341. Os Descendentes

domingo, 12 de fevereiro de 2012
Postado por Selton Dutra Zen


(Mediano)

"Os Descendentes", mais novo trabalho de Alexander Payne (do excelente "Sideways" e do regular "As Confissões de Schmidt"), é um longa tão insípido, tão mediano e tão esquecível, que mal tenho inspiração para redigir alguns parágrafos dissertando-o. Portanto, perdoem-me se este texto não for tão elucidativo quanto o costumeiro.

Para início de conversa, a história se passa no Havaí, onde um milionário (George Clooney) deve aprender a lidar com suas filhas, enquanto sua esposa, vítima de um acidente, permanece em um coma irreversível. O que se segue, então, é um festival de desventuras que assolam o protagonista. E é justamente neste ponto que reside o principal problema do filme: a excessiva leveza que anula qualquer sensação que o roteiro tente manifestar no espectador. Assim, somos incapazes de tomar as dores do personagem central, bem como nos interessarmos pela trama. Payne, com sua fraca e covarde direção, parece amenizar a dor das personagens, como se dissesse: "A mulher dele vai morrer, suas filhas são problemáticas e, ainda por cima, foi enganado por um bom tempo, mas, tubo bem! Ele está no Havaí!". Não, não está tudo bem e nada é tão florido quanto parece!

As personagens, por sua vez, fazem jus à direção. São fracas, sem-sal e levadas à tela por artistas em performances nada marcantes. Clooney, apesar de desempenhar muito bem seu papel (como de praxe deste ótimo ator), não merecia uma indicação ao Oscar na categoria em que foi nomeado, pois, apesar de alguns picos positivos em seu desempenho, sua atuação é normal demais. Porém, quem se destaca mesmo (pelo menos para mim o foi) é a atriz mirim que concede vida a filha de 17 anos do magnata, linda e talentosa.

E, por falar em Oscar, anualmente a Academia indica como um dos melhores do ano, filmes desmerecedores de tal lisonjeio. "Os Descendentes" se enquadra perfeitamente nesta regra. Não que seja ruim, mas é uma daquelas produções onde sentamos na poltrona e simplesmente vemos as imagens que passam na tela, não sentimos nada nem nos importamos com o que assistimos. Um daqueles filmes que, depois de um tempo, nem lembramos mais seu final. Ou melhor, lembramos sim, já que é algo tão clichê, preguiçoso e semelhante a tantas outras obras cinematográficas incutidas em nossa mente. E o mais estranho é que Payne, há alguns anos atrás, dirigiu "Sideways", um filme com um argumento semelhante (tragédias tratadas com clima descontraído) de forma excepcional. Pena que o acerto não tenha se repetido aqui.

Gênero: Drama
Duração: 115 min.
Ano: 2011

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