_aVmW0TBbkISCelaMU8D4-auPqj1YdsAoYSB8yXgIUgiSLfb_nMGSKcr6IbChndSSR7ldJma5tdvu1DEgc6ClcFlhIM3dRs9T3iuPY6ljKKCDCkBpx-j/s1600/oscars-2013.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhYSoMBopEtuBg3PmSn7xkVB5aW_aVmW0TBbkISCelaMU8D4-auPqj1YdsAoYSB8yXgIUgiSLfb_nMGSKcr6IbChndSSR7ldJma5tdvu1DEgc6ClcFlhIM3dRs9T3iuPY6ljKKCDCkBpx-j/s400/oscars-2013.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Há pouco mais de uma hora atrás, foram anunciados ao vivo os indicados ao Oscar 2013. E devo dizer que a seleção de filmes - embora óbvia em alguns momentos - é uma das melhores nos últimos anos. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Os pontos esperados estão lá, arrecadando o máximo de indicações da edição. <b>"Lincoln"</b> lidera com 12 indicações, seguido de <b>"As Aventuras de Pi"</b> (concorrendo em 11 categorias). <b>"O Lado Bom da Vida"</b> e <b>"Os Miseráveis</b>" também marcam presença em diversas, incluindo as principais. O novo projeto de Tarantino, felizmente, não foi esquecido e é concorrente em categorias já disputadas pelo diretor, como filme, roteiro original, ator coadjuvante (Christoph Waltz, mais uma vez), fotografia e edição de som. Surpreendente não ter sido nomeado em montagem. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Mas até aí, nada de novo no front. Surpresa mesmo (e o motivo de eu considerar tanto a seleção deste ano) é as diversas indicações para a obra-prima de 2012, <b>"Amour"</b>. Confesso que me emocionei ao ver o longa nomeado em 5 categorias. Filme estrangeiro (como já se esperava), atriz (para a sublime performance de Emmanuelle Riva), roteiro original, filme, e até mesmo diretor. É certo que as chances de <b>"Amour"</b> ganhar nas duas últimas categorias são quase nulas, mas apenas pelo fato da Academia não o ter ignorado, como faz anualmente com os filmes geralmente merecedores, já é digno de nota. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
É surpreendente, também, ver que <b>"O Hobbit"</b> angariou apenas 3 indicações, nas categorias técnicas, quando se esperava bem mais. E <b>"Hitchcock"</b> apenas uma, em maquiagem.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Porém, se existe uma categoria da qual reclamaria na seleção, é a de animação. Certo que este ano não foram lançados grandes filmes animados, mas indicar o detestável Tim Burton talvez tenha sido o que mais me enfureceu, principalmente pela reprovação que tenho quanto ao diretor. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Contudo, o saldo geral foi muito positivo e, depois de anos, me motivou a conferir a cerimônia com entusiasmo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: left;">
A lista completa, a partir do site Cinema em Cena: <a href="http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=48234&cdcategoria=4">http://www.cinemaemcena.com.br/plus/modulos/noticias/ler.php?cdnoticia=48234&cdcategoria=4</a></div>
<div style="text-align: left;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<i>P.S: Ao contrário do que sempre fiz nos últimos anos, não irei escrever uma análise crítica para cada filme indicado ao Oscar, por falta de tempo e - algumas vezes - senso criativo. Todavia, neste intervalo de um mês e meio à cerimônia, vou dissertando um pouco a respeito de cada título, seja em forma de textos ou breves parágrafos anexos a postagens relacionadas a 85ª premiação do Oscar 2013.</i></div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-58779471399716936572012-12-18T18:22:00.001-08:002012-12-18T18:22:06.188-08:00362. Amour<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZnBupsBZqGO0Jju9F2NVOIswDtdyIioeeAua7CeT3aQT7Ic-6VP7MXtMhSHDAf6NzPwCEyP92QrU5sE9qh251U-yWcZ5mQgtJ7ngMdB8BagZK8HDrhIprVjHSJHPsm1HnxjmK3OPIyNnK/s1600/Amour-1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZnBupsBZqGO0Jju9F2NVOIswDtdyIioeeAua7CeT3aQT7Ic-6VP7MXtMhSHDAf6NzPwCEyP92QrU5sE9qh251U-yWcZ5mQgtJ7ngMdB8BagZK8HDrhIprVjHSJHPsm1HnxjmK3OPIyNnK/s400/Amour-1.jpg" width="288" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglpbirUCiS-WThRa6oHmuz8qRTkwEwBaEPYJxMduxfbA395_aFOzJkr1LuNJerlltR_NndPXSFzeE9HH75GvNYtl-UfXF9scw2V2Yom1WEm0znOE364J2kpxp4_TmC_kU8qUI4C2CK1YK7/s1600/5stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEglpbirUCiS-WThRa6oHmuz8qRTkwEwBaEPYJxMduxfbA395_aFOzJkr1LuNJerlltR_NndPXSFzeE9HH75GvNYtl-UfXF9scw2V2Yom1WEm0znOE364J2kpxp4_TmC_kU8qUI4C2CK1YK7/s1600/5stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Obra-prima)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Sublime, supremo, excelso. Inicio meu texto de forma direta justamente para expressar meu amor por esta obra-prima. Ausente de trilha sonora e possuidor de planos longos, <b>"Amour"</b> emociona sem precisar manipular os elementos de cena. É tudo muito cru, muito belo e muito triste. Muito Haneke, afinal.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Logo nos primeiros minutos, somos apresentados à problemática do projeto: um casal (interpretado por Jean-Louis Trintignant e Emmanuelle Riva) que precisa aprender a lidar com a morte eminente, após a mulher adquirir alzheimer. Seu corpo vai se degenerando rapidamente através de ataques recorrentes. E com essa plot, o espectador já pode notar uma vertente diferenciada a que Haneke costuma abordar. A trama não é pesada, tampouco pessimista. Pelo contrário, é bela e poética. Sobre amor. E o título da obra não poderia ser mais acertado. Conciso e eficaz, apresenta uma noção certeira do conteúdo deste projeto. E um lado alternativo de Michael que até então não havia sido apresentado ao público.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Certa vez, li em uma rede social que o diretor havia levado o amor à uma nova instância, neste filme. Concordo plenamente. Apesar de abordar este sentimento, o realizador austríaco o conduz a um novo patamar. O amor segundo seu olhos e suas crenças. Um amor despido de carícias e bajulações, posto à prova, cru (sem floreios ou músicas edificantes e românticas). Através dos longos planos-sequência - costumeiros do diretor -, somos introduzidos lentamente no cotidiano do casal e apresentados à doença atingindo suas vidas e modificando suas maneiras de enxergar o mundo ao redor. E, ao mesmo tempo que é cândido e lírico, também pode ser encarado como brutal (daí sim, lembra-se muito de outros filmes do diretor), mas uma brutalidade diferente. A vida contra o pobre casal. A degeneração acontece de forma impiedosa e por vezes chocante. Aí entra a primeira sacada inteligente. O diretor opta por abordar desde a fase inicial da doença, até a terminal, narrando em primeira mão cada etapa pré-morte da protagonista, o que torna tudo mais deprimente. Isto, claro, fazendo um paralelo com a reação dos entes ante a tragédia. Enquanto todos ao redor parecem ter as rédeas da situação, não tarda para que as pessoas se sintam desnorteadas. E o final estarrecedor (o qual não mencionarei, podem ficar tranquilos) é apenas uma consequência de tudo o que foi visto. </div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
A fotografia meticulosa, que sempre permeia os longas de Haneke, está de volta neste. Com a diferença de que aqui, filma-se quase tudo em um único ambiente, o apartamento do casal. Assim, a câmera adota um tom mais sufocante, aproximando-se dos atores constantemente, para criar angústia. Além do mais, a coloração também obedece ao praxe do diretor e utiliza tons fracos e desbotados. A direção de arte, por sua vez, desempenha um papel fantástico, mas, agora, na construção da história da dupla. Ao observarmos um apartamento muito amplo, com poucos móveis e muito livros e discos, podemos notar que, durante boa parte de suas vidas, os dois primaram por ficar em suas agendas culturais e suas aulas de piano, criando um sentimento leve de nostalgia. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
No casting, apenas as mais altas performances. Jean-Louis Trintignant se sai muito bem como um dos protagonistas do longa. Em diversos momentos, principalmente no terceiro ato, carrega o filme nas costas. Isabelle Huppert, como não poderia faltar, faz uma ponta digna de nota como a filha do casal. É a atração nas cenas em que aparece. Porém, nenhum dos dois é páreo para a monstruosa atuação de Emmanuelle Riva. Com 85 anos, a atriz, que já estrelou diversos clássicos franceses, demostra uma arrasadora capacidade de encarnar a personagem, suas limitações e seus trejeitos. Em cada cena que aparecia, me fazia um espectador mais feliz por contemplar performance tão soberba. Até agora, a melhor do ano. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E para fechar com chave de ouro, soa até redundante conceder elogios à Michael Haneke, principalmente depois de tudo que escrevi acima. Vale deixar registrado, então, que ele provou ser um cineasta versátil e mais genial ainda. Fugiu de seu ponto comum e realizou um filme maravilhoso. Reafirmando, assim, o que já sabia: ele é um dos diretores mais geniais da contemporaneidade. <b>"Amour"</b>, por fim, é a obra-prima do ano. Seria no mínimo constrangedor se a Academia o esnobasse no Oscar, ano que vem. Um dos retratos mais comoventes sobre o alzheimer. Um filme ímpar, um triunfo artístico!</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Gênero:</b> Drama</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Duração:</b> 121 min.</div>
<div style="text-align: justify;">
<b>Ano: </b>2012</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-76241253844763565272012-10-22T08:34:00.001-07:002012-10-22T08:34:02.487-07:00361. Cosmópolis<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgURrzC1aDnA6YRr78-Ms3EeUCvJGriQPiIg61mrPrDUoGsDrU5Kpx0rbKA7PnIZ0fReIHW0gvA6rqCn9ofFwkFlz1z51H-9BlpQbDGoQwyUbgkPnv7Z35TBWABAIZUZ5M08MFTtAtdSM0c/s320/Cosmopolis.jpg" width="233" /></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixOYUJnvSQuJiSTXi-gPCxcHnQVdEKQ7lWuufJXWEp8riHPn-TgmAE6kDdyG9_90zSiLFND7sgtVRXPLecK_oqtc-lVz_RLtTdpZNwdNsp0_3DPBruo_FQ7b35AVvQXrA12J7Hi72gClOo/s1600/3stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixOYUJnvSQuJiSTXi-gPCxcHnQVdEKQ7lWuufJXWEp8riHPn-TgmAE6kDdyG9_90zSiLFND7sgtVRXPLecK_oqtc-lVz_RLtTdpZNwdNsp0_3DPBruo_FQ7b35AVvQXrA12J7Hi72gClOo/s1600/3stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Mediano)</div>
<div style="text-align: justify;">
<br />
A ideia nunca foi tão grandiosa. O tema
nunca tão propício. Mas, apesar de tudo,<span class="apple-converted-space"> </span><b>"Cosmópolis"</b><span class="apple-converted-space"> </span>era um dos filmes que mais aguardava
este ano. Esta ansiosidade foi conservada por saber que a direção teria o toque
do excepcional Cronenberg, que tão bem conseguiu transformar plots absurdas e
desmotivadoras em trabalhos interessantes e inteligentes, durante toda sua
carreira. Assim, terminei a projeção abismado. O erro mor e chave do filme foi
justamente protagonizado por David que, sem muito controle da obra, transformou
esta loucura em algo sem sentido, vazio e esquecível ao extremo.<br /><br />Sua trama gira em torno de um personagem
milionário e misterioso que decide sair com sua limusine em um dado dia de sol
para conseguir um corte de cabelo. Porém, a cidade parece viver um dia de crise
geral, com protestos, engarrafamentos, canos estourados e uma visita
presidencial. Assim, durante toda a projeção, empecilhos passam a atingir o
protagonista, ao passo que não só a cidade, mas o mundo, entra em colapso. O
primeiro erro já é percebido nos primeiros minutos de projeção: a pretensão de
Cronenberg. Nunca o cineasta foi tão pretensioso e desnecessário como aqui. A
maioria dos diálogos compreendidos até 30 minutos de projeção são o cúmulo da
verborragia. Conversas sem fundamento, léxico exageradamente rebuscado e
reflexões sobre temas ridículos e dispensáveis. E, levando em conta que
praticamente toda a produção transcorre no interior da limusine, apenas com
sequências de diálogos, pode-se dizer que ao menos 15 a 20 minutos do primeiro
ato poderiam ser facilmente descartados, poupando a paciência do
espectador.<br /><br />Todavia, embora o roteiro peque vorazmente
nas linhas de diálogos, acerta em algo que merece ser tachado como o ponto mais
considerável do longa: a exploração do personagem. Apresentado como uma persona
misteriosa, Cronenberg, inteligentemente, ao longo da projeção vai dissecando-o
e expondo características pertinentes e interessantes sobre ele. Em uma visão
macro, o reconhecemos como um ser egocêntrico. E durante todo o filme, o
realizador canadense vai reafirmar isso com diversos elementos, destacando-se a
própria limusine. Impenetrável e à prova de som, o carro funciona como uma
fortaleza ao protagonista. Quando está dentro do veículo, ele se isola do mundo
(algo que fica bem evidente quando o blecaute dos vidros é ativado) e o mesmo,
de certa forma, gira ao seu redor. Notem como as pessoas com quem o
protagonista dialoga o fazem sempre dentro da limusine, em seu templo. Além do
mais, através das janelas, vemos sempre o mundo passar pelo personagem enquanto
ele, com um semblante impassível, discute assuntos diversos sem parecer se
preocupar com o que o cerca. Outro recurso interessante é o modo como o
cineasta desdobra a crise que assola o mundo, deixando a cargo do motorista
levar as notícias mundiais ao personagem central. Tudo isso cria de forma
eficaz a sensação de exclusão e egocentrismo, como se o planeta existisse aos
pés do protagonista.<br /><br /><br />Contudo, se David Cronenberg acerta neste
quesito, erra em diversas sequências pelo exagero de alguns elementos de cena.
Constantemente, o cineasta se perde entre a seriedade e a comédia. Em inúmeros
momentos ficava me perguntando se a intenção dele seria criar uma cena cômica
ou séria. Para exemplificar, basta notar a passagem do exame de próstata.
Enquanto o médico insere o dedo no ânus de Robert Patinson (protagonista), o
mesmo continua conversando com sua visita momentânea e fazendo caretas
discretas, enquanto o exame dura mais de 3 ou 4 minutos. O próprio carro central,
por sinal, pode ser tido como um outro exemplar. Sua alta tecnologia o
assemelha muito a desenhos animados. Tudo soa muito satírico. <br /><br />Vale citar que esta dúvida permeia durante
todo o filme, sobre diversos outros elementos, como a produção e a performance
central. Claramente pedestre em seus efeitos visuais,<span class="apple-converted-space"> </span><b>"Cosmópolis"</b>, em
alguns momentos, atinge o ápice (se comparado ao cenário tecnológico atual) da
ruindade. O Chroma Key é falso e evidencia a fragilidade da produção, já que a
própria direção de arte da limusine deixa a desejar em alguns aspectos. Não
obstante, a performance nada inspirada, insípida e inexpressiva de Patinson
reafirma a constante dúvida do proposital ou defeituoso. Assim, não consigo
concluir se a atuação do fada/vampiro pretende criar um maior deslocamento do
personagem em relação ao mundo real, ou se é pavorosa mesmo. Levando em conta o
histórico de Robert, estou inclinado a admitir a segunda opção. De qualquer
forma, é inegável que tenha servido como uma luva ao seu papel no filme - o que
acaba reprisando o caso de Kianu Reeves na trilogia<span class="apple-converted-space"> </span><b>"Matrix"</b>.<br /><br />Pode-se dizer, portanto, que Cronenberg
foi deveras infeliz neste seu mais novo projeto. Saiu do nada e chegou a lugar
algum. Todavia, é inofensivo, ao final de contas. Longe de ser o maior desastre
do ano é um filme que fala, fala, mas não chega a conclusão alguma. Possui uma
plot curiosa, que o diretor até tenta explorar e evoluir, mas continua a
deixando sem muito o que transmitir, em decorrência de cenas desprezíveis. Uma
obra que - espero eu - seja abafada por outros tantos trabalhos excelentes
realizados por Cronenberg.<br /><br /><b>Gênero:</b><span class="apple-converted-space"> </span>Drama<br /><o:p></o:p><b>Duração:</b><span class="apple-converted-space"> </span>106 min.<br /><o:p></o:p><b>Ano:</b><span class="apple-converted-space"> </span>2012<span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-26189932377376081642012-10-19T18:49:00.002-07:002012-10-19T18:49:26.430-07:00360. Jonestown - Vida e Morte no Templo do Povo<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiKk_B4luDhkiLMQa2vjYo0IJXRU5-5vBhqlL2KMZFXSt2OMzWJaAkOd-zAWeuODP4LykWdHb5he2CT60mCvchXOBwhCfEmzqz3p_9bmGOQWd_O8xMUxH_XrYYrc3GEMTypyHFTluDPJZt/s1600/jonestown1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiKk_B4luDhkiLMQa2vjYo0IJXRU5-5vBhqlL2KMZFXSt2OMzWJaAkOd-zAWeuODP4LykWdHb5he2CT60mCvchXOBwhCfEmzqz3p_9bmGOQWd_O8xMUxH_XrYYrc3GEMTypyHFTluDPJZt/s400/jonestown1.jpg" width="270" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMMoEw_Q4n3DeULSYzLZh-T-mr5k9hDQa0W0c9tlw_wIJlh2n_zyJl-crKtzELV9lXaPyYOWpMQhRjDm-Hk32a6fTLMxlWtIezMB1fgdFuDntFlTKb1f7h5gGe0RzSHPvRM1lXdbcvVDMu/s1600/5stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhMMoEw_Q4n3DeULSYzLZh-T-mr5k9hDQa0W0c9tlw_wIJlh2n_zyJl-crKtzELV9lXaPyYOWpMQhRjDm-Hk32a6fTLMxlWtIezMB1fgdFuDntFlTKb1f7h5gGe0RzSHPvRM1lXdbcvVDMu/s1600/5stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Obra-prima)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Até onde vai a maldade e o poder de convencimento? Desassociadas, dificilmente à níveis catastróficos. Mas, em força conjunta, podem arrasar a vida de pessoas e sociedades inteiras. Jim Jones foi um exemplo perfeito de manipulação. Apostando na fragilidade de seres humanos rejeitados por uma sociedade mesquinha, utilizou-se da religião para conquistar a lealdade de pessoas capazes de tudo - sem exceções - ao seu líder. Um verdadeiro monstro egocêntrico, porém, uma inegável figura obscura e misteriosa.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Sob a proposta de desconstruir esta personalidade macabra, <b>"Jonestown - Vida e Morte no Templo do Povo" </b>tenta entender o psicológico de Jones, bem como seu legado banhado de atrocidades espantosas. Surgindo como um pastor local, Jim rapidamente conquistou a afeição da população local e fundou a igreja Templo do Povo. Nela, numa jogada inteligente, admitiu a ingressão de negros, que naquela época eram excluídos da sociedade e viram no recinto um local de acolhimento e atenção. Assim, foi fundamentando seu império a partir de afro americanos e recorrentes brancos igualmente manipulados. O fato é que apenas por abordar a trajetória desta criatura horrenda sem concessões e expor casos de alienação massiva, este documentário já ganha uma força gritante, pela carga emocional das situações expostas. Dentre elas, por exemplo, se destacam o espancamento de um fiel no altar, uma pregação acerca da homossexualidade (onde Jones afirmava ser o único heterossexual da Terra) e estupros de crianças. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
A partir de um número considerável de materiais de arquivo e entrevistas de frequentadores da seita, <b>"Jonestown"</b> é inteligente não apenas em narrar a história de vida do referido, mas também ao criticar a alienação popular e a manipulação das religiões sobre mentes fracas. Além, claro, de decupar a mente mórbida da personalidade. Nitidamente compulsivo, Jones desde cedo manifestou uma fixação por poder. Com seu egocentrismo alarmante, partiu numa jornada de domínio, após notar a capacidade de convencimento de alguns pastores de sua região. Em poucos anos, já havia conquistado uma gama relevante de seguidores. Porém. quando seu império ameaçava tremer, em uma atitude covarde - mas ao mesmo tempo cautelosa -, Jim deslocou seus mais de 1000 seguidores para Jonestown, uma cidade modelo planejada por ele e construída em meio a uma floresta de Guyana, na tentativa de dominar absolutamente todos os seus fiéis. E é neste momento que o longa atinge seu ápice. Em todos os sentidos. Se, em primeira instância, sentíamos repúdio e nojo do protagonista deste caso lastimável, agora passamos a sentir horror, medo e tristeza. A cada minuto que se segue na colônia de Guyana, a tensão vai crescendo até atingir níveis absurdos. O que vemos retratado na tela parece ter saído de um filme de ficção. A angústia é crescente e os próprios depoimentos vão adquirindo mais densidade. Culminando, enfim, no suicídio coletivo organizado por Jones, com quase 1000 mortos. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Poucas vezes um documentário mexeu tanto com meu emocional como os 25 minutos finais de <b>"Jonestown"</b> o fizeram. Ao final da sessão, apenas conseguia tremer de estarrecido e, pálido, murmurar: <i>"Meu Deus, por que tanta maldade?!" </i>Seria eufêmico<i> </i>descrever meus sentimentos após o longa como tristeza. O que sentia era um misto de revolta, mágoa e desespero por termos chegado até esse ponto em nossa sociedade. E não falo acerca de Jones especificamente, mas da alienação de grupos gigantes, que acabam resultando em casos também dramáticos e infelizes para nossa história mundial. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Deve-se citar também, que<b> "...Vida e Morte no Templo do Povo"</b> possui inúmeros deméritos, principalmente no que concerne a evolução da narrativa, contendo diversas brechas entre alguns fatos. Porém, sob uma visão geral, o efeito e impacto que este documentário me causou foi tão grande que simplesmente não consigo avaliá-lo em menos de cinco estrelas. Certo que esta é uma visão muito particular, mas, independente de o indivíduo considerar ou não estes erros, é inegável que esta obra de apenas 85 minutos desmantela o espectador. Aquele que terminar de assistir a narração e às imagens do notório suicídio, indiferente, não merece ser chamado de ser-humano. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E, ao final de tudo, quando o choque da sequência de encerramento se esvai em parte, fica a descrença na humanidade. A maior dor é saber que tudo o que foi exposto na projeção, embora se assemelhe demais a ficção, é a mais pura, nua e crua verdade. E a verdade muitas vezes dói. Nesse caso doeu, e muito!</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i>"O que ele fez não foi suicídio, foi assassinato!"</i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<i><br /></i></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Gênero:</b> Documentário</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Duração:</b> 85 min.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Ano:</b> 2006</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-70524971307747389222012-09-25T19:33:00.000-07:002012-09-25T19:33:17.836-07:00359. Tiranossauro<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirEGyndtRR3is4zvx6DiOg1kZkTYZmlXTE_JB3to21FBFc3QwWQK8PIr46KFrn6q1uA_EpWw0jABaG1q8umXD_raji-sNnZD-nj_rzihWU8P6aQH6YnzF3HYWAT50PKdrNCNNkyY2-IEZo/s1600/tyrannosaur-poster.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEirEGyndtRR3is4zvx6DiOg1kZkTYZmlXTE_JB3to21FBFc3QwWQK8PIr46KFrn6q1uA_EpWw0jABaG1q8umXD_raji-sNnZD-nj_rzihWU8P6aQH6YnzF3HYWAT50PKdrNCNNkyY2-IEZo/s400/tyrannosaur-poster.jpg" width="270" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6EcL5TDIHWRW_SDl_j2SfKDSWJWZoKp11OXkuBedViZWbyxI7ncTXNDk804xBjUj2ApOpHgQjBjJxDY8Fha_YBTMFOHYZmORGMgGvc3yvs9Hva8oonoObCStFwa_cgi3DHqC1nHFl6a1O/s1600/4stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6EcL5TDIHWRW_SDl_j2SfKDSWJWZoKp11OXkuBedViZWbyxI7ncTXNDk804xBjUj2ApOpHgQjBjJxDY8Fha_YBTMFOHYZmORGMgGvc3yvs9Hva8oonoObCStFwa_cgi3DHqC1nHFl6a1O/s1600/4stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Excelente)</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Em 2007, Paddy Considine (ator inglês de longa data) decidiu se arriscar na direção de um curta-metragem, ao qual nomeou de <b>"Dog Altogether"</b>. O filme de apenas 16 minutos narrava a decadência de um homem explosivo que acumulava uma gigante raiva dentro de si. 4 anos depois, Considine optou por ampliar este curta em um longa-metragem, e chamá-lo de <b>"Tiranossauro"</b>. Assim, estreando na direção de seu primeiro longa, Paddy assina seu nome como um realizador promissor, que entende perfeitamente as dores e angústias humanas e sabe tratá-las de forma sublime em tela.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
A trama se incia com Joseph, tomado por um ódio incontrolável, descontando suas frustrações em seu cachorro e matando-o. Consequentemente, sendo tachado de diversos adjetivos pejorativos por parte do espectador. Mas, por conseguinte, o roteiro (escrito pelo próprio diretor) cuida de se aprofundar na mente perturbada do protagonista e desconstruí-lo diante de nossos olhos. Notamos, então, um ser humano de carne e osso - não mais um animal irracional - que carrega em seus ombros o peso de um passado dramático e suscetível a mágoas. Aliás, suscetível não, repleto de mágoas. Com isso, Paddy carimba o grande trunfo deste drama: a identificação do público. Não que sejamos necessariamente as mais agressivas pessoas, mas quem nunca sofreu de uma cólera gritante, uma vontade de descontar o sofrimento em algo ou alguém? Quem nunca se arrependeu após gritar com alguém próximo e perceber que o que fez foi uma grande besteira, que se pudesse voltar no tempo, agiria de maneira diferente? Nós cometemos erros. Afinal, somos seres humanos. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E muitas vezes seres humanos que clamam por ajuda imediata. A situação e o sufoco da vida do protagonista atingiu limites insuportáveis e, mesmo tentando manter a calma, algumas circunstâncias são impossíveis de controlar. A ajuda, então, parece surgir no mais improvável dos momentos. Enquanto foge das consequências de mais uma explosão de raiva, o personagem central vai se abrigar na loja de uma mulher calma, bondosa e extremamente religiosa (e casada). A partir daí, um vínculo romântico surge entre os dois. Vínculo, este, que mudará por completo a vida de ambos. Uma curiosidade interessante de se ressaltar é que o par amoroso (por falta de termo melhor) do protagonista é a recriação da ex-mulher do mesmo, falecida de diabetes - calma, positiva e que sempre procurava enxergar o lado bom das pessoas. O fato é que, como Joseph disse, sua esposa era desprezada e mal-tratada por ele. Consequentemente, ao invés de ajudar o protagonista a sair de sua cólera desenfreada, ela apenas provoca ainda mais o seu lado descontrolado. E o resultado talvez tenha sido mais devastador para ela que para o homem central, já que passa a conviver com uma pessoa mais agressiva (por amor - ou algo que se assemelhe), além de aturar seu marido igualmente nervoso e inconsequente. Neste momento, Considine tece uma linha narrativa interessantíssima e apresenta o âmago do longa: traçar um parâmetro, muitas vezes assustador, da violência verbal e física, do descontrole e da irritabilidade, da raiva propriamente dita. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Dessa forma, o cineasta iniciante consegue chocar pela brutalidade dos acontecimentos sem a necessidade de mostrá-los em tela. Manifesta repulsa, ódio e compaixão no espectador sem apelar para manipulações baratas e pedestres para criar sentimentos. Até porque - e isso pode soar irônico - apesar da temática, <b>"Tiranossauro"</b> está longe de ser escandaloso e graficamente voraz. Pelo contrário, muitas das questões e críticas são expostas nas entrelinhas e de forma sutil, muito sutil.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Um exemplo didático de sutileza empregada é a direção de arte, principalmente no que concerne à casa do protagonista. Notem que, em uma das poucas visões externas que temos da moradia, onde ela é enfocada por completo, a pintura, o design e a decoração da mesma denotam de forma direta, porém discreta, a aparência de uma prisão. Uma prisão que encarcera a figura-chave do filme. Raros são os momentos de tranquilidade ou descanso que os personagens (com enfoque principal a Joseph) conseguem protagonizar dentro da jaula. Alguns dos poucos sentimentos de quietude discorrem no jardim, acompanhados de um machado e da natureza.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
E por falar em calmaria, Peter Mullan - o protagonista - dá um show quando o assunto é externalizar reações emotivas ou até mesmo contê-las. Sua atuação é, ao mesmo tempo, extrovertida e caótica, mas contida e introspectiva, exatamente como exige o personagem a que está dando vida. Vale ressaltar também que sua companheira de cena em momento algum deixa a desejar em termos qualitativos. Algumas cenas que protagoniza são simplesmente aterradoras.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Por fim, dá-se o encerramento fantástico e inesquecível e a pergunta que paira é acerca do significado da palavra Tiranossauro no título. Talvez essa seja a cereja do bolo. Pode ser explicada, da forma mais básica, pelo apelido dado pelo protagonista à sua ex-mulher. Porém, sob uma análise mais profunda, pode-se empregar este termo ao próprio tema do filme, já que se fala muito sobre agressividade e titanismo, poder. Outra teoria se encontra no fato de que, apenas com sentimentos raivosos e impiedosos, nos tornamos meros seres feitos de ossos, "sem emoções", carcaças, esqueletos. Os esqueletos dos titânicos. O que acaba, de certa forma, fazendo uma rima com a primeira teoria de interpretação. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
Após tanta veracidade, angústia e identificação, é quase impossível que o espectador acabe a sessão indiferente. Afinal, <b>"Tiranossauro"</b> é um soco na cara dos hipócritas e uma válvula propulsora de cura aos raivosos. Um excelente filme que, infelizmente, não foi tão prezado como deveria ser e acabou, relativamente, sendo esquecido, inclusive pelo ciclo cinéfilo. </div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Gênero:</b> Drama</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Duração: </b>91 min.</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: justify;">
<b>Ano:</b> 2011</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1783564968067481193.post-27040177020683358822012-08-23T17:30:00.003-07:002012-08-23T17:30:13.483-07:00358. Trabalhar Cansa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqjLYgD7Iz9c5RBA_4G6Z7cnnqCG0C_OOfWQghjiGO80FvlL9p0NAFYDmaVmXJgdRG3Ch0WXGV9afOZPNj4a9Dxpdweh2aF96dr1fy2L0U8-qx2TmyLGJz_HLhePFmNera3Bm0BnWGNyAP/s1600/217884.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqjLYgD7Iz9c5RBA_4G6Z7cnnqCG0C_OOfWQghjiGO80FvlL9p0NAFYDmaVmXJgdRG3Ch0WXGV9afOZPNj4a9Dxpdweh2aF96dr1fy2L0U8-qx2TmyLGJz_HLhePFmNera3Bm0BnWGNyAP/s400/217884.jpg" width="283" /></a></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZkauIEhu2VZ5Nm6PXYwa-AG_oUxde2d5Mk9RqWkm2eY6CmUNRwOtxZrRcDoIpaPnHDLux6xCMOLBiEtPPE8gextyDECyFiUXQMjgaZbhoKmgH40-y61ogKvCW41TXoA4V7cx1rCNHLaeo/s1600/4stars.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhZkauIEhu2VZ5Nm6PXYwa-AG_oUxde2d5Mk9RqWkm2eY6CmUNRwOtxZrRcDoIpaPnHDLux6xCMOLBiEtPPE8gextyDECyFiUXQMjgaZbhoKmgH40-y61ogKvCW41TXoA4V7cx1rCNHLaeo/s1600/4stars.png" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
(Muito bom)</div>
<br />
<b>P.S: Este post contem spoilers.</b><br />
<br />
<div style="text-align: justify;">
Em meio a uma gigante leva de filmes nacionais que trabalham temas muito próximos, clamava-se para que algo mais enfático e destoante fosse produzido em nosso país, no âmbito cinematográfico. <b>"Trabalhar Cansa"</b>, portanto, deve instigar a atenção de muitos cinéfilos do Brasil justamente por sua diferença dentre as demais produções fílmicas brasileiras. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A começar pela plot, atípica para nossa realidade e que se desfaz de todos os pontos comuns de longas do Brasil, tratando da vida decadente de um casal que - após o patriarca perder seu emprego - decide abrir um mercado em seu bairro. Tudo, porém, vai de mal à pior e a vida de toda a família é inundava por uma maré de maus agouros e desventuras diárias. E se vocês, leitores, notaram algumas semelhanças com o cinema de Haneke, estão cobertos de razão. Pelo tom cru, lento, analítico e mórbido com que a história é conduzida, constantemente nos deparamos com referências sutis à obra do mestre austríaco. Notem, por exemplo, em uma das cenas de encerramento, quando vemos apenas um carro percorrendo as ruas da cidade, que esta é uma cena bem semelhante ao encerramento de <b>"Tempos de Lobo"</b> - quando o trem finalmente chega à estação. Representa, ainda, uma guinada positiva na vida do casal, do mesmo modo que o trem materializa as esperanças de salvação dos sobreviventes do filme de Michael.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
E, falando em simbologias, a dupla de diretores é muito feliz ao empregar inúmeras delas em momentos precisos da projeção. Além do mais, ambos conseguem criar e manter um clima denso de mistério acerca da sobrenatural explicação dos fatos. Para tanto, se utilizam de passagens macabras e instigantes na tentativa (acertada) de nos prender a tela do primeiro ao último minuto. O cão latindo, o esgoto vazando do tubo, a parede apodrecendo, as inúmeras evidências achadas no local - abandonadas pelos antigos proprietários - e até mesmo a relutância do dono do galpão em alugá-lo exprimem idéias interessantes do que poderia ter acontecido naquele mesmo local, sob a posse dos antigos donos. Obviamente, os protagonistas ignoram os alertas. A consequência, portanto, é o total descarrilhamento financeiro, familiar e individual que cada membro passa, seja no grupo, ou isolado dele. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Outro acerto dos realizadores é adicionar coadjuvantes obscuros e desconfortantes para causar um estranhamento positivo no espectador durante toda a projeção. Nisso, contribui também a montagem, lenta, que enfoca (em dados momentos), por diversos segundos, apenas dois personagens em silêncio que a todo momento parecem estar prestes a explodir, sem motivo. Ou melhor, sem motivo não, já que - dependendo da interpretação que se faça - pode-se culpar o mercado (a maldição dele, melhor dizendo) por praticamente todas as catástrofes na vida das figuras principais. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
A paranoia, a angústia e a densidade surgem, naturalmente, da junção de todos estes elementos sufocantes. E preparam o público para o final inesperado... </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Só não digo que a direção acerta em todos os aspectos porque é impossível ignorar a tamanha catástrofe das atuações. Certo que o filme é independente e isso justifica até certo ponto. Porém, a ruindade das performances é tão estapafúrdia que transcende a linha do aceitável e justificável. Neste caso, fica nítido que a culpa merece ser depositada nas costas dos cineastas, já que, constantemente, percebíamos os atores muito inexperientes se perdendo em meio as cenas, aguardando orientações e refilmagens por parte da dupla comandante. Até porque quase todos estavam praticamente iniciando suas carreiras no cinema. Confesso que isso tenha quebrado um tanto o clima de algumas cenas, embora nada tão grave a ponto de comprometer o projeto inteiro. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Projeto esse, aliás, que se encerra de forma bem surpreendente e multifacetada. Por mais bizarra que a produção possa transcorrer, jamais imaginaria a revelação perturbadora do final. Não bastasse esse chocante desfecho,<b> "Trabalhar Cansa"</b> ainda finaliza com uma crítica ao comodismo e às pessoas capazes de tudo para se salvar e esconder sua real natureza.<br />
<br />
<b>Gênero:</b> Drama<br />
<b>Duração: </b>99 min.<br />
<b>Ano:</b> 2011</div>
Selton Dutra Zenhttp://www.blogger.com/profile/18200467647992512887noreply@blogger.com0