(Mediano)
Atualmente, a pedofilia na internet movimenta milhões de dólares no mundo todo e, só no Brasil, estima-se que cerca de mil sites de pornografia infantil são criados por mês. E de certa forma, este é um assunto deixado um pouco de lado nas novas produções cinematográficas que vêm surgindo, ou até mesmo em toda a história do cinema. Raramente indico filmes fracos, mas "Confiar" é uma produção mediana, porém aborda este tema pertinente de forma notável, e por isso vale ser conferido.
Mas o que mais me surpreendeu foi a sensibilidade, a delicadeza e o cuidado com que o assunto referido acima foi tratado. E mais surpreendente ainda é notarmos que a produção se foca mais nas consequências da pedofilia, do que no próprio ato. Consequências estas, não físicas, porém psicológicas, capazes de arruinar a vida de uma garota e de seus pais! A trama aborda uma garota insegura (Annie) que, ao conhecer um rapaz pela internet (Charlie) decide marcar um encontro com o mesmo. Mas chegada a hora, ela percebe que Charlie na verdade é um pedófilo, que acaba por estuprá-la. E as consequências deste ato já citei acima.
Todavia, é este mesmo roteiro, que aplaudi pelo excelente modo de abordagem do tema, que possui um erro irritante: ele retrata os adolescentes de forma completamente estereotipada! As suas ações, seus trejeitos, suas maneiras de falar são clichês e desconfortantes.
Por outro lado, as atuações dos pais da vítima, Catherine Kenner e Clive Owen, são fantásticas, principalmente a deste último, onde nota-se uma completa evolução e lapidamento de um talento escondido, que começara a emergir somente em 2005, em "Closer - Perto Demais". E esta merece configurar entre suas três melhores performances. Porém, Liana Liberato, que dá vida a Annie, possui um desempenho controverso. Nos momentos de maior tensão e drama, Liberato se sai muito bem, e consegue inclusive arrepiar o espectador! Em contrapartida, nos momentos mais "suaves" do filme, tive a impressão de um certo relaxamento por parte da atriz, tornando sua interpretação vaga e superficial. Talvez isto seja somente uma impressão minha, mas de uma coisa tenho certeza: Liana Liberato possui uma carreira muito promissora pela frente!
O âmbito técnico é normal, eficaz, porém nada que mereça muito destaque nesta crítica.
E, para finalizar, a direção de David Shwimmer é esquecível e um tanto deslocada, como seu personagem na série "Friends".
Como disse anteriormente, é um filme regular, porém necessário e ouso até dizer que didático. Merece ser assistido por todos os pais, filhos e avós. Acima de um drama, é um filme feito para conscientizar o público, quebrar o tabu acerca deste assunto.
Gênero: Drama
Duração: 104 min.
Ano: 2010