Cinefilia 13: Trash: Pink Flamingos

segunda-feira, 11 de abril de 2011
Postado por Selton Dutra Zen


Obs: Este post contém spoilers!

Sempre fui adepto ao gênero trash. Então, unindo o útil ao agradável, resolvi que além de comentar assuntos diversos relacionados a cinema e analisar filmes clássicos, também irei conceder um espaço para o exploitation, que afinal, é um gênero muito particular e de certo modo, pouco comentado, mas que merece muito mais atenção do que possui. Então, para começar, nada melhor do que analisar "Pink Flamingos", um dos maiores exemplos de trash da história do cinema.

Antes, uma rápida pincelada na história: Divine é um travesti que orgulhosamente possui o título de "pessoa mais asquerosa do mundo". Ela vive em um trailer com sua mãe obesa (que vive em um berço), seu filho e uma garota. Um dia, um casal decide tirar o título de Divine, praticando atos extremamente anti-éticos e morais, como Divine vinha feito ao longo de vários anos. Começa então um duelo que resulta em um festival de cenas bizarras, nojentas, apelativas e violentas.

Estas cenas envolvem desde nudez constante, sexo explícito (entre mãe e filho), estupro, zoofilia, tiros e canibalismo, até cenas extremamente nojentas e repulsivas como Divine comendo as fezes de um cachorro, lambendo vômito e recebendo fezes de presente, e ainda, por outra pessoa, uma flexão anal. Como disse, "Pink Flamingos" é um filme um tanto peculiar!

Por ser de baixíssimo orçamento, John Waters dirige, escreve, produz e fotografa o filme. Waters realizou dois extremos cinematográficos: um trash repulsivo e icônico e uma comédia romântica adolescente denominada "Cry Baby", com Johnny Depp.

Nem preciso dizer que Waters realiza seu trabalho tão mal que resulta em um filme repleto de diálogos tolos e um roteiro falho, basta reparar na parte em que um dos vilões tem seu pênis cortado pelas suas prisioneiras, e minutos depois, quando a outra vilã se depara com a imagem de seu comparsa sem pênis, todo ensanguentado, grita: "Elas o castraram. Arrancaram seu pênis fora!", como se ninguém tivesse percebido isto. O roteiro ainda reserva tentativas falhas de criar frases de efeito e muitos palavrões soltos entre as palavras. Tudo isto pontuado por um elenco onde todas as interpretações são absurdamente ruins! Tão ruins que chegam a ser engraçadas, o que serve muito bem ao trash, cujo um dos seus lemas é ser tão ruim, a ponto de divertir!



Cômica também é a parte técnica! John Waters prova que não tem noção nenhuma de filmagem! Constantemente ele aplica zoons (in e out) deliberadamente, tem dificuldade de enquadrar os personagens e de manter a câmera estática ou no mínimo parada o suficiente para que possamos acompanhar o que se passa na cena. Ainda por cima, a qualidade de imagem é bem precária, que associada a uma edição ridícula, que algumas vezes sobrepõe diálogos e insere cortes bruscos de trilha sonora, e uma mixagem de som horrenda (notem que com o decorrer do filme, a altura das falas aumentam e diminuem, conforme os atores se aproximam e se distanciam do microfone), criam um espetáculo de mau gosto!

Enfim, este filme é um manual perfeito de como se fazer um trash de qualidade e uma obra fundamental para qualquer admirador do cinema B.

Como a própria frase em um dos pôsters já diz, "Pink Flamingos" é "um dos mais vis, estúpidos e repulsivos filmes já feitos!", e eu concordo plenamente! Fica ao lado de "Plano 9 do Espaço Sideral", mas se Ed Wood realmente acreditava que estava fazendo um bom filme, aqui John Waters sabe e assume que seu filme é uma verdadeira porcaria, e isso faz toda a diferença!


1 comentários:

Anônimo disse...

Deve ser divertido! Quero muito ver!

http://filme-do-dia.blogspot.com/