315. Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas

sexta-feira, 27 de maio de 2011
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(Ruim)

Rob Marshall, em 2002 dirigiu e coreografou o meu musical preferido "Chicago". Mais tarde, em 2005 decidiu enveredar pelo caminho dramático em "Memórias de uma Gueixa", e conseguiu criar um filme bom. Em 2009 dirigiu um filme que muitos detestam, mas devo confessar que adoro, a refilmagem do filme "8 e Meio", em "Nine". Este ano ele dirige o filme que dá sequência aos três outros da franquia "Piratas do Caribe", e fracassa!

Johnny Depp é um ator que precisar de rédeas. Quando consegue encontrar o equilíbrio entre seriedade e insanidade, obtem incríveis interpretações, como é o caso de "Edward Mãos de Tesoura", "Cry Baby" e "Janela Secreta". O fato é que Rob Marshall em "Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas" não consegue domar o lado insano da interpretação de Depp, o que resulta em um péssimo desempenho do ator. Depp consegue transformar Jack Sparrow (personagem do mesmo) de um pirata caricato e divertido à um bêbado imbecil!

Também fazendo parte do elenco, Penélope Cruz está péssima, sem carisma e, como Johnny, extremamente artificial. E, para completar, Geoffrey Rush não dá o máximo de si e decepciona.

O roteiro, escrito a três mãos, desperdiça uma história muito boa ao transformá-la em uma aventura fraquíssima, clichê e óbvia. Aos moldes de um blockbuster de baixo nível! Aliás, isso resume muito bem "Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas": é um blockbuster feito sem amor, sem cuidado, criado única e exclusivamente para lucrar. Uma pena.

O lado técnico do filme é genérico. Sem grandes efeitos, ao contrário dos outros 3 filmes da série, mas com uma trilha sonora muito boa, composta por Hanz Zimmer. Aliás, este é um dos poucos pontos positivos do filme.

Desta vez Jack Sparrow parte em uma expedição para encontrar a fonte da juventude. Uma plot muito interessante, porém mal aproveitada. Espero que a franquia "Piratas do Caribe", que rendeu um filme mediano (2003), um filme bom (2006) e outro muito bom (2007), acabe por aqui!

Gênero: Aventura
Duração: 141 min.
Ano: 2011

314. Rastros de Justiça

sexta-feira, 20 de maio de 2011
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(Bom)

No final da década de 60 até 1998, a Irlanda passou por um período de conflitos entre católicos e protestantes. Nesta guerra, ambas as partes matavam um ao outro, deixando assim, uma poça de sangue na história irlandesa.

"Ratros de Justiça" aborda este conflito, mas de forma diferente. Ao invés de sermos apresentados à guerra em si, vemos as consequências da mesma. O filme se inicia com um protestante (ainda jovem) matando um católico, e tendo como testemunha, o irmão mais novo da vítima. Com a morte dele, a mãe passa a descontar a culpa e a sua raiva no garoto, que com o passar dos anos, guarda rancor pelo assassino. Anos mais tarde, quando ambos se tornam adultos, um programa televisivo decide reunir os dois para resolverem as desavenças e mágoas diretamente para a tv. Mas o homem que teve seu irmão morto está disposto a praticar uma vingança.

O grande trunfo de "Rastros de Justiça" é ser um filme pequeno e objetivo. Possui o tamanho perfeito para apresentar, evoluir e encerrar a história que se propõe sem se tornar repetitivo e cansativo. Os personagens são apresentados de forma rápida e concisa. Sabemos o suficiente de cada um para podermos tomar partido durante a projeção.

Liam Neeson que, um ano antes, protagonizou o razoável "Busca Implacável", tem um desempenho não me agradou. As melhores performances do elenco ficam a cargo dos coadjuvantes.

O diretor, Oliver Hirschbiegel (cujo sobrenome parece mais um trava línguas), já havia dirigido vários filmes, entre eles um dos melhores filmes sobre o nazismo já feitos, "A Queda - As Últimas Horas de Hitler", e até uma nova versão do clássico "Vampiros de Almas", em "Os Invasores". O que está sendo comentado nesta crítica, junto deste último citado representam os mais fracos filmes da carreira de Hirschbiegel dos quais assisti, que no geral, prova ser um ótimo diretor!

Enfim, "Rastros de Justiça" é um filme passageiro, simples, mas que merece ser levado em consideração por sua simplicidade.

Gênero: Drama
Duração: 90 min.
Ano: 2009

313. Christine - O Carro Assassino

segunda-feira, 16 de maio de 2011
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(Mediano)

Os livros do escritor Stephen King geralmente rendem filmes no mínimo, interessantes. Stanley Kubrick adaptou "O Iluminado" e criou uma obra-prima. Brian De Palma filmou o muito bom "Carrie - A Estranha". Frank Darabont (claro fã de King) dirigiu três filmes baseados em livros do autor: "À Espera de um Milagre", "Um Sonho de Liberdade" e "O Nevoeiro", uma obra-prima, um excelente e outra obra-prima, respectivamente. Estes são somente alguns dos muitos outros filmes criados a partir das obras literárias do autor norte americano.

Em "Christine - O Carro Assassino" é a vez de John Carpenter levar às telas mais um suspense de Stephen. O livro e obviamente o filme, contam a história de um adolescente que resolve comprar um carro velho e enferrujado, ao qual chama de Christine, e reformá-lo. Mas ele não sabe que o carro possui vida própria e está disposto a tudo para ter a atenção total do garoto. Inclusive matar!

Os maiores problemas de "Christine - O Carro Assassino" residem em seu roteiro. Por trás de uma trama frágil e superficial se esconde uma história sobre obsessão. E esta obsessão deveria ser muito mais explorada, enquanto as mortes e consequências delas deveriam ocupar menos tempo no filme. Mas infelizmente o que acaba ocorrendo é exatamente o contrário. Além disso, o personagem principal (não o carro, mas o dono dele) é absurdamente estereotipado! Tornando o filme muitas vezes irritante.

Por outro lado, a parte técnica é competente. A fotografia possui muitas vezes ângulos baixos (para adicionar grandiosidade) e altos (para transmitir a sensação de vulnerabilidade). Os efeitos especiais são simples, porém resultam em cenas convincentes, e a trilha sonora clichê ainda consegue criar o clima necessário em certas cenas.

A direção de John Carpenter é convencional e cheia de erros e acertos. Ele consegue criar e preservar (junto ao seu editor) um ritmo na produção. Em contrapartida, não consegue extrair boas interpretações do elenco.

Enfim, muitas outras adaptações cinematográficas de obras de Stephen King se saíram melhor que esta de Carpenter, que por sua vez não é um diretor ruim, muito menos memorável. É genérico!

Gênero: Suspense
Duração: 110 min.
Ano: 1983

Cinefilia 14: Haneke e seus "Funny Games"

quarta-feira, 4 de maio de 2011
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Vários diretores optaram por, ao longo de suas carreiras, refilmar seus próprios filmes, como é o caso de Alfred Hitchcock que em 1934 dirigiu "O Homem que Sabia Demais" e em 1956, 22 anos depois, o refilmou em um filme de mesmo título. Outros foram mais além, decidiram refilmar seus próprios filmes passo a passo, plano a plano de forma idêntica ao original. Esse é o caso de George Sluizer que refilmou "O Silêncio do Lago", e de Michael Haneke, que refez seu projeto intitulado "Violência Gratuita" ("Funny Games" nos títulos originais).

Em 1997, Haneke filmou, na Áustria, sua primeira versão desta análise chocante da sociedade atual, na qual dois jovens prendem uma família em sua própria casa e iniciam jogos letais onde o perdedor, obviamente, morre e o vencedor sai impune.

Dez anos depois, em 2007, Michael refilmou "Violência Gratuita", plano a plano, simplesmente recriando o mesmo filme, com uma diferença: agora ele filmava nos E.U.A, com um elenco de personalidades fílmicas um tanto conhecidas como Naomi Watts, Tim Roth e Michael Pitt.

Ambos os filmes deixam incógnitas quando acabam: O que motivou os dois jovens a serem tão brutais e praticarem este tipo de violência? Simplesmente diversão? A que nível nossa sociedade chegou? Questões bem parecidas com as levantadas por "Laranja Mecânica".

Mas porque Michael Haneke decidiu regravar seu próprio filme de maneira tão literal? Alguns dizem que foi uma tentativa de fazer um filme de apelo mais popular, para lucrar, isso explica o porquê dos atores um tanto conhecidos no elenco. Mas levando em conta que Haneke em momento algum de sua carreira fez filmes se importando em como o público vai recebê-lo, esta hipótese pode ser descartada. Porque então? Ou melhor, em uma visão macro, porque diretores decidem refilmar seus próprios filmes de forma idêntica?

Mas comparando as duas versões desta história, posso afirmar com certeza que a primeira é a melhor. É na verdade, uma obra-prima! Por utilizar atores praticamente desconhecidos, acrescentando mais veracidade, a tensão e a revolta são muito maiores do que na versão de 2007, pois não sabemos quem são as pessoas sofrendo na tela, são completos desconhecidos, já na refilmagem, sabemos quem é Naomi Watts, Tim Roth ou Michael Pitt, e isso acaba, no final das contas, exterminando grande parte da veracidade que a trama exige. Mesmo assim, este último também acaba se revelando um filme excelente!

Sou fã de Haneke, reconheço seu pensamento pessimista sobre a humanidade impregnado em seus filmes, e em "Funny Games" esta característica atinge o auge! Além do pessimismo, outra característica presente nas duas versões é a ironia, que perdura do início ao fim das projeções. Constantemente o personagem principal (o jovem que comanda o jogo) olha diretamente para o público e conversa conosco! Estes toques sutis fazem toda a diferença.

Além disso, as duas produções são tecnicamente impecáveis (como de praxe de Michael), possuem um roteiro maravilhoso, também escrito pelo diretor e uma mise en scène muito bem planejada e enquadrada pela fotografia magistral!

Se você procura um tipo de diversão que faz pensar, os dois filmes "Violência Gratuita" são um prato cheio para você!

312. Tron - O Legado

segunda-feira, 2 de maio de 2011
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(Bom)


Não gostei de "Tron - Uma Odisséia Eletrônica" e por isto não me interessei muito por esta sequência. Não fui vê-la no cinema, e agora em home-video, sem esperar nada a assisti e me surpreendi!

Neste filme, o visual está infinitamente melhor. Certo que em 1982, ano de lançamento de seu antecessor, a tecnologia disponível na época não permitia a criação de cenários e efeitos tão grandiosos como, 28 anos depois, "Tron - O Legado" nos apresenta, mas o cenário tecnológico da ficção da década de 80 é de uma preguiça mental tremenda!

Neste filme, os efeitos especiais são magníficos, a fotografia que acrescenta agilidade a trama, sem precisar optar pelo uso exagerado de handycam (nada contra a técnica, mas contra os fotógrafos que a empregam de forma errônea) também acerta ao empregar um tom azulado que perdura durante todas as cenas que se passam dentro do video game, aumentando a sensação de tecnologia e holografia, típicas de um jogo virtual. A direção de arte é extremamente criativa, intercalando entre pedras escuras (rústico) com o requinte e a luxúria dos ambientes internos.

Dando mais emoção as cenas de batalha, a trilha sonora de Daft Punk consegue contagiar e transportar o próprio espectador para dentro do jogo (no sentido conotativo da palavra, obviamente).

Todavia, "Tron - O Legado" peca por possuir uma atuação muito abaixo da média de um ator excelente, ganhador do Oscar por "Coração Valente", Jeff Bridges, que aqui não possui presença de cena nenhuma! E erra também por ser um filme frio, que em muitos momentos não transmite emoção alguma, somente nos deixa encantado com seu visual!

Aliás, um ponto positivo muito forte do filme de 1982 é ser um filme nostálgico para muitos (não me incluo neste grupo). Já esta sequência de 2010 provavelmente vai ser esquecido daqui a alguns meses, se já não foi!

A história basicamente se repete, com algumas pequenas mudanças: Desta vez o filho do criador do jogo acaba acidentalmente entrando no mesmo, a procura de seu pai. A seguir, as situações simplesmente repetem as de seu antecessor.

Filme esquecível, mas que consegue divertir e cativar o público, mesmo que somente por algumas horas!

Gênero: Ficção Científica
Duração: 126 min.
Ano: 2010