355. Madagascar 3 - Os Procurados

quarta-feira, 27 de junho de 2012
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários


(Ruim)

Dreamworks e suas tentativas fracassadas de emular Disney/Pixar já saturaram. A cada novo filme que a produtora lança nos cinemas, isto fica mais evidente. Porém, em nenhum outro momento no histórico da empresa, a cópia dos exemplares da maior fabricante de filmes animados do mundo foi tão descarado. E, como não poderia deixar de ser, com tantas situações pretensiosas e enganosas, o resultado de "Madagascar 3" foi bem abaixo da média. Além de ser, com anos-luz de vantagem, o pior filme da trilogia, ainda merece configurar no rol das mais fracassadas (não monetária, mas qualitativamente) obras que a Dreamworks Animation já produziu.

A trama é rasa e explorada de forma muito errada por um roteiro preguiçoso. Nela, o notório grupo de animais fugitivos decide ir à uma cidade próxima atrás dos pinguins que, mais uma vez, os enganaram. Lá chegando e se encontrando com o grupo dos trapaceiros, rapidamente eles se vêem envolvidos em uma gigante confusão em um cassino. A úncia saída para os animais não tão selvagens assim é se refugiar junto de uma trupe de circo. A partir dai, o espectador já pode imaginar toda a evolução e conclusão da trama. Isto, na verdade, nem sempre é um demérito. O problema real é quando os roteiristas dessa bomba abrem mão de qualquer mínima explicação para alguns fatos chamativos da história. Você não se perguntou como os personagens chegaram à cidade - logo nos primeiros minutos de projeção? -, ou de onde surgiu o arco gigante, tecnológico e colorido da companhia de circo (sendo que o grupo dirige um trem extremamente velho e mal cuidado)?. E os erros de lógica não param por ai... como explicar que um circo em máxima decadência e com péssima reputação atraia tanta gente aos seus espetáculos e (pasmem!) se apresente no meio do Coliseu? Ou que a estrutura interna do circo seja algo de dar inveja ao Cirque du Soleil? Obviamente, ao comprar meu ingresso e entrar na sala escura, não esperava um roteiro digno de aplausos, com justificativas muito bem embasadas ou conclusões inteligentes, mas também não estava preparado para a porcaria de script ao qual fui apresentado. Uma coisa é você criar um roteiro simples e singelo a um filme animado (já que os mesmos nunca exigiram algo complexo), outra coisa, porém, é você jogar na cara das crianças qualquer besteira mal pensada, esperando que elas engulam - o que acaba menosprezando a inteligência desse público alvo. E isso me irrita profundamente!

Em contrapartida, "Madagascar 3" se apoia muito nos personagens coadjuvantes. Isso, apesar de aparentar, não é um erro. No caso deste filme, acabou soando muito positivo, uma vez que as personalidades secundárias são interessantes, pelo menos razoavelmente construídas e divertidas. Até porque, apesar de todos os deméritos gigantes deste engodo, é inegável que ele realmente divirta. Algumas cenas arrancam risadas, enquanto outras agradam de tão bizarras que são (vide o homem sendo inserido no ânus de um elefante - sim, juro que esta cena existe!). Porém, se formos analisar mais aprofundadamente a participação dos personagens, é válido citar que nem mesmo o elenco é livre de pecados. Enquanto a história se foca muito nos coadjuvantes, ela acaba deixando de lado os protagonistas que, por sua vez, deveriam levar o filme adiante. Ocorre, então, uma inversão de papéis. Quem carrega o filme nas costas é a foca, o tigre ou o suricato, enquanto Alex (o leão) e os outros três animais principais perdem o foco e se tornam dispensáveis, coisa que não acontecia nos outros dois exemplares de "Madagascar".

Contudo, até mesmo as cenas cômicas acabam incomodando e enjoando em dado momento de projeção, já que os roteiristas parecem aproveitar qualquer brecha mínima entre cenas ou diálogos para lançarem gags que muitas vezes soam artificiais e quase sempre despropositais. Algumas sequências de comédia existem apenas para criar mais uma situação engraçada que em nada contribuirá para a narrativa, o que acaba deixando tudo forçado demais. Um exemplo perfeito pode ser percebido na sequência em que a girafa aprende a dançar na corda bamba, com a ajuda da hipopótamo.

E, finalmente, o terceiro ato nos é apresentado. Pavoroso, por sinal. Parece que nesse momento, os realizadores abriram mão de qualquer resquício de lógica e dignidade que ainda restava na trama e apelaram para algo reprovável, humilhante e indolente. Acho difícil de conceber que uma pessoa consiga sair da sessão deste longa satisfeito com seu término. Provavelmente o pior encerramento que a Dreamwoks (pelo menos sua filial voltada às animações) já produziu. E até lá, um desfile de bizarrices e plágios de Disney e Pixar se dão na tela grande. Não direi que me decepcionei com essa obra, já que em nenhum momento considerei a hipótese de ser algo realmente bom. Todavia, não aguardava algo tão pedestre e insatisfatório.

P.S: O 3D funciona apenas como um divertimento à parte. Em nada acrescenta à produção, portanto, pode ser descartado. Embora não decepcione em sua realização.

Gênero: Animação
Duração: 93 min.
Ano: 2012

354. Homens de Preto 3

sábado, 2 de junho de 2012
Postado por Selton Dutra Zen 0 comentários


(Muito bom)

Em meio a tantos blockbusters fracassados sendo lançados desde 2011 até hoje, com raras exceções, havia perdido as esperanças de encontrar um filme comercial realmente relevante. Com isso, "Homens de Preto 3" acabou se revelando uma felicíssima surpresa, sendo, até agora, um dos melhores blockbusters do ano, por mesclar, de forma precisa, comédia e ação em um filme com um timig acertado e eficiente. 

Apossando-se de um argumento mais complexo do que os outros filmes da franquia e até mesmo da  irregular filmografia de Barry Sonnenfeld, "MIB 3" narra a viagem no tempo do agente J (Will Smith) para tentar salvar seu parceiro, agente K (Tommy Lee Jones), após ter sido morto por Boris - antigo vilão de K que volta no tempo para se vingar do mesmo. Uma premissa como esta facilmente poderia dar errado nas mãos de um roteirista qualquer que a transformaria em uma baboseira genérica e irracional. Felizmente, o que ocorreu foi o completo oposto. Apesar de ser escrito a duas mãos, a desenvoltura da plot e (principalmente) seu encerramento não deixam a desejar quando o assunto é originalidade, inteligência e diversão. Este mérito também deve ser atribuído à Sonnenfeld que soube muito bem aproveitar a química entre Smith e Lee Jones para criar cenas dignas de aplausos, seja pela perspicácia ou mesmo pelas excelentes piadas roteirísticas. 

E por falar em piadas, quase todas são eficazes e se demonstram extremamente louváveis por suas referências à década de 60 (para a qual o protagonista viaja) e até mesmo à década contemporânea. Algumas gags são realmente memoráveis, como a aparição de Andy Wahrol (interpretado pelo interessante Bill Hader) filmando seus filmes experimentais (o roteiro até caçoa do cineasta pela sua inventividade louca). Digno de se notar também a sátira a respeito de Lady Gaga, que surge em algumas cenas no telão de monstros a serem capturados, na sede da agência secreta. Além do mais, a trilha sonora sessentista é um show a parte e, junto dos alívios cômicos, só contribui para a ambientação da  época.

Ambientação, esta, que é sensacional. Seja na direção de arte excepcional (notem as cores destoantes do branco e as aparelhagens escandalosas e primitivas abastecidas por baterias utilizadas pelos personagens centrais), passando pelo figurino, rico em detalhes ao criar roupas hippies e apetrechos de época, até à atípica construção física dos alienígenas do passado, que remetem às ficções científicas da época retratada.

Para fechar com chave de ouro o desfile de acertos, o elenco está sintonizado e invejável. Tommy Lee Jones, prova que, mesmo após 10 anos sem interpretar K, ainda mantém a boa forma desde o último exemplar da, até então, trilogia. Josh Brolin se revela muito competente em uma  ótima performance fiel a Jones. Will Smith, porém, se ofusca atrás do brilho de Tommy e Josh, embora isso não o impeça de levar nas costas tranquilamente todas as cenas em que aparece longe dos dois. Emma Thompson, incorporando pela primeira vez o papel da agente O, chefe da organização, desempenha bem o que lhe é entregue, sem muito destaque. Há também uma participação esquecível da cantora Nicole Scherzinger, comprovando que possui apenas um corpo bonito e nada mais.

Com seus 106 minutos que passam voando, "Men in Black 3" se configura como um ótimo filme comercial que com certeza irá proporcionar uma diversão leve e inteligente para o espectador, além de servir como um pertinente complemento ao personagem de Will Smith. Não só é o melhor filme da trinca, mas também um dos melhores blockbusters do ano, até agora. Pena que muitos ainda dão preferência ao apenas regular "Os Vingadores", que continua em alta nos cinemas brasileiros e alcançou a 3ª maior bilheteria do mundo, hoje.

Gênero: Ação/Ficção Científica
Duração: 106 min.
Ano: 2012