347. Tão Forte e Tão Perto

sábado, 25 de fevereiro de 2012
Postado por Selton Dutra Zen


(Bom)

Já aviso de antemão, que o pôster deste filme engana. Possuindo, em letras destacadas, os nomes de Tom Hanks e Sandra Bullock, denotando que eles serão os protagonistas, ambos acabam sendo alguns dos artistas que menos se sobressaem na trama. Não no sentido interpretativo, mas por possuírem personagens bem secundários (embora o de Hanks leve a história adiante). O que denota um truque barato de marketing, tão comum atualmente. Mas porque fiz questão de ressaltar esse fato logo nas primeiras linhas desta análise? Porque muitas pessoas classificam "Tão Forte e Tão Perto" como "o novo filme de Sandra Bullock e Tom Hanks!", e esquecem um dos atores mais merecedores de elogios no filme inteiro: Thomas Horn. Apesar de sua performance não ser muito avassaladora e verossímil, ela chama a atenção pela segurança que o menino exala, além de conseguir, tranquilamente, carregar o filme inteiro nas costas! E mais impressionante ainda, é constatar que esta é sua primeira experiência em cinema (antes havia participado de duas séries televisivas). Portanto, o posso considerar, sem dúvidas, um talento nato e muitíssimo promissor, bem como Hailee Steinfield, ano passado. Ainda que está última seja milhares de vezes melhor que Horn. 

E já que comecei esta análise comentando o elenco, vale citar a excepcional atuação de Max Von Sydow, criado por Bergman e desgarrado do cinema sueco há mais de 40 anos, ele prova que ainda continua em forma, merecedor de sua indicação a melhor ator coadjuvante esse ano, no Oscar. Está carismático e cativante, apesar de não pronunciar uma única palavra durante toda a projeção. Viola Davis, por sua vez, está excepcional como sempre. Filmes como "A Dúvida", "Histórias Cruzadas", "Confiar" e agora este aqui, só comprovam que Davis é uma das melhores atrizes em atividade. Em contrapartida, Tom Hanks desempenha bem seu papel, porém, de forma nada marcante. E, finalizando o elenco adulto, Sandra Bullock decepciona bastante. Estava crente que seu excelente desempenho em "Um Sonho Possível" se repetiria aqui, o que, obviamente, não aconteceu. O grande problema de sua atuação não reside nas cenas mais amenas e "normais" (por falta de palavra melhor), mas sim nos momentos em que ela precisa se destacar. Portanto, quando Bullock precisa dar o máximo de si, ela se acovarda e desempenha um papel bem medíocre. Uma pena, já que realmente acreditava que a atriz finalmente tinha conseguido evoluir de sua zona de conforto (fraca, porém carismática) a um novo patamar, o de ótima atriz. Estava errado.

Uma outra surpresa que tive, além de Thomas Horn, foi o roteiro. Aborda, simplória, porém eficientemente, a trajetória de um garoto que, após perder seu pai no atentado de 11 de setembro, descobre uma chave - supostamente deixada por seu falecido progenitor - e sai a procura da fechadura que ela abriria. Posteriormente, ele recebe a ajuda de um misterioso homem mudo, com o qual inicia uma forte relação de amizade. O roteiro, como já redigi acima, é simples, porém eficaz. Constrói, com muito zelo, o caráter e as características do protagonista mirim, ao passo que evolui a história de forma bem fluída. Não que seja perfeito, pois possui alguns erros esporádicos, mas, sem pestanejar, é o melhor elemento do filme. 

A direção do competente Stephen Daldry , realizador do excelente "O Leitor" e do genial "As Horas", transpõe esse ótimo roteiro com bastante precisão à tela. Contudo, erra em algo bem desconcertante. Tenta, inúmeras vezes, transformar este filme em um drama/comédia, não conseguindo conciliar de forma adequada os dois gêneros, resultando em algumas passagens muito errôneas. Além disso, Daldry ainda opta, incansavelmente, por flashbacks (algumas vezes, gratuitos), se apoiando neles para levar a narrativa adiante. 

Assim, "Tão Forte e Tão Perto" se revelou uma surpresa positiva para mim. Embora não seja merecedor da indicação a melhor filme, este longa não deixa a desejar, em um parâmetro geral. Agora, uma coisa é fato: Daldry já teve dias melhores, de maior competência e inspiração. 

Ah, e fazendo um breve adendo antes de encerrar este meu texto: muitos criticaram o personagem do garoto o taxando de insuportável. Ironicamente, eu considero o oposto. Sua persona muito me agradou!

Gênero: Drama
Duração: 129 min.
Ano: 2011

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