324. Super 8

sábado, 20 de agosto de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários


(Mediano)

Lançado como uma homenagem à clássicos antológicos da ficção científica, como "E.T. - O Extraterrestre" e "Contatos Imediatos de Terceiro Grau", ou aventuras como "Os Goonies", "Super 8" se revela uma produção cheia de erros e acertos, de bons e maus momentos, resultando em algo muito aquém das outras preciosidades citadas acima.

A história, um misto de temas que bebe de várias fontes, narra a trajetória de um grupo de amigos que luta para sobreviver durante o ataque de uma criatura alienígena.

Quando um filme possui como protagonistas heróicos um grupo de crianças, também possui sérias chances de fracassar neste quesito, por soar absurdamente forçado, mas "Super 8" acerta brilhantemente e em nenhum momento, nem mesmo nos mais heróicos, erra e denota artificialidade. Aliás, os personagens infantis, quando agem como adultos, realmente se parecem com eles.

Além disto, "Super 8" exala cinefilia, o que é muito bom. A prova desse fato se dá quando os personagens decidem fazer um filme, logo no início da projeção. Nota-se que eles amam cinema e são, provavelmente, a personificação de Spielberg quando criança.

Em contrapartida a esses pontos positivos altamente consideráveis, está uma fotografia fraquíssima, que ao tentar conferir um charme a mais à produção (vide constantes reflexos de luz na tela), erra de forma gritante por conseguir somente causar desconforto e eliminar a beleza que determinadas cenas poderiam conter, além de aparentar inexperiência por parte de Spielberg, característica que obviamente ele não possui. Aliás, apesar desta produção ser dirigida por J.J Abrams e produzida por Spielberg, fica evidente, com o passar dos minutos, que Steven foi quem mais comandou a obra.

Mas o que mais me incomodou em "Super 8" foi seu roteiro. Além de abordar o tema alienígena de forma superficial, ainda erra por não se aprofundar no drama pessoal e no romance do personagem principal. Assim, esses dois últimos argumentos ficam deslocados durante todo o filme, soando somente como mera ocupação de tempo, para aumentar sua duração.

E, como se não bastasse, o filme peca em um dos momentos mais cruciais da trama: a aparição do monstro. Durante mais ou menos 90 minutos, cria-se uma aura de suspense, escondendo a aparência da criatura, algo semelhante a "Cloverfield - Monstro" e outros tantos filmes com este tema. Mas quando ela aparece (em uma momento errôneo, diga-se de passagem), as semelhanças com "Cloverfield" não param por ai: a criatura lembra muito o monstro que sai do mar e ataca a ilha de Manhattan, no filme de 2008. Sendo assim, o alienígena de "Super 8" também decepciona por não possuir novidade nem criatividade.

Enfim, este era um dos filmes que mais estava esperando no ano e me decepcionei. E repito: não é ruim, mas fica deveras aquém dos filmes que homenageia.

P.S: Uma das melhores cenas do filme acontece durante os créditos finais.

Gênero: Ficção Científica
Duração: 114 min.
Ano: 2011

323. I Saw the Devil

quarta-feira, 17 de agosto de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários

(Excelente)

Sou grande apreciador de filmes de vingança, e como tal, não poderia deixar de conferir "I Saw the Devil", uma das mais elogiadas produções que abordam este tema, atualmente.

A história gira em torno de um agente secreto que, após ter sua noiva grávida brutalmente assassinada, parte em busca do culpado, mas quando o encontra, ao invés de matá-lo, resolve por em prática um sádico plano de vingança.

Sádico porque com o desenrolar da trama, percebemos que o vingador se tornou cego de ódio, incapaz de medir as consequências de seus atos. Mas em nenhum momento da projeção sentimos pena do culpado e indiferença pela vítima ou pelo vingador, isto se deve a alguns truques do roteiro, que comentarei mais a frente, algo comumente explorado em filmes de vingança, como a obra-prima "Irreversível", para citar um exemplo apenas.

Um dos setores mais deslumbrantes deste filme é a parte técnica. Possui uma fotografia excelente, que consegue acrescentar requinte e podridão, de acordo com a carga emocional que cada cena em específico exige. A direção de arte é muito boa, ao contrastar os ambientes de vivência dos dois personagem principais (o assassino, com sua casa pobre e suja, e o agente, com seu apartamento de classe alta). A trilha sonora é emotiva e sublime! Talvez a melhor trilha do ano! Mas o que realmente se destaca no âmbito técnico é a edição, que consegue de forma genial, fundir imagem, música e diálogos. Certos momentos se tornam até líricos!

O roteiro é inteligente, original e principalmente, cria e evolui personagens profundos e complexos que, personificados por atores em ótimas interpretações, se tornam figuras muitas vezes assustadoras, ou dignas de compaixão, pois sim, tomamos a dor do noivo que perdeu sua parceira. Além da veracidade dos personagens, um outro recurso interessante é acompanharmos não só o cotidiano do herói (ou anti-herói?) em busca do culpado, mas também o cotidiano do culpado, em seus atos de violência desenfreada e calculista, o que nos faz simpatizar e apoiar ainda mais a jornada do primeiro. Além de tudo isso, o roteiro não se preocupa em preservar a identidade do assassino durante todo o filme. Isto comprova que o foco de "I Saw the Devil" não se dá na investigação, que ocupa mais ou menos os 40, 50 minutos iniciais, mas sim no ato de vingança, ao contrário do que muitas pessoas pensam.

Todavia, um dos poucos motivos por eu não ter classificado em 5 estrelas este filme foi justamente o final, que é covarde, e não faz jus a grandiosidade da produção em si. Assim, quando "I Saw the Devil" acaba, sentimos uma sensação de que alguma coisa está faltando, a desagradável sensação de carência de um final mais impactante e bem menos morno do que de fato é!


Gênero: Drama/Ação
Duração: 144 min.
Ano: 2010

322. Montanha Cega

sábado, 13 de agosto de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários

(Ruim)

Obs: Este texto contém spoilers!

Uma garota é sequestrada e vendida para um homem que a torna sua escrava sexual. Ela tenta pedir ajuda, mas nenhuma das pessoas que residem na mesma vila do rapaz que a comprou parecem se importar com o drama dela. Em todas as vezes que tenta fugir, é pega e castigada. A sua vontade de se libertar daquele lugar aumenta a cada soco e estupro que lhe é praticado. Este é o enredo de "Montanha Cega".

De uma plot como esta, espera-se um filme denso, visceral e desconfortável. Talvez até chocante. Mas em nenhum momento desta produção isso se concretiza, resultando assim, em um desapontamento tamanho por parte do espectador, que por sua vez, permanece com a famosa cara de paisagem do início ao fim da projeção. Este é um filme frígido! O que é um erro imperdoável!

Mas toda essa frigidez é resultado de vários fatores negativos compilados, como o roteiro mal escrito que, além de não explorar profundamente o drama da personagem principal, ainda não evolui a mesma de uma forma, no mínimo, aceitável. A interpretação da personagem central é bem ruim e igualmente frígida. A edição erra quando as cenas que deveriam impactar, como as de estupro e violência física, não nos chocam.

Todos esses pontos negativos nos impedem de simpatizar e apoiar a garota que sofre. Consequentemente, quando ela tenta fugir, não nos pegamos apreensivos quanto ao seu destino. Simplesmente assistimos o desenrolar dos fatos na tela, de forma vaga. E esta falta de emoção é o maior problema de "Montanha Cega".

Outro ponto negativo, embora não tão prejudicial à história, é o seu final. A partir do momento em que um diretor se propõe a criar um final impactante e/ou em aberto (como é o caso deste filme), ele precisa criar uma aura propícia, lançar algumas linhas de raciocínio de forma implícita e finalizar no momento certo. Isto não acontece aqui. O final é tão sem sal quanto todos os outros minutos!

Mas a culpa de tudo isso, creio eu, é do diretor estreante Yang Li, que se apossa de uma história incrível e a estraga por pura incompetência. Possui sérias dificuldades em criar uma obra tensa e angustiante, de nos fazer sentir mal enquanto sobem os créditos finais e de criar uma mistura homogênea de todos os elementos constituintes desta obra!

Uma pena!

Gênero: Drama
Duração: 97 min.
Ano: 2007

321. Capitão América: O Primeiro Vingador

terça-feira, 2 de agosto de 2011
Postado por Selton Dutra Zen 3 comentários

(Muito ruim)

O mais novo filme da Marvel possui 124 minutos de duração, mas passa a sensação de ter 180. Em nenhum momento consegue criar um clima agradável ou sequer meia dúzia de cenas boas! Não, não é exagero! No momento só consigo contar duas cenas agradáveis, a última e a pós-créditos.

Mas não se assustem, não é o pior filme do ano, apesar de merecer com certeza figurar entre os piores, ao lado de bombas como "Zé Colméia", "Caça às Bruxas", "Santuário", "Transformers 3" e "Invasão do Mundo: A Batalha de Los Angeles"! Pois bem, com este parâmetro já podem imaginar o desastre que é esta produção!

Para começar, a própria história do herói Capitão América, seja nos quadrinhos ou no filme, é ridícula. Na segunda guerra mundial, um homem subestimado, magro, fraco, porém corajoso, serve de cobaia para um experimento governamental que lhe concede altura, músculos e força. A partir daí, ele recebe a missão de lutar contra uma organização secreta denominada Hydra. Mas se não fosse um roteiro fraco, talvez essa história não muito interessante pudesse ser aproveitada em algo no mínimo agradável.

Os primeiros trinta minutos de filme são medíocres, porém até conseguem cativar. Mas depois, conforme a projeção vai se alongando, "Capitão América: O Primeiro Vingador" se revela maçante e sem foco. Possui alívios cômicos fracassados e cenas dispensáveis.

A trilha sonora é ruim, conta com músicas escrachadamente cliquês e ruídos estranhos ao fundo, estes últimos que de início soam interessantes ao acrescentar mais urgência e tensão às cenas, porém com a falta de competência ao imprega-los, este recurso acaba se tornando enjoativo e irritante!

Todavia, a direção de arte é eficiente ao retratar muito bem os E.U.A na década de 40. Outro ponto positivo é o elenco composto por atores em interpretações ao menos aceitáveis, com exceção de Stanley Tucci e Tommy Lee Jones, que estão muito, muito bem, como de costume!

O 3D é fraquíssimo e nem de longe vale o dinheiro a mais. Aliás, nem a própria versão 2D de "Capitão América" vale o ingresso, por ser um filme mal elaborado e com certeza não pensado para os fãs do herói ou até mesmo da Marvel, o que não é meu caso. E se vc quiser assistir somente pelo teaser de "Os Vingadores" (que é muito bom!) espere sair em dvd.

Gênero: Aventura
Duração: 124 min.
Ano: 2011