289. Irreversível

domingo, 26 de dezembro de 2010
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Sou cinéfilo há vários anos, e até hoje, poucos filmes me chocaram como "Irrversível" me chocou! É um dos filmes mais pesados e sujos que assisti até hoje (se não é o mais). O polêmico diretor Gaspar Noé nos apresenta uma história, que por si só já é angustiante e pesada de maneira completamente explicita, resultando em cenas absurdamente desconfortáveis de se assistir, de tão pesadas que são. Tudo aqui é explícito, desde o linguajar, até o sexo, homo e heterossexual, além de ser absurdamente violento. A cena em que Pierre, o amigo do personagem principal, mata um homem somente desfigurando seu rosto com um extintor de incêndios é uma das cenas mais violentas que vi nos últimos tempos! E, quando a cena mais famosa do filme chega, o estupro de Monicca Bellucci, a mesma se revela uma das cenas de estupro mais viscerais e realistas da história do cinema! Tudo isso, regido por uma direção esplêndida de Gaspar Noé, que, como de praxe, opta por sua habitual câmera tremula, numa fotografia maravilhosa, que além de conferir mais realidade ao filme, ainda trata de expressar os sentimentos e o estado de espírito dos personagens através das imagens vertiginosas. Notem que, quando os personagens estão eufóricos, a câmera treme e gira tanto, que mal conseguimos ver as imagens, já quando os personagens ficam mais calmos, a câmera para de balançar, transparecendo um ar de calma e sossego. Como o filme é apresentado de trás para frente, ele se inicia ágil e acaba muito mais calmo de como se iniciou. Compondo o elenco, temos Vicent Cassel e Monicca Bellucci, ambos fabulosos, em interpretações viscerais, que fazem de "Irreversível" um filme ainda mais realista e angustiante. Ao contrário de "Amnésia", o roteiro de "Irreversível" funcionaria muito bem em ordem narrativa normal, mas de trás para frente foi uma opção muito acertada por Gaspar Noé, pois acabou deixando a trama ainda mais angustiante, uma vez que com este método narrativo, ele acaba prendendo ainda mais nossa atenção. Mérito também do roteiro, é a criação de personagens tão profundos e uma história de vingança muito bem desenvolvida, começando de forma menos raivosa, e acabando como um massacre e uma descarga de violência em todos que cruzarem seu caminho. Em certo momento da trama, Pierre fala algo parecido para Marcus (Vicent Cassel): "Pare! Isso já não é mais humano, isso não se faz nem com animais!". Com este diálogo, você pode prever um pouco da violência que vem pela frente! Não somente a fotografia é incrível na parte técnica, mas também a edição, fabulosa, como o próprio método de contar a história exige. Acertando também em sua trilha sonora claustrofóbica e extremamente tensa, "Irreversível" é um filme para pessoas que tem coração forte, porque imagens absurdamente violentas e explícitas são constantes nesta produção de Gaspar Noé. O filme conta, de trás para frente, a história de Marcus (Cassel) e Pierre, dois amigos que entram numa jornada de vingança contra um homem chamado Solitária, por ele ter estuprado e matado Alex (Bellucci) a namorada de Marcus. A obra-prima da carreira de Gaspar Noé, o melhor filme de Monica Bellucci e o melhor filme de Vicent Cassel!


(Obra-prima)

Gênero: Drama
Duração: 94 min.
Ano: 2002

Cinefilia 08: Natal

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários


Obs: Ignorem, por favor, a imagem absolutamente clichê acima, fruto da minha falta de criatividade para com este post.

O natal está chegando (mais precisamente: é amanhã!). Esta é uma data de reunir a família, os amigos, as pessoas importantes na sua vida. Porque então, aproveitando-as reunidas, não assistir a um filme? Foi por isso que planejei uma lista de filmes para se ver neste natal. Esta lista foi dividida por gênero. Os gêneros aqui presentes são, como podem notar, mais lights, bem como os filmes, realmente para aproveitar e relaxar em clima de natal.

Dispensando mais apresentações, vamos a lista:

Comédia: "O Show de Truman" (1998): Provavelmente o mais engraçado e divertido da lista! Jim Carrey numa de suas melhores interpretações (o que é difícil de acontecer), um roteiro incrivelmente original e uma direção precisa de Peter Weir, fazem deste, o melhor filme de comédia feito até hoje!


Comédia Romântica: "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977): Mais um filme escrito, dirigido e protagonizado por Woody Allen, na década de 70, década esta, que foi considerada a metade genial da carreira de Allen. Como de praxe nesta época, Woody Allen contracena com Diane Keaton, expondo diálogos e discussões inteligentíssimas, que só um gênio, como ele consegue fazer.

Romance: "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" (2004): Basta dizer que foi escrito por Charlie Kaufman que já se pode ter uma boa noção de como é este filme. Psicodélico, esdrúxulo e diferente de muita coisa que você assistiu. Como em "O Show de Truman", Jim Carrey está em uma de suas melhores interpretações. Além disso, é dirigido por Michel Gondry, que também dirigiu outro filme escrito por Kaufman, "A Natureza Quase Humana". Como "Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças" não agrada a qualquer tipo de público, "Um Lugar Chamado Nothing Hill" (1999), com Julia Roberts e Hugh Grant, também pode ser uma boa pedida.

Drama: "Tomates Verdes e Fritos" (1991): Um dos filme mais emocionantes de 1991, com interpretações marcantes de todo o elenco, vale ressaltar a de Kathy Bates. Este é um filme para quem gosta de se emocionar com uma história de amizade que supera barreiras de idade e distância.

Aventura: "Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida" (1981): Qualquer filme da série Indiana Jones, de Spielberg, é uma boa opção para este natal. Optei por colocar o primeiro exemplar por ser a origem da série, que mais tarde resultaria em 4 filmes. Harrison Ford interpreta um dos mais carismáticos professores da história do cinema!

É isso, escolha um, dois, três... ou até todos os filmes para assistir neste natal com as pessoas que você ama.

Feliz natal a todos!

288. A Rede Social

terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Postado por Selton Dutra Zen 1 comentários

2010 foi um ano que rendeu muitos filmes nerds. Tivemos "Kick Ass - Quebrando tudo", "Scott Pilgrim Contra o Mundo", e agora, "A Rede Social". Não assisti "Scott Pilgrim Contra o Mundo", mas comparado a "Kick Ass", "A Rede Social" se sai muito melhor, e levando em conta que o filme do herói sem poderes é muito bom, "A Rede Social" é excelente! Só não chega a ser uma obra-prima por alguns pecadilhos, que praticamente se escondem por trás dos outros muitos méritos do filme. Este mais novo filme de David Fincher tem ritmo. Ritmo este, que é proporcionado por uma série de elementos que, numa perfeita sincronia, se encaixam no filme de maneira brilhante e entusiasmante. Diálogos afinados, que chegam a lembrar Quentin Tarantino, vide a cena inicial, onde Jesse Eisenberg e sua namorada discutem, criando uma das melhores cenas da carreira de Fincher e de Eisenberg, que lembra muito as cenas iniciais de "Pulp Fiction - Tempos de Violência" e "Cães de Aluguel", ambos de Tarantino. Mérito do roteiro que, muito bem amarrado, proporciona agilidade e interesse descomunal em uma história que em mãos erradas poderia se tornar cansativa e desinteressante. Dono de uma filmografia invejável, David Fincher cria mais um trabalho incrível que, para mim, se equipara a "Clube da Luta", embora fique abaixo de "O Curioso Caso de Beijamim Button" e "Seven - Os Sete Crimes Capitais", e acima de todo o resto da filmografia do diretor, que conta ainda com ótimos exemplares, como "Alien 3" e "O Quarto do Pânico", e o péssimo "Zodíaco". No elenco, Jesse Eisenberg protagoniza a melhor interpretação de sua carreira, no segundo melhor filme em que atuou (o 1º é a obra-prima "Zumbilândia"). E Justin Timberlake, que não está nada mal, não deixando muito a desejar. Possuindo uma edição soberba e uma trilha sonora contagiante, "A Rede Social" possui fortes chances de ser indicado a inúmeras categorias do Oscar 2011, incluindo melhor filme, merecidamente. Apesar de não dar 5 estrelas para este filme, o recomendo a todos, porque é excelente! "A Rede Social" conta a história de Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), o criador do mais famoso site de relacionamentos, o Facebook.


(Excelente)

Gênero: Drama
Duração: 120 min.
Ano: 2010

287. Possessão

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Postado por Selton Dutra Zen 1 comentários

Confesso que o único e exclusivo motivo pelo qual eu assisti "Possessão" foi pela curiosidade de saber como era o tal monstro tentacular prometido nas sinopses que lia sobre este filme. E devo dizer que é um dos monstros mais sem graça que vi nos últimos tempos (sim, somente este ano assisti a este filme). Dirigido por Andrzej Zulawski (ganha um doce quem conseguir ler este nome), "Possessão" conta com um roteiro absolutamente perturbador. Cheio de metáforas, muitos podem até descriminá-lo pelo fato de constantemente vermos os atores sendo expostos ao extremo em interpretações macabras, que confesso, chegaram de certo modo a me incomodarem, mas analisando pelo lado positivo, proporcionaram grandes interpretações de um elenco composto por duas pessoas tão talentosas, que nas cenas em que contracenam e atuam, nos causam um desconforto inexplicável, e levando em conta que eles interpretam os personagens principais, o desconforto se mantém, do início ao fim da projeção. São eles: Sam Neill, em início de carreira, que mais tarde será chamado por Steven Spielberg para interpretar seu personagem mais famoso, o Dr. Alan Grant, no primeiro e no terceiro filme da série "Jurrasic Park". Mas é Isabelle Adjani que se sobressai até mesmo a Neill. E se Neill possui uma ótima atuação, Adjani nos deixa de queixo caído toda vez que entra em cena. Este é o primeiro e único filme que eu assisti, em que ela atuou, mas já foi suficiente para virar fã da mesma. Ela constrói uma personagem tão complexa e intrigante, que é difícil até descrever em palavras. Adjani equilibra entre momentos extremamente tensos, variando, em questão de segundos, para momentos de riso (por parte dela, não do espectador), revelando um conflito psicológico tão extremo que chega a arrepiar! Vale ressaltar a cena em que ela fica possuída no túnel do metrô. Este é o ápice do filme para mim. Esta é uma cena tão perturbadora que mal conseguimos ficar vendo! Na verdade, os personagens e os seus respectivos atores sendo expostos ao extremo é uma constante em "Possessão". Mas, em contrapartida a estes pontos positivos, proporcionados, não só pelo roteiro, mas também pela direção de Zulawski, e pelas atuações de Neill e Adjani, o roteiro peca por começar objetivo, direto, mas, com o decorrer dos minutos, vai se tornando cansativo e arrastado. O corte de uns 10 minutos de filmes cairia muito bem. Além disso, faltou a "Possessão", ser mais ousado, mais polêmico. Cenas que poderiam provocar um grande impacto no público (como a cena de sexo entre o monstro e Isabelle), acabam não chocando como deveriam. Uma exceção ao que acabei de dizer é a cena da possessão no túnel do metrô. Talvez com 10 minutos a menos, e cenas mais chocantes, mais explícitas, "Possessão" se sairia muito melhor. Aqui, Sam Neill interpreta um homem, que decide investigar com quem sua mulher o está traindo, e descobre que a mesma mantém relações amorosas e sexuais com um monstro.


(Mediano)

Gênero: Suspense
Duração: 123 min.
Ano: 1981

286. Machete

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
Postado por Selton Dutra Zen 2 comentários

Adoro filmes trash. Adoro também quando a dobradinha Tarantino e Rodriguez homenageiam esse gênero e, consequentemente, nos presenteiam com filmes absolutamente divertidos, vide "À Prova de Morte" e "Planeta Terror". Mas parece que ainda não satisfeito, Robert Rodriguez lança um outro filme trash, baseado em um trailer falso, que constava em "Grindhouse" (a junção dos projetos de Tarantino e Rodriguez, citados acima), chamado "Machete". E se torna um bom filme, embora eu esperasse muito mais dele. Muitos criticam o filme, devido ao fato de Rodriguez estar se repetindo muito nessa sua mais nova produção. E, devo confessar que isto não me incomodou em momento algum da projeção. Somente duas coisas me incomodaram neste filme. O fato de Robert Rodriguez ter criado um personagem (Machete) que mais parece James Bond, em vez de um imigrante ilegal, e a fotografia que, como comentei em minha crítica sobre "À Prova de Morte", decai por começar em tom envelhecido e depois simplesmente o abandonar no decorrer da produção. Mas se em "À Prova de Morte" isto era mais sutil, aqui em "Machete" a mudança é muito mais abrupta. Todavia, se a fotografia é errônea ao mudar do tom envelhecido ao atual, ela acerta em adquirir uma cor amarelada, que, esta sim, dura o filme inteiro, o que permite nos familiarizarmos melhor com o local onde se passa a trama, que no caso é o Texas. O elenco conta com Danny Trejo, no papel principal, interpretando Machete, que aliás, foi uma boa escolha, por ter o estereótipo perfeito para esse personagem. Vemos também Steven Seagal, com sua interpretação estilo "boneco de massinha", cai perfeitamente bem neste filme, simplesmente pelo fato de ser trash, tanto o filme, quanto o ator (embora Seagal não pretenda ser trash). E, para fechar a parte masculina, Robert De Niro está mediano. O lado feminino da produção conta com Jessica Alba e Michelle Rodriguez, exibindo seus corpos esculturais, e Lindsay Lohan, que neste filme, possui aparência e trejeitos de uma prostituta, embora não tenha sido esta a intenção. Em geral, "Machete" é um filme divertido, que conta a história de um imigrante ilegal mexicano (Machete), que se envolve em uma trama, entre um senador, assassinos, e mulheres.


(Bom)

Gênero: Ação
Duração: 104 min.
Ano: 2010