325. Apollo 18

terça-feira, 6 de setembro de 2011
Postado por Selton Dutra Zen

(Mediano)

O principal mérito que espera-se de uma produção que adota a técnica handycam (ou mockumentary, como preferirem) é ser real. Transpirar verossimilhança. E é justamente neste ponto que "Apollo 18" fracassa, por ser um filme irreal, insípido e imaturo.

Irreal por em nenhum momento levar o espectador a acreditar em tudo aquilo que é apresentado na tela, ou mesmo sugar o público para dentro da trama. Isto se dá devido a uma edição fraquíssima, que se utiliza de exagerados cortes bruscos, cansativas deformações de imagem e principalmente, manipula o som ambiente de forma que este cause um desconforto imenso a quem o está assistindo. Esta trilha sonora, de certa forma diegética, ao invés de acrescentar mais emoção, acaba irritando e distanciando "Apollo 18" da crueza que pretendia alcançar.

O próprio roteiro que, concebido a partir de supostas gravações confidenciais da NASA, onde alienígenas teriam sido detectados na superfície lunar, se revela raso e pouquíssimo impactante. O enredo é explorado de forma ineficiente e pedestre, o que dificulta ainda mais acreditarmos, ou mesmo tomarmos as dores dos personagens. E o que dizer destes personagens? São mais vazios e desinteressantes que as próprias criaturas alienígenas, que por sua vez, são de uma falta de criatividade e preguiça mental imensuráveis! E, não obstante, o roteiro necessita apelar para sustos baratos e deslocados, tentando assustar o espectador a todo custo, mas fracassando em todas as tentativas.

Esta falta de realidade, além de exterminar o objetivo da técnica em si, ainda torna esta obra insípida! Todo o filme, mais especificamente em seu final, carece de emoção, seja ela tensão, choque ou até mesmo adrenalina. "Apollo 18" preserva, durante toda a sua projeção, cara de paisagem no público pagante.

Mas este filme não é de todo ruim! Pode até soar contraditório, mas algumas de suas cenas funcionam muito bem, como quando um dos astronautas decide explorar uma cratera da lua em busca de pistas sobre algo suspeito que encontraram na superfície da mesma, e para isto, ele utiliza um emissor de flashs para iluminar seu caminho, ou até mesmo quando o outro astronauta filma seu amigo dormindo na nave. Pena que essas cenas boas sejam minoria.

E, como disse no primeiro parágrafo, "Apollo 18" é imaturo. Imaturo por soar como um mero exercício de estilo falho por parte do diretor, estreante. Fica claro sua falta de competência ao ministrar esta produção. A edição, já comentada acima, com seus cortes errôneos e sua horrenda trilha sonora diegética, são provas concretas disto.

Para finalizar, em nenhum momento "Apollo 18" se torna inaturável ou torturante. Consegue nos manter atentos do início ao fim, mesmo que com expressões indiferentes de nossa parte!

Gênero: Ficção Científica
Duração: 87 min.
Ano: 2011

2 comentários:

Márcio Sallem disse...

Pessoalmente, como escrevi no Cinema com Crítica, achei um filme péssimo sobre qualquer ótica, e observava muitos espectadores simplesmente entediados (algo que não acontecia com Rec ou Atividade Paranormal). Aliás, sempre desconfio quando um filme com míseros 80 minutos soe enfadonho e arrastado.

E concordo com você sobre os elementos supostamente diegéticos da narrativa, entretanto eu gosto dos recursos empregados (super 8 e 16mm, a distorção do som ambiente e o aúdio abafado, a iluminação), o problema é que foram mal utilizados.

Quanto aos flashes... convenhamos que esta vem sendo corriqueiramente usada em metade dos filmes de terror recentes (o último que vi, o uruguaio A Casa Muda, tem uma cena exatamente igual). Apollo 18 não tem só uma, mas duas. Bem!

No mais, gostei da crítica e do trabalho.

Abraços.

Selton Dutra Zen disse...

Eu discordo de você quanto ao filme ser enfadonho, como já escrevi na minha crítica, mas concordo plenamente quando você afirma que a edição possui ótimas sacadas, porém estas são usadas de forma errônea. Perfeita a sua colocação!
Quanto a comparação com "A Casa Muda" não posso opinar, pois ainda não vi este uruguaio.
Obrigado pelo elogio!
Abraços!